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O ciclo vicioso que volta a colocar Botafogo e Vasco na luta contra o rebaixamento

Header Tauan Ambrosio

Enquanto o Flamengo ainda briga pelo título do Brasileirão e o Fluminense está nas semifinais da Copa Sul-Americana, Botafogo e Vasco se encontram em um lugar bem menos nobre. A luta dos alvinegros cariocas, entretanto, é conhecida nas últimas décadas: a fuga contra o rebaixamento.

Ambos somam 35 pontos em 31 rodadas até aqui, e dentre os considerados 12 gigantes são os que mais correm risco de caírem para a Série B. Apenas um ponto separa tanto o Glorioso quanto o Cruzmaltino das quatro últimas posições, e os números não abrem muito espaço para otimismo.

Considerando todas as competições disputadas pelos 20 times da Série A, o Vasco tem a pior defesa: sofreu 86 gols até o momento, além de – ao lado de um Paraná que não vence há 17 rodadas – ser a equipe que menos vezes deixou os gramados sem ver o adversário balançar suas redes (apenas em quatro oportunidades seus goleiros não sofreram gols). Ainda levando em consideração os duelos oficiais travados desde janeiro de 2018 dentre os clubes que atuam na elite, o Botafogo só tem um saldo melhor do que o do Paraná (-11).

Longe de ser uma novidade, ao menos desde a implementação dos pontos corridos no Campeonato Brasileiro. No somatório das campanhas desde 2003, o Botafogo aparece em 12º e o Vasco logo atrás. O clube de São Januário, aliás, sofreu três rebaixamentos desde então (2008, 2013 e 2015). Ninguém caiu mais vezes para a Série B neste período. Já o Glorioso oscilou entre recuperações e recaídas, sendo rebaixado em 2014.

Em comum, além deste histórico que não honra as respectivas tradições, dificuldades financeiras e algumas decisões equivocadas por quem cuida do futebol. Mas em relação a 2018, uma coincidência trágica que une ambos está na troca constante de treinadores. O Botafogo teve quatro comandantes, um a mais em relação ao Vasco. Tamanha foi a dança das cadeiras que Zé Ricardo começou o ano com a Cruz de Malta ao peito e hoje tem a Estrela Solitária, caminho contrário ao de  Alberto Valentim.

Willian Maranhão Gustavo Botafogo Vasco Brasileirão Série A 09102018(Foto: Alexandre Loureiro/Getty Images)

Outro ponto de convergência está em elencos fracos, fruto da pouca capacidade de investimento. “O Vasco não tem publicidade de nada na camisa, não consegue convidar ninguém pra investir no clube e não é de hoje”, observa Tita, que treinou o Cruzmaltino em sete jogos no Brasileirão de 2008, que marcou o primeiro rebaixamento do Gigante da Colina. Sempre antenado com o que acontece no futebol, o ex-jogador aponta a crise política em São Januário como um dos principais motivos para o péssimo momento e vê similaridades entre aquele ano e o atual.

“É todo mundo lutando contra você, inclusive pessoas do próprio Vasco: eles querem que você caia para no ano seguinte pegarem o poder outra vez. Essas são as semelhanças que vejo”, observa.

Meio-campista no time de 2013, Abuda também deu um relato parecido à Goal Brasil: “o que pesou no ano que a gente caiu foi a questão salarial. Sempre atrasados e as coisas dentro de campo não davam certo, mesmo com elenco muito bom, com jogadores conhecidos no futebol”, disse o jogador que atualmente defende o São Bento e fez boa campanha em 2012 antes da queda.

Pelo lado do Botafogo, o zagueiro Bolívar vê melhoras estruturais em relação ao rebaixamento de 2014, mas por outro lado destaca que a equipe de quatro anos atrás era melhor que a atual: “A gente tinha, com todo o respeito por este elenco do Botafogo, jogadores consagrados. Tinha, além da gente, Rafael Marques, Jefferson, Gabriel... uma equipe muito forte. Em relação a este ano, o Botafogo acabou perdendo com algumas saídas que teve. O Bruno Silva foi um cara muito importante, o próprio Sassá, que saiu conturbado do clube. Acredito que a campanha deste ano oscila muito, e é difícil...”, explica com exclusividade.

O ex-zagueiro, atualmente treinador, fala do clube com o amor por “dois anos muito intensos”, e acredita que se o então presidente Maurício Assumpção não decidisse lhe afastar – junto de outros jogadores que reclamavam dois oito (!!!) meses de salários atrasados – o destino do Glorioso teria sido diferente: “Se ele não tivesse rescindido o meu contrato, do Edílson, Sheik e Júlio César, tenho certeza de que o Botafogo não teria caído”.

Zagueiro e ídolo do clube, assim como Bolívar, Sandro era a liderança do Botafogo no rebaixamento de 2002 – o último ano antes da entrada dos pontos corridos – e é um dos que apontam a irregularidade do time e constantes trocas de técnicos como motivo para o drama atual. Mas assim como Tita e Abuda com o Vasco, e o próprio Bolívar com o Glorioso, acredita que o final para o clube de seu coração será feliz. Ao menos é a torcida que vai permear estas sete últimas rodadas de Campeonato Brasileiro.

“O Botafogo vai escapar não por méritos próprios, mas porque as equipes que estão abaixo estão em um momento ruim. Acho que o Botafogo vai ganhar alguns jogos e as equipes que estão abaixo vão tropeçar. Acho que não vai cair não, mas vai passar dificuldade”.

De fato, na comparação com os rebaixamentos anteriores, a marca de 35 pontos nesta altura da disputa é a maior que ambos já tiveram. Escapar de mais uma degola depende apenas de suas forças... ainda que isso não tenha significado muita coisa besta nova era de Brasileirão.

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Perguntas frequentes

A primeira edição do Campeonato Brasileiro por pontos corridos foi disputada em 2003, ano em que o Cruzeiro se sagrou campeão.

Não. Em 2003 e 2004, o Campeonato Brasileiro tinha 24 times, número que baixou para 22 na edição de 2005. Desde 2006, 20 equipes participam da Série A do Brasileirão.

Desde 2016, os seis melhores times do Brasileirão garantem uma vaga na Copa Libertadores do ano seguinte, sendo que os quatro primeiros vão diretamente para a fase de grupos e os outros dois disputam a pré-Libertadores.

Considerando toda a história do Campeonato Brasileiro, Roberto Dinamite, com 190 gols em 328 jogos, é o maior goleador da competição.

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