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Giampiero Ventura Italy

Na era da exaltação aos treinadores, Ventura entra na lista como o pior de todos

Header Tauan Ambrosio

Manchester City de Guardiola e Napoli de Sarri. Brasil de Tite, Corinthians de Carille ou até mesmo o Botafogo de Jair.

Não importa se é clube europeu, brasileiro ou futebol de seleções: na era da exaltação massificada à individualização, que coloca Bola de Ouro e The Best como algo aparentemente maior do que alguns campeonatos, é natural que o papel dos treinadores seja mais exaltado na avaliação do jogo coletivo.

E isso não é algo ruim. Talvez até exemplifique como a imprensa e o público em geral analisam melhor o esporte, notam de maneira apurada alterações táticas e identificam rapidamente distintos modelos de jogo. O estudo do futebol precisa ser exaltado, o esporte é feito de personagens e o público compra nomes fortes. Daí a licença poética para dar a posse do clube a determinado comandante, para transformar em substantivo um trabalho que salta aos olhos.

Seja quando esse trabalho é bom ou ruim. A Itália de Giampiero Ventura, por exemplo, vai entrar na história como a pior de todos os tempos. E isso está mais atrelado ao comandante do que aos jogadores que vestiram a belíssima camisa da Azzurra.

Gian Piero VenturaGetty Images(Foto: Getty Images)

Tudo bem que em Copas do Mundo a Itália teve campanhas ridículas desde o título de 2006: foram duas eliminações na primeira fase, com uma vitória em seis partidas somadas pelos certames de 2010 e 2014. Uma vergonha que parecia ser a maior desde a derrota para a Coreia do Norte, que eliminou os italianos em 1966. Mas nada comparado a sequer disputar o torneio.

Nas últimas duas Eurocopas, no entanto, o desempenho surpreendeu dentro do que se esperava. Em 2012, Cesare Prandelli fazia excelente trabalho e levou o time até a decisão, onde a Azzurra foi superada apenas pela maior Espanha da história [que não teve piedade e ganhou por 4 a 0]. Em 2016, Conte era o treinador e o futebol não podia ser mais italiano: defensivo, mas eficiente. Liderou o grupo mais difícil e só caiu para a Alemanha, nos pênaltis.

A federação italiana poderia ter feito escolha melhor após a saída de Conte para o Chelsea, em 2016. Nem que essa escolha fosse convencer o treinador a ficar. Mas tamanha é a qualidade dos treinadores italianos da atualidade, que não faltavam boas opções: Allegri, Sarri, Ancelotti, Gasperini e talvez até Spalletti. Se o futebol de clubes seduz mais, atualmente, a opção era compensar com uma proposta surpreendente. Ventura foi um erro, e mostrou isso em campo.

Italy SwedenGetty ImagesDesolação em campo no San Siro (Foto: Getty Images)

Faltou sorte ao ser a única seleção grande a disputar uma vaga direta com uma equivalente, no grupo vencido pela Espanha nas Eliminatórias? Sim. O destino também não ajudou ao colocar a Suécia, limitada mas esforçadíssima, no desafio da repescagem. Ou nos próprios embates, quando somou 37 finalizações e só acertou a mira sete vezes enquanto Buffon viu a rede balançar pelo gol de Jakob Johansson na ida.

A Itália não teve sorte, mas não soube se preparar para o azar. E no futebol, mais do que em qualquer esporte, isso é um passo fundamental. Mais perdido do que cedo em tiroteio, Ventura tentou implementar um dito 4-2-4, mas na hora do ‘vamos ver’ voltou ao tradicional 3-5-2 - decisão correta, mas demasiadamente tarde.

InsigneGettyO jogador mais criativo do time não saiu do banco de reservas (Foto: Getty Images)

Ainda que o time esteja envelhecido, ainda contava com Buffon, Bonucci, Barzagli e Chiellini na defesa; no ataque, Immobile, um dos maiores goleadores da temporada. Mas na falta de chances apuradas, Ventura não achou que o jogador que mais cria oportunidades de gol, com a bola em movimento, dentre as cinco principais ligas da Europa [38 no total] poderia ajudar: deixou Insigne no banco de reservas, para revolta até mesmo do experiente De Rossi. Ventura só não é mais responsável pelo maior vexame do futebol italiano do que os dirigentes que o apontaram.

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