
Por Tauan Ambrosio 
A sombra de Messi, antes protetora, fez Neymar sentir falta do calor destinado aos grandes protagonistas. O craque brasileiro será jogador do Paris Saint-Germain, que vai pagar a rescisão de € 222 milhões estipulada no contrato assinado pelo jogador com o Barcelona há menos de um ano atrás.
Da mesma maneira como aconteceu em sua saída do Santos, Neymar deixa o Barcelona sendo decisivo nos maiores títulos que poderia conquistar.
Mas assim como aconteceu em sua despedida da Vila Belmiro, fica um sabor amargo para os torcedores que antes cantavam o seu nome. Se no Peixe a razão foram as cifras, inferiores ao esperado pela sua habilidade, no Barça foi por sair do Camp Nou optando pelo individual e deixando claro que é o dinheiro quem manda.
Getty ImagesNeymar, apagado das propagandas no Camp Nou (Foto: Getty Images)
Esportivamente falando, existem duas formas tão corretas quanto antagônicas de se avaliar a escolha do maior craque brasileiro em atividade.
A primeira delas foca na coragem de sair de um clube onde já era ídolo, para buscar o desafio de ser o primeiro a quebrar a já histórica hegemonia de Messi e Cristiano Ronaldo no topo dos rankings individuais. No PSG, Neymar só vai responder a todo esse alarde se fizer história. Ou seja: se ganhar pelo menos uma Champions League. Não duvide: ele tem toda condição de fazer isso.
GettyNeymar quer estar na mesma altura de Messi (Foto: Getty Images)
Mas também há o lado de que Neymar optou por deixar um dos maiores e mais tradicionais clubes do esporte. O PSG tem o pedigree de uma cidade espetacular, e esguicha tanto dinheiro quanto faz o petróleo no Qatar. Só que não é um clube grande, e sim uma enorme potência esportiva numa liga doméstica bem inferior às de Espanha, Alemanha, Itália e Inglaterra.
Neymar vai desequilibrar na Ligue 1 porque o seu futebol é um desequilíbrio imenso num lugar que, exceção ao oásis parisiense da era qatari, é historicamente mais de exportação do que de importação. Se na Espanha havia a disputa em altíssimo nível com Real Madrid, o brasileiro não deve encontrar o mesmo na França. Infelizmente, o PSG também não tem uma rivalidade à altura de outros clubes espanhóis, italianos ou ingleses.
Getty ImagesIbra chegou ao PSG como estrela, mas em circunstâncias diferentes (Foto: Getty Images)
Um parêntesis aqui para relembrar de Zlatan Ibrahimovic. Quando o PSG contratou o sueco, que se transformaria no maior artilheiro da equipe parisiense, o atacante estava em um Milan que dava claros sinais de decadência. A situação envolvendo Neymar é diferente: ainda que receba críticas pelo enfraquecimento do elenco nas últimas duas temporadas, o Barça ainda é considerado favorito em todas as competições que disputa.
GettyimagesJustamente contra o PSG, Neymar foi protagonista no Barça (Foto: Getty Images)
Em Barcelona Neymar recebia um grande salário, jogava ao lado do maior craque da fase moderna do futebol, conquistava títulos e também contava com boa dose de protagonismo – como mostrou exatamente contra o PSG na última temporada.
Ao largar tudo isso, pelo sonho de se destacar na megalomania supervalorizada que se tornaram os prêmios de melhor jogador do mundo, e pela grana despejada pelos qatari-parisienses, desmentiu o próprio amor à camisa que afirmava ter pelo Barça.
Getty ImagesTotti e Roma: o último capítulo de amor à camisa no futebol? (Foto: Getty Images)
Por mais que essa não tenha sido a sua intenção, ou pela dificuldade da decisão tomada, Neymar volta a estabelecer um novo marco no futebol moderno. Jamais demonstrou falta de dedicação ou coisa parecida, mas o dito amor pelas cores vestidas vive seus últimos momentos desde que Francesco Totti anunciou a sua aposentadoria na Roma.
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