
O Real Madrid é o atual bicampeão europeu, o Liverpool pode ter aplicado a sua maior goleada como visitante na Champions League. Entretanto, nenhum time encanta tanto com o seu futebol, neste início de temporada, quanto o Manchester City de Pep Guardiola.
Na soma estilo + resultados obtidos, o Napoli talvez seja quem mais rivalize atualmente com o milionário esquadrão do Etihad Stadium – e com um grupo de jogadores bem mais barato. É por isso que o duelo entre os celestes ingleses e italianos foi aguardado com tanta expectativa. E com a bola rolando, ninguém decepcionou.
Foram dois tempos distintos, e que mostraram o quanto os líderes dos respectivos campeonatos inglês e italiano precisam de seus jogadores brasileiros. Em campo, o City entrou exatamente com a mesma escalação que aplicou sonoros 7 a 2 sobre o Stoke, no último fim de semana; do outro lado, o técnico Maurizio Sarri impressionou ao entrar com Zielinski e Diawara nos lugares de Allan e Jorginho. As ausências dos brasileiros do Napoli cobrou a sua conta.
Isso ficou claro nos primeiros 15 minutos de jogo, quando o City aproveitou majoritariamente o lado direito da defesa napolitana para emplacar as suas investidas. Ao tomar conta da posse de bola, os ingleses fizeram valer sua característica ao mesmo tempo em que tiraram o fio condutor que levou o adversário a 8 vitórias seguidas no Campeonato Italiano [sempre com mais posse de bola em relação aos adversários].
Getty ImagesSarri não começou com brasileiros no time titular (Foto: Getty Images)
Jogador de característica mais ofensiva em relação a Jorginho e Allan, Zielinski não conseguiu dar a segurança necessária na fase defensiva. Foi quem mais sofreu com o futebol brilhante apresentado pelo Man.City nos primeiros minutos: aos 9', Sterling aproveitou sobra de bola dentro da área, após chute bloqueado, e tocou para o gol vazio.
GABRIEL JESUS, O ATACANTE PERFEITO PARA GUARDIOLA
Jesus acertou todos os seus chutes (Foto: Getty Images)
Aos 13’, Gabriel Jesus apareceu como uma flecha na área para completar o cruzamento rasteiro de Kevin De Bruyne: 2 a 0. Embora não tenha participado com tantos toques na bola, o ex-palmeirense mostrou, outra vez, porque encanta o badalado treinador catalão.
Jesus participou em momentos cruciais da partida: foi quem mais acertou a meta defendida por Pep Reina: 100% nos 3 arremates desferidos – todos eles no primeiro tempo. Mas o camisa 33 também esteve excelente nas movimentações sem a bola: no jogo de pressão dos Citizens, incomodava os napolitanos no primeiro combate e conseguiu recuperar o esférico 4 vezes.
O Napoli começou a ensaiar a sua recuperação na reta final do primeiro tempo, e só não diminuiu antes dos 45 minutos iniciais porque Ederson defendeu o pênalti batido por Mertens – que esteve abaixo do esperado – para aumentar a lista do protagonismo brasileiro no duelo.
GettyEderson defendeu um pênalti (Foto: Getty Images)
Antes dos times descerem para os vestiários, Fernandinho era quem mais distribuía a bola para seus companheiros. O resultado só não foi maior a favor dos Citizens porque a trave impediu um golaço de Kevin De Bruyne [que segue desfilando categoria pelo campo], e o zagueiro Koulibaly salvou, em cima da linha, um esforçado arremate de Gabriel Jesus.
ALLAN ENTRA, NAPOLI MELHORA E AMEAÇA
GettyEntrada de Allan catalizou melhor momento do Napoli (Foto: Getty Images)
E se na etapa inicial o City conseguiu aplicar o seu jogo de posse de bola e pressão, no segundo tempo foi a vez de o Napoli responder. A equipe de Maurizio Sarri conseguiu, durante boa parte do tempo, a façanha de ter mais posse do que os azuis de Manchester, e quando a situação se encaixa no estilo do time a tendência é melhorar.
Some a isso a entrada do brasileiro Allan, para enfim equilibrar o meio-campo [liberando Zielinski mais para a frente], e a importância do jogador – observado por Tite – fica evidente.
Mais incisivos, os napolitanos pressionavam a defesa inglesa, que ao mesmo tempo em que esbanjava categoria nos passes também pecava pelo exagero. Fernandinho foi quem mais sofreu com isso: após um erro seu, Hamsik quase empatou; depois, o brasileiro cometeu pênalti que seria convertido por Diawara.
NA EXALTAÇÃO DO JOGO BONITO, O BRASIL FOI PROTAGONISTA
Getty ImagesJogo encantou Guardiola (Foto: Getty Images)
Notando a pressão dos italianos em busca do empate, Guardiola fez alterações pragmáticas dentro do que se espera: Bernardo Silva já havia entrado, no lugar de Sterling, para dar mais cadência; depois, o meia-atacante David Silva deu lugar ao volante Gundogan e Gabriel Jesus foi substituído por Danilo.
Com as mudanças, o City retomou a posse de bola e conseguiu, pela primeira vez em sua história, somar os 9 pontos possíveis nas 3 primeiras rodadas da fase de grupos da Champions League. Placar final: 2 x1.
Ao Napoli, fica a preocupação para o duelo contra a vice-líder Internazionale, pelo Campeonato Italiano, e o alerta de uma possível desclassificação na Champions League [já que o Shakhtar venceu o Feyenoord e se isolou na vice-liderança].
Mas nem tudo foi ruim para o time de Maurizio Sarri: após o confronto, o futebol apresentado foi exaltado por todos os lados. Inclusive por Pep Guardiola: “O Napoli é um dos melhores times que eu já enfrentei na minha carreira. Se você não é agressivo sem a bola, não tem chances de sobreviver”.
E para nós, brasileiros, fica o pequeno orgulho de ter visto tantos jogadores serem cruciais nesta partida que encantou quem curte o bom futebol: passando pelo goleiro [Ederson], com o toque de meio-campistas como Fernandinho e Allan, e com a energia goleadora de Gabriel Jesus, Tite com certeza deve ter ficado feliz ao ver tanta coisa boa no mais alto nível.
