
Por Tauan Ambrosio 
Nos últimos anos, a seleção belga foi protagonista de discussões acaloradas que evidenciavam um dos maiores temas debatidos na história da humanidade: o conflito de gerações. Tudo isso porque alguns fãs mais jovens de futebol usaram as cotações estipuladas nos games para exaltar as qualidades do time.
A expectativa criada tinha a sua razão, já que jogadores belgas vinham desempenhando papel de protagonismo em várias das principais equipes europeias. Só que exageros de ambos os lados [os que exaltavam demais, e os que criticavam apenas por implicância] banalizaram a discussão acerca do quão longe a Bélgica poderia chegar nos principais torneios: o termo ‘Geração PlayStation’ foi a designação usada para ironizar quem aparecesse para defender aquele selecionado.
A implicância que cegava os haters não os fazia enxergar que uma equipe com Thibaut Courtois [goleiro decisivo nos sucessos recentes de Atlético de Madrid e Chelsea], Kevin De Bruyne [um dos meias mais efetivos dos últimos anos], Eden Hazard [tido como candidato à Bola de Ouro, no mundo pós-Messi e CR7] e tantos outros configurava, de fato, uma geração animadora de futebolistas que, juntos, poderiam formar uma boa seleção nacional.
E a expectativa exagerada, que colocava a Bélgica como favorita aos títulos mundial e europeu, também não estava certa. Longe disso. Muito mais simples era afirmar que aquele selecionado com diferentes talentos individuais poderia surpreender. Na Copa do Mundo de 2014, os Diabos Vermelhos – como a seleção é conhecida – não chegaram tão longe quanto a equipe semifinalista de 1986. Entretanto, com dois jogos a menos [5 contra 7] tiveram melhor saldo de gols [+3 contra -3], mais vitórias [4 contra 2] e menos derrotas [1 contra 3]. Estiveram longe de fazer feio, e só caíram para a Argentina que seria finalista no Maracanã.
Getty ImagesMelhor ataque das Eliminatórias, e com vários talentos individuais (Foto: Getty Images)
Dois anos depois, na disputa da Eurocopa, voltaram a cair nas quartas de final. O trabalho do técnico e ex-jogador Marc Wilmots não era bom, e até ser eliminada pelo País de Gales o que levou o time adiante foi, puramente, o talento. Ainda em 2016, o espanhol Roberto Martínez assumiu o comando da Bélgica. Martínez, que conseguiu o feito histórico de conquistar a Copa da Inglaterra com o Wigan em 2013, é descrito como alguém obsessivo pelo estudo do jogo. Muito melhor do que Wilmots.
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Sob o seu comando, a Bélgica garantiu, no último domingo (03), vaga na Copa do Mundo de 2018. E fez isso antes do que qualquer outra seleção europeia – exceção à Rússia, país sede. Ainda que tenha sido a grande força de seu grupo, não era uma chave que devia em relação à grande maioria [exceção talvez aos grupos A e G]. Mas os belgas justificaram a classificação com bons números.
Hazard: com a bola rolando, ninguém criou mais chances do que ele (Foto: Getty Images)
Até garantir a sua participação no certame a ser disputado na Rússia, a Bélgica foi a seleção com melhor ataque [35 gols marcados], a que mais cria chances ofensivas [143, o mesmo número de Portugal] e uma das menos vazadas [só levou 3 gols] em 8 partidas. E os talentos individuais que atraíram o interesse da tal Geração PlayStation também mostraram a sua força. Hazard é quem mais cria chances de gols com a bola em movimento [20], Meunier e Mertens estão entre os maiores assistentes [6 passes para gols, cada] e Lukaku [10 gols] briga pela artilharia contra, simplesmente, Cristiano Ronaldo [14] e Robert Lewandowski [11].
Time titular contra a Grécia
Vale lembrar que no time que bateu a Grécia para carimbar a vaga para o Mundial de 2018, mais da metade dos jogadores têm importância crucial para o desempenho dos principais clubes da Europa. Por isso, esqueça a discussão envolvendo a ‘Geração PlayStation’ e curta acompanhar esse time repleto de bons talentos. Eles podem surpreender, ainda que não sejam candidatos a nenhum título.
