A Bola de Ouro de Jude Bellingham não está garantida, e o astro do Real Madrid precisa provar que a merece

Bellingham começou com tudo vestindo a camisa dos Merengues, marcando três gols em seus dois primeiros jogos. Nos meses seguintes, ele marcou gols decisivos, deu assistências importantes e também incorporou rápido o espírito da equipe de Carlo Ancelotti. Ele pode ter sido uma cara nova, mas lá estava dando carrinhos, reclamando com os árbitros e gritando em espanhol depois de marcar gols.

Ele tinha ouvido os avisos de Gareth Bale sobre o erro de não se aproximar com os torcedores e sua celebração com os braços abertos era onipresente. Bellingham era o Real Madrid e todos no Santiago Bernabéu pareciam saber disso.

Por muito tempo, isso o tornou a escolha unânime para a Bola de Ouro de 2024. Não apenas Bellingham estava marcando mais gols do que qualquer outro jogador na Europa, ele também estava fazendo isso por um gigante europeu. Um jovem de 20 anos estava carregando um dos maiores clubes do mundo.

Bellingham continua sendo o principal candidato à Bola de Ouro, mas as coisas mudaram. Por um tempo, Bellingham estava no caminho para anotar 40 gols e 20 assistências e estava sendo comparado a Zinedine Zidane. Ancelotti diminuiu as expectativas, sugerindo que talvez 20 gols seria um alvo mais razoável para um jogador que - apesar de sua habilidade - ainda é muito um meia que pisa na grande área.

Ele ainda tem 30 participações em gols em 32 jogos, mas seu domínio no Pichichi (prêmio de principal artilheiro da temporada) do Campeonato Espanhol está enfraquecendo depois que Artem Dovbyk, do Girona, e Ante Budimir, do Osasuna, se juntaram a ele na briga pela artilharia com 16 gols cada.

O cartão vermelho de Bellingham contra o Valencia no início de março e a suspensão de duas partidas interromperam parte de sua campanha, assim como as lesões no ombro e no tornozelo sofridas perto do Ano Novo. Portanto, é difícil manifestar críticas à redução na produção de Bellingham.

Também vale lembrar que Bellingham tem apenas 20 anos, está na Espanha há apenas nove meses e se vê jogando em uma posição completamente nova. Ainda assim, se são os números que costumam acontecer para justificar a conquista da Bola de Ouro, então os dele estão ficando um pouco abaixo.

Aos olhos dos votantes do prêmio, pelo menos, os jogos que estão por vir são importantes. A história recente mostrou que a Bola de Ouro é praticamente garantida neste período - mas também pode ser perdida ali. Apesar de toda a conversa de que a avaliação deveria ser baseada no sucesso ao longo do ano, é impossível ignorar o fato de que aqueles que votam parecem ter memórias curtas e usam o que acontece no fim das temporadas, assim como nos amistosos de pré-temporada, para tomar suas decisões.

A campanha de Benzema em 2022, por exemplo, foi construída a partir de desempenhos na Liga dos Campeões em que ele sozinho conduziu o Real para várias vitórias memoráveis. Luka Modric, em 2018, fez em grande parte o mesmo, sua liderança no meio-campo e as subsequentes performances na Copa do Mundo pela Croácia lhe renderam o prêmio. Até mesmo o duopólio de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, no fim das contas, se resumiu a quem teve um desempenho mais eficaz em abril e maio, quando os títulos são decididos.

O mesmo acontecerá com Bellingham, cujas credenciais, sem dúvida - justa ou injustamente - serão determinadas pelos resultados dos próximos meses.

A campanha de Bellingham para a Bola de Ouro, então, começa nesta semana com a ida do Manchester City ao Santiago Bernabéu. A equipe de Pep Guardiola não é exatamente o mesmo time que venceu a Tríplice Coroa na temporada passada, mas estão chegando perto. Erling Haaland e Kevin De Bruyne continuam sendo nomes de elite, enquanto Phil Foden faz a melhor temporada de sua carreira. Acrescente a isso a excelência habitual de Rodri e a classe de Bernardo Silva e os Citizens são favoritos para vencer a Liga dos Campeões novamente.

