+18 | Conteúdo Comercial | Aplicam-se termos e condições | Jogue com responsabilidade | Princípios editoriais

Rogério Lourenço: "no Brasil o treinador é interino até o final de semana"

Depois de quatro anos imerso no futebol da Arábia Saudita, Rogério Lourenço está de regresso ao Brasil e tem como objetivo voltar a comandar um clube no país. Campeão por Flamengo e Cruzeiro como jogador, ele teve a oportunidade de dirigir o Rubro-Negro logo em sua primeira experiência como técnico de uma equipe profissional antes da aventura no continente asiático. 

Em bate papo exclusivo com a Goal, o treinador falou sobre o momento do futebol brasileiro, a situação dos técnicos no país e o desejo de encarar novos desafios. 

Goal: Como tem sido a sua vida neste retorno ao Brasil?

Rogério Lourenço: Eu estou acompanhando muito o futebol brasileiro. Fiquei ausente, teve esse problema da pandemia que alterou o calendário e até o rendimento das equipes. Quando eu cheguei, ano passado, vi o Flamengo de 2019, que foi espetacular com Jorge Jesus. Agora estamos em uma nova etapa do futebol no Brasil, as equipes se adaptando novamente. Não vejo os times ainda jogando o seu melhor. 

Goal: Você falou sobre o trabalho de Jorge Jesus, na sua visão, qual foi o impacto dele no Brasil?

Jorge Jesus Flamengo Botafogo Carioca 07 03 2020Alexandre Vidal/CR Flamengo

Rogério Lourenço: Ele é um treinador de campo. Treinadores de ponta, independente da nacionalidade, vão ser de ponta em qualquer lugar do mundo. É o caso do Jesus, do Sampaoli. Eu ter ficado tanto tempo fora, conheci o trabalho de muita gente, muitos profissionais e a escola portuguesa e a argentina são excelentes, são profissionais qualificados, são os que mais estão espalhados pelo mundo. Jorge Jesus deixou um legado para todos nós. 

Goal: Você falou sobre os treinadores portugueses e argentinos, mas os últimos treinadores que conversaram com a gente falaram muito sobre a importância da gestão. 

Rogério Lourenço: A gestão ela é fundamental, porque para contratar os melhores jogadores você tem que estar organizado, financeiramente estável. Os atletas sabem de tudo o que acontece, as informações correm, eles dizem que não vão para um determinado time porque não está pagando slaário, isso acontece muito. A partir do momento que você tem boa gestão, dando respaldo aos profissionais... O Flamengo mesmo avançou muito em estrutura em relação ao Ninho, é uma coisa de primeiro mundo e isso também é fundamental. Jogadores não querem ir para clubes que estão com problema, o Flamengo hoje é o clube que todos os jogadores querem ir, pela gestão, estrutura, isso facilita muito para contratar jogadores de qualidade. 

Goal: Falando em gestão, você citou o Flamengo, mas a situação do Cruzeiro, outro clube que você conhece bem está complicada. Como você vê esse momento do time Celeste? 

Rogério Lourenço: Vejo com muita tristeza. Quando eu cheguei no Cruzeiro... o Cruzeiro foi um dos melhores times dos anos 90/2000, o que mais conquistou títulos. A estrutura do Cruzeiro era espetacular, quando nem se falava ainda em centro de treinamento o Cruzeiro já tinha a Toca 1 e Toca 2. Sempre com uma estrutura que não faltava nada aos atletas e realmente é triste para quem conhece, para os torcedors, o que conseguiram fazer com o Cruzeiro. Os dirigentes que estiveram esses anos no clube fizeram muita força para deixar o Cruzeiro na situação que está. 

Arthur Caike Cruzeiro CRB-AL Série B 07092020Cruzeiro EC

Goal: Voltando aos seus primeiros passos como treinador profissional, você encarou logo um Flamengo cheio de problemas e não teve sequência...

Rogério Lourenço: Algumas coisas aconteceram, quando a gente foi eliminado para a La U e houve uma saída grande de jogadores. Saíram cinco atacantes, eu fiquei sem nenhum, tive que subir o Diego Maurício, da base. O próprio Zico, que assumiu o futebol, não conseguiu fazer o que ele queria pela questão política do clube. Pessoas que não pertenciam ao futebol, mas interferiam. Foi uma experiência legal, você vê a grandeza que é o Flamengo, comandar o Flamengo é diferente. Mas naqueles momentos, o tempo mais tranquilo que eu tinha eram as duas horas que eu estava na beira do gramado, comandar o Flamengo não é para qualquer um. 

Goal: Depois do Flamengo você chegou a dirigir o Bahia, mas acabou no final optando por não ficar no Brasil, o que te fez decidir ir para a Arábia Saudita?

Rogério Lourenço: Surgiu uma oportunidade de ser diretor de seleções da Arábia Saudita, pela questão financeira, por eu querer viver novas situações. Foi muito legal o período por lá. Eu assumi a seleçao principal, acabei assumindo a olímpica também, tive muiot mais tranquilidade para trabalhar tanto nas duas vezes que eu estive lá eu cumpri o meu contrato. O que acontece no Brasil é surreal, o treinador é interino até o final de semana. Se ele ganha no final de semana, ele continua dependendo do resultado seguinte, sempre na corda bamba. 

Goal: Você acredita que esse é um dos problemas do futebol brasileiro hoje?

Rogério Lourenço: Nós tivemos uma queda de qualidade dos nossos jogadores, até 2003 tínhamos três craques nas equipes. É claro que os treinadores não tendo sequência de trabalho fica complicado. Saí um o outro chega, pega um trabalho no meio, até atletas com quem não queria trabalhar. Mas nós ficamos um pouco para trás na questão da produtividade em relação aos treinadores. A gente perdeu um pouco isso, o que o mundo andou para frente, nós perdemos um pouco. Temos que nos empenhar, estudar, estar aprimorando, melhorando conhecimentos técnicos porque a gente viveu muito tempo dependendo do talento dos nossos jogadores, mas acredito que estamos em uma crescente em relação aos nossos treinadores. 

Goal: Falando em empenho, você está pronto para voltar a trabalhar? Já foi conversou com alguém? 

Rogério Lourenço: Pronto sim. A gente sempre conversa com o meio do futebol, com quem a gente tem contato até pelo fato de eu ter ficado um bom tempo fora, é natural que as pessoas esqueçam de você. Mas tenho aproveitado para acompanhar as equipes, os campeonatos, estou terminando cursos da CBF. Esse período foi bem legal, a gente está sempre buscando saber o que as pessoas estão pensando, a forma que as equipes estão jogando. Você tem que estar preparado para quando aparecer a oportunidade.

Publicidade

Perguntas frequentes

A primeira edição do Campeonato Brasileiro por pontos corridos foi disputada em 2003, ano em que o Cruzeiro se sagrou campeão.

Não. Em 2003 e 2004, o Campeonato Brasileiro tinha 24 times, número que baixou para 22 na edição de 2005. Desde 2006, 20 equipes participam da Série A do Brasileirão.

Desde 2016, os seis melhores times do Brasileirão garantem uma vaga na Copa Libertadores do ano seguinte, sendo que os quatro primeiros vão diretamente para a fase de grupos e os outros dois disputam a pré-Libertadores.

Considerando toda a história do Campeonato Brasileiro, Roberto Dinamite, com 190 gols em 328 jogos, é o maior goleador da competição.

ENJOYED THIS STORY?

Add GOAL.com as a preferred source on Google to see more of our reporting

0