Atlético de Madrid com obrigação de ser campeão espanhol? Diego Simeone fica entre a cruz e a espada

Após perder por 1 a 4 para o Osasuna na penúltima jornada da LaLiga 2023/24, Diego Simeone expressou que estava "muito contente com a temporada que os jogadores tiveram", e acrescentou: "Estivemos perto de jogar uma final da Copa do Rei, estivemos perto de jogar uma semifinal da Liga dos Campeões. Como mandante, fizemos uma das melhores performances do Atlético de Madrid na liga."

As perspectivas podem variar, já que o Atleti saiu da disputa pelo título de LaLiga muito rápido, perdeu o seu terceiro lugar característico, foi eliminado nas semifinais da Copa do Rei, depois de ter eliminado o Real Madrid, e alcançou às quartas de final da Liga dos Campeões, sendo eliminado pelo Borussia Dortmund em uma série onde teve várias oportunidades de decidir a classificação.

No aspecto futebolístico, deficiências se tornaram evidentes, especialmente em uma área onde o treinador argentino busca perfeição: o sistema defensivo. Este é necessariamente coletivo e não teve um bom funcionamento. De qualquer forma, os problemas da linha defensiva ficaram expostos em nomes, com erros técnicos e conceituais. Ali, o Atleti sofreu muito.

Segundo o Cholo, como expressou na coletiva antes do duelo contra a Real Sociedad, pelo último jogo da temporada passada: "Cumprimos o objetivo que precisávamos cumprir. Poderíamos ter dado mais, mas não fomos capazes nos momentos cruciais de dar o passo para ganhar algo. Ficamos com essa sensação dividida: alguns dizem ruim, outros regular e outros boa. Por que se divide? Porque estivemos perto, levamos todos a pensar e a se iludir porque fizemos méritos, mas quando precisávamos dar esse passo não conseguimos. Então fica essa dualidade."

"É preciso saber de onde viemos. É preciso saber qual é o nosso objetivo: entrar na Liga dos Campeões todos os anos, porque temos um orçamento para entrar todos os anos. Você pode sair campeão? Sim, quando o Real Madrid - que é o melhor time do mundo e continuará sendo porque rejuveneceu seu elenco - (...) Vai ser difícil. Um quer sair campeão porque já o fez, mas não é fácil."

Para esta temporada, o Atlético de Madrid realizou um dos mercados mais promissores da Europa. Investiu €200 milhões de euros em Julián Álvarez (quase €100 milhões de euros), Conor Gallagher (€40 milhões de euros), Robin Le Normand (€34 milhões de euros) e Alexander Sorloth (€30 milhões de euros).

As saídas também foram numerosas: João Félix para o Chelsea (€50 milhões de euros), Álvaro Morata para o AC Milan (€13 milhões de euros), Çağlar Söyüncü para o Fenerbahçe (€8 milhões de euros), Stefan Savic livre para o Trabzonspor, Gabriel Paulista livre para o Besiktas, Saúl Ñíguez emprestado ao Sevilla, Carlos Martín emprestado ao Alavés, Mario Hermoso e Memphis Depay, por enquanto, sem equipe, e aguardando o que acontecerá com Samu Omorodion.

O conjunto colchonero cobriu posições de grande importância, onde precisava de um salto de qualidade para melhorar competitivamente. A chegada de Le Normand fortalece o ponto mais fraco do elenco, com um zagueiro central que tem experiência na liga após boas temporadas na Real Sociedad; o ataque foi quase totalmente reformulado com as saídas de Morata e Depay e a chegada de Álvarez e Sorloth, um atacante do campeão da Inglaterra e um dos artilheiros da última LaLiga no Villarreal, com qualidades distintas e complementares. Além disso, o meio-campista Conor Gallagher tem um estilo muito adequado para o jogo de Simeone.

Nos últimos vinte anos, o Atlético de Madrid conquistou dois títulos de liga e dois vices, enquanto o restante foi dividido entre o Real Madrid e o Barcelona.

Desde a chegada de Diego Simeone, o time sempre se sentiu confortável na terceira posição, sendo uma equipe que precisa fortalecer esse espaço e, se houver a possibilidade devido a uma baixa dos dois gigantes, lutar por algo mais. Mas esse algo mais seria um prêmio extra.

Para esta temporada, Simeone foi claro e manteve a mesma meta de sempre: "Aspiramos a continuar competindo jogo a jogo. O Barcelona continua tendo uma equipe muito importante, o Real Madrid continua crescendo com jogadores fenomenais. Nós temos que pensar em nós mesmos. Além disso, o Bilbao está crescendo, a Real Sociedad está crescendo, o Villarreal certamente competirá..."

Embora na última temporada o Atleti tenha sido a única equipe a fazer o Real Madrid perder pontos em ambos os turnos, o Cholo tem claro que os de Ancelotti e, agora, Mbappé são os melhores. Assim ele diz: "A princípio, o Real Madrid parte como o melhor time da temporada. Terá que provar isso com todos os jogadores maravilhosos que tem, e todos os demais estaremos atrás para competir contra o time que, parece, é um dos melhores."

Na temporada passada, houve uma equipe que agitou o mundo do futebol espanhol: o Girona. Os comandados de Míchel disputaram LaLiga de igual para igual até a jornada 24, quando foram derrotados por 4 a 0, no Santiago Bernabéu, e o Real Madrid abriu cinco pontos de vantagem na corrida pelo título.

No entanto, o Girona demonstrou que com os recursos certos em sua equipe era possível enfrentar de igual para igual os grandes do país. O time catalão fez um torneio acima das suas possibilidades e estabeleceu um precedente interessante para esta temporada, mostrando que os clubes podem ter esperança de competir mesmo quando as probabilidades parecem pequenas.

De fato, o Girona tirou o Atlético de Madrid do pódio da liga pela primeira vez desde que Diego Simeone assumiu o comando.

O Atlético de Madrid não é obrigado a ganhar LaLiga 2024/25. É uma maratona em que compete com o melhor time do mundo e com outro candidato blaugrana que busca voltar ao topo.

No entanto, o Atlético deve recuperar seu característico terceiro lugar, quase de forma obrigatória, e fazer os méritos necessários para lutar pelo campeonato se o Real Madrid não se mostrar firme.

Por outro lado, tanto a Copa do Rei quanto a Liga dos Campeões são vistas com bons olhos para sonhar com um título. O formato explosivo e de eliminações diretas, onde as emoções são importantes, jogou uma má passada no último ano e a esperança é que suas novas contratações proporcionem aquele salto de qualidade para controlar a incerteza.

O que seria intolerável é não ver melhorias no sistema defensivo, não encontrar um Atlético de Madrid que se imponha à maioria de seus rivais e que consiga competir com os gigantes, de alguma forma. Diego Simeone tem um longo ano pela frente.