Alisson pode ser o maior goleiro da história do Liverpool, mas os Reds estão certos em preparar seu sucessor

O Liverpool anunciou apenas dois reforços na última janela, e nenhuma delas era esperada.

O movimento de £10 milhões pelo astro da Euro 2020, Federico Chiesa, da Juventus, foi uma aposta de baixíssimo risco, boa demais para ser ignorada – mesmo levando em consideração os problemas de lesão do italiano. O Liverpool não estava exatamente carente de opções nas pontas, mas parecia, ao menos, o tipo de oportunidade de mercado que Richard Hughes mencionou logo após sua chegada do Bournemouth no fim da última temporada.

No entanto, a aquisição de £25 milhões de Giorgio Mamardashvili, do Valencia, causou muito mais surpresa.

Mamardashvili foi excepcional na Euro 2024, desempenhando um papel fundamental na surpreendente campanha da Geórgia até as oitavas de final, mas, com Alisson e Caoimhin Kelleher, o Liverpool já possuía, respectivamente, o que muitos consideram o melhor goleiro titular e o melhor reserva do mundo.

Não parecia que a contratação de um arqueiro deveria ser uma prioridade para Hughes e sua equipe – especialmente em um momento em que os torcedores do Liverpool ainda estavam se acostumando com o fato de que o clube, mais uma vez, não havia conseguido contratar um grande nome para a posição de volante ou um zagueiro canhoto.

Além disso, havia o fato de que Mamardashvili só chegaria ao clube no meio de 2025, o que, na prática, significava manter Kelleher em Anfield contra sua vontade por mais uma temporada.

Kelleher, que tem servido tão bem ao Liverpool como reserva de Alisson e se tornado uma espécie de lenda da Copa da Liga Inglesa, estava compreensivelmente revoltado pelo fato de que os Reds rejeitaram todas as propostas por ele durante a última janela, ao mesmo tempo em que confirmaram efetivamente que o irlandês não se tornará o próximo goleiro titular do clube.

"Deixei claro nos últimos anos que quero ser o camisa 1 e jogar toda semana," Kelleher disse a repórteres em Dublin em setembro. "O clube tomou a decisão de contratar outro goleiro. Do lado de fora, parece que eles decidiram seguir em outra direção."

"Minha ambição sempre foi clara. Minha missão era sair e jogar. Mas, em alguns momentos, isso nem sempre está em minhas mãos."

No entanto, se o tratamento do Liverpool a Kelleher foi questionável, já está claro que eles acertaram em suas próprias decisões aqui.

Uma vez que o Liverpool decidiu que Kelleher não era bom o suficiente para ser o sucessor de Alisson a longo prazo, eles precisavam trazer um jovem goleiro de destaque, ao mesmo tempo em que garantiam que mantinham uma boa opção de reserva entre as traves. Ao segurar Kelleher até a chegada de Mamardashvili, é exatamente isso que eles fizeram.

Aos 24 anos, Mamardashvili mal cometeu erros desde que chegou ao Valencia vindo do Dínamo Tbilisi em 2021, estabelecendo-se como um dos melhores goleiros do Campeonato Espanhol e como um especialista em defesa de pênaltis. Talvez ainda mais significativo, no entanto, é que ele perdeu apenas um jogo de LaLiga do Valencia desde o início da temporada 2022/23, e chegou a instituir um recorde no clube com 69 partidas consecutivas em determinado momento.

Nesse sentido, o contraste com Alisson não poderia ser mais nítido.

Arne Slot está no comando do Liverpool há apenas sete jogos na Premier League, mas já perdeu Alisson devido a lesão em duas ocasiões, com o brasileiro tendo sofrido um problema na coxa que o impediu de jogar na vitória do mês passado sobre o Bournemouth (assim como no subsequente confronto da Copa da Liga Inglesa contra o West Ham) nos minutos finais da vitória por 1 a 0 contra o Crystal Palace no sábado.

O Liverpool tem sorte, pois a lesão ocorreu pouco antes da pausa para a data Fifa, mas Slot não espera que Alisson esteja de volta a tempo para o início de uma sequência incrivelmente difícil de partidas para sua equipe, começando com o jogo em casa contra o Chelsea no dia 20 de outubro.

"Vai levar algumas semanas, eu suponho," disse o holandês a repórteres. "A coisa positiva para a equipe, não apenas na posição de goleiro, mas também em quase todas as posições, é que temos uma segunda opção que é realmente boa. Mas Alisson é nosso claro camisa 1 e é o melhor goleiro do mundo. Portanto, sempre é um problema quando ele se machuca."

E esse é um problema com o qual o Liverpool se acostumou a lidar ao longo das últimas temporadas.

Alisson sofreu três problemas musculares na coxa apenas em 2024, o que explica por que o Liverpool se sentiu compelido a fazer uma movimentação por Mamardashvili durante a última janela.

O brasileiro é, sem dúvida, o melhor goleiro que o Liverpool já teve e continua sendo extremamente influente tanto por suas defesas espetaculares quanto por seu excelente jogo com os pés. Ele tem sido fundamental para o recorde defensivo do Liverpool até agora nesta temporada, não sofrendo gols em cinco de suas oito partidas.

Além disso, os goleiros geralmente têm uma carreira mais longa do que os jogadores de linha, pois a posição não exerce tanta pressão sobre o corpo. A esperança é que Alisson consiga rapidamente voltar à sua plena forma. No entanto, o histórico de lesões do jogador de 32 anos claramente se tornou uma preocupação em Anfield antes mesmo de a última janela se abrir, o que não é surpreendente. Kelleher entrou em campo 26 vezes por todas as competições na temporada passada - uma quantidade impressionante de tempo de jogo para um goleiro reserva.

Portanto, apesar da negatividade justificada em torno do Liverpool permitir que Van Dijk, Salah e Alexander-Arnold entrassem no último ano de seus respectivos contratos, a equipe de recrutamento dos Reds demonstrou uma impressionante visão ao resolver efetivamente o dilema de Alisson antes que se tornasse um grande problema.

Manter Kelleher pode ter sido cruel, mas foi indiscutivelmente a decisão correta para o clube, enquanto a contratação de Mamardashvili um ano antes já está se mostrando um verdadeiro acerto no mercado de transferências.