Jorge Jesus Flamengo 08062019Alexandre Vidal/CR Flamengo

Ninho do Urubu: Jorge Jesus e Flamengo: 40% do elenco já trabalhou com técnicos estrangeiros


Por Bruno Guedes - @brguedes


Levantou-se o debate na última semana sobre a possibilidade dos estilos do Jorge Jesus e o elenco do Flamengo serem um dos problemas para a adaptação do português ao país. O discurso é raso e apenas escancara a má vontade da imprensa local com técnicos estrangeiros: 40% dos jogadores atuais já trabalharam com treinadores internacionais. Já Jesus, desde a temporada 2008/09, sempre teve ao menos quatro brasileiros em seus plantéis.

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Jorge Jesus tem um estilo comum na Europa, onde o rígido comando dos treinamentos e cotidiano fazem parte do relacionamento com jogadores. Exige-se dedicação máxima nos treinos, que são curtos e intensos como os jogos. É comum ver sua equipe profissional aplicando entre 40 minutos e uma hora e meia de prática em campo em elevadíssimo nível de intensidade. Por conta disso, alguns jornalistas e comentaristas levantaram a questão de tal modelo desagradar os jogadores do Flamengo, acostumados ao arcaico padrão tupiniquim.

Dos 30 integrantes do elenco atual, 12 já tiveram passagens internacionais e com treinadores de estilos diversos. Excetuando-se os estrangeiros - por motivos óbvios de já estarem fora do seu país e que são cinco no total - são sete brasileiros nessa condição. Destes, apenas Éverton Ribeiro não teve ainda contato com treinadores europeus. Todos os outros seis tiveram ao menos uma temporada sob comando no padrão parecido com o que Jorge Jesus deseja praticar, o da Europa.

O próprio técnico não será estreante no comando de atletas daqui. Por ser porta de entrada para os jogadores do Brasil, Portugal sempre teve elencos recheados deles. Há 15 anos o atual treinador do Flamengo está acostumado com brasileiros em seus planteis. O auge foi na temporada 2009/10 do Benfica, quando contou com um total de 12 deles entre saídas e chegadas. Somando as três épocas da sua última passagem em clubes portugueses, o Sporting, foram 18 futebolistas.

O discurso de que a adaptação pode ser um fator complicador para Jorge Jesus não é tão válido. É claro que a distância entre os estados e a cultura local são diferentes, algo que ele terá que realmente absorver. Mas o relacionamento e o conhecimento de como os jogadores brasileiros gostam de trabalhar não será um empecilho.

Mas pior que a diferença cotidiana será a má vontade de comentaristas, jornalistas e amigos de treinadores do Brasil que não aceitam o novo. Para estes, nada do que fizer será suficiente. Até mesmo tais números que provam o contrário.

Bruno Guedes colunista torcedor Flamengo

Bruno Guedes é músico, apaixonado por futebol e beisebol. Brasiliense por certidão e carioca de coração, acredita no futebol brasileiro e tem Romário como o maior jogador que viu dentro das quatro linhas.

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