Bellingham não estará sozinho em seus esforços para derrubar o City nas quartas de final, já que o Real Madrid tem armas em todo os setores e uma espinha dorsal forte que será capaz de competir com os atuais campeões da Premier League. Mas nos jogos mais importantes, a ousadia nas estratégia e os jogadores são coisas que fazem a diferença, e para os Merengues, isso precisa ser Bellingham.

Ele já mostrou que é capaz de apresentar várias atuações marcantes, mas realizar uma exibição que decide o confronto nesta fase da Liga dos Campeões, contra a equipe que muitos acreditam que levantará o troféu no Wembley em junho, pode ser o suficiente para restaurar sua reivindicação exclusiva ao maior prêmio individual do futebol.

Felizmente para Bellingham, este é um ano de Eurocopa e a Inglaterra é atualmente a favorita para vencer o torneio. Na verdade, apenas a França pode ostentar um time tão equilibrado ou talentoso no ataque quanto a seleção comandada por Gareth Southgate.

Torneios assim, é claro, são bastante imprevisíveis. A história do futebol da Inglaterra, por sua vez, é definida por seus fracassos gloriosos - e às vezes menos gloriosos. Entretanto, Bellingham pode fazer a diferença, e potencialmente elevar a seleção inglesa à sua maior conquista desde 1966.

“Sua mentalidade é incrível,” disse Gareth Southgate sobre Bellingham em novembro. “Para alguém da idade dele mostrar tanta maturidade e inteligência é incrível. Temos sorte de tê-lo. Ele tem sido o catalisador - a maneira como se porta e joga em campo mostra isso e ele tem isso desde que chegou.”

Southgate tem uma variedade de opções para escolher, e provavelmente terá um ataque com Harry Kane, Foden e Bukayo Saka, mas é Bellingham quem tem mais chances de levar a Inglaterra à vitória. Se ele encerrar quase 60 anos de espera, então até mesmo uma segunda metade da temporada mais devagar pode não ser suficiente para impedi-lo de conquistar a Bola de Ouro. Mas, se perder tanto a Liga dos Campeões quanto a Eurocopa, outros candidatos ainda podem se colocar em posição de destaque.

Embora Bellingham continue sendo o esmagador favorito para a Bola de Ouro, há muitos que sentirão que ainda têm uma chance genuína de desafiá-lo pelo prêmio. Certamente, o City possui vários potenciais candidatos - Foden, Haaland e Rodri, para citar três - cujas chances seriam consideravelmente aumentadas se conseguissem eliminar Bellingham e o Real Madrid da Champions nos próximos oito dias.

Dos três, Foden e Rodri também serão peças-chave para suas seleções na Euro 2024, mas Haaland estará assistindo da TV após o fracasso da Noruega em se classificar. Com seus números de gols abaixo da temporada passada, também, sua espera pela Bola de Ouro pode se estender até 2025.

Em outro lugar, Kylian Mbappé figura como o principal oponente de Bellingham. O atacante do Paris Saint-Germain está se aproximando dos 50 gols na temporada entre clube e seleção, com o time francês a caminho de conquistar uma dobradinha doméstica. Eles também estão no lado da chave "mais fácil" do sorteio da Liga dos Campeões, e com a expectativa de que a França vá longe na Eurocopa também, existe a possibilidade de que mesmo que Bellingham não vença, o detentor da Bola de Ouro ainda esteja jogando pelo Real na próxima temporada na forma de Mbappé.

Enquanto isso, a dupla do Arsenal e da seleção inglesa, Bukayo Saka e Declan Rice, teoricamente têm chance de vencer a Premier League, a Liga dos Campeões e a Eurocopa, enquanto existe a possibilidade de que tanto Harry Kane quanto Antoine Griezmann cheguem à final da Liga dos Campeões e façam uma grande Euro. Até mesmo uma vitória na Copa América para a Argentina poderia colocar Messi na disputa pelo nono prêmio.

A Bola de Ouro de 2024 não está garantida para Bellingham. Apesar de tudo o que ele já fez nesta temporada, a briga pelo maior prêmio individual do futebol está apenas começando de verdade.