
Por Paulo Madrid
É inegável que a cidade de Madrid é a capital do futebol mundial nos últimos anos. Nas últimas quatro edições de UEFA Champions League, a dupla Real Madrid e Atlético de Madrid alcançou pelo menos as semifinais em três ocasiões. Em duas, protagonizou o confronto final. Quanta supremacia.
O que nos leva ao inevitável embate sobre quem manda na belíssima capital espanhola. Os quatro confrontos de UCL entre ambos nos últimos quatro anos — duas finais, uma semi e uma quartas — não são a única constante da história. Porque foi uma quadra de enfrentamentos que teve um só vencedor: ¡Hala Madrid y nadie más!
É certo que, com Simeone, o Atlético incomoda como nunca antes na história. A estatística global dos madridistas contra o Cholo aponta equilíbrio, com 10 vitórias para os blancos, 6 empates e 8 triunfos colchoneros. Mas o ponto fundamental é que, nos duelos mais importantes, é ampla a vantagem dos merengues.
As coisas são como sempre foram. Desde que o mundo é mundo, a deusa Cibeles, cuja estátua se ergue imponente no meio da praça que leva seu nome, é rainha incontestável em Madrid. É testemunha e personagem de todas as grandes celebrações do madridismo. Vivenciou inúmeras glórias, muitas mais do que o rival Neptuno, repetidamente subjugado, direta ou indiretamente.
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Ratificar a ampla vantagem obtida no Bernabéu, no entanto, não foi fácil. Conforme era esperado, sofremos. Os donos da casa saíram a matar ou morrer. Apoiados pela torcida e lançando mão de toda a intensidade que lhes é peculiar, sufocaram os merengues. Não creio que exista um erro dos madridistas na abordagem da partida. São circunstâncias de jogo.
No Calderón, o cenário que se viu é algo absolutamente plausível. Cabia ao Madrid resistir como fosse à essa pressão inicial. Nisso, pode se dizer de uma falha da equipe. Aos 11, Saúl subiu sozinho no escanteio e abriu o placar. Aos 15, Varane cometeu um pênalti absolutamente infantil. Griezmann, com muito custo, converteu.
Foi então que entrou em cena a maturidade e personalidade dos comandados de Zidane. É impressionante como esse time responde bem em situações enroscadas. A partir dos 20 minutos, os jogadores conseguiram retomar o padrão. Puxaram para si o controle da bola e do jogo. Passaram a circundar a área adversária, trocando passes pacientemente até encontrar espaços. A correria colchonera arrefeceu, talvez porque eles pensaram ter muito tempo para fazer um gol, e que, portanto, poderiam trabalhar com mais calma a partir dali. Mas, quando tentaram voltar ao nível dos primeiros minutos, não conseguiram, porque o adversário já tomava conta do jogo.
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Nervosos com o domínio merengue, os pupilos do Cholo começaram a distribuir entradas duras e reclamar abusivamente da arbitragem, à imagem e semelhança do que seu treinador fazia quando era atleta. É claro que o Madrid não apanhou sem revidar, ninguém tem sangue de barata. Apesar disso, de um modo geral, os merengues mantiveram o equilíbrio emocional. Aos 42, Isco fez o gol que já era merecido e sentenciou a eliminatória, depois de uma jogada monumental de Benzema.
O segundo tempo nem de longe foi tão apreensivo quanto o primeiro. O Real Madrid controlou a maior parte dos derradeiros 45 minutos e conseguiu impor um ritmo mais cadenciado. Isco não brilhou, mas fez o gol e foi importante por sua espantosa capacidade de reter a bola em seus pés. O Atlético até teve algumas chances, mas elas só serviram para confirmar a melhor atuação de Keylor Navas na temporada até agora. Com direito a duas defesas em um mesmo lance, proporcionado pelo eternamente estabanado Danilo.
Para a final, por ora, destaco apenas dois aspectos. Carvajal é infinitamente superior ao seu reserva imediato. Oremos para que retorne de lesão em tempo. Se não, Nacho é quem deveria atuar na lateral direita. Danilo é uma temeridade defensiva e, ofensivamente, não faz o suficiente para o risco valer a pena. Outro ponto é que Isco merece ser titular mesmo se Bale voltar. Não apenas pela fase de ambos, o que por si só já colocaria Isco em ampla vantagem. Mas também porque, no intento de furar a melhor defesa do mundo, muito mais vale ter um jogador criativo e habilidoso do que um velocista que quase não terá espaços para correr.
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Paulo Madrid. Não, não é uma licença poética. O nome vem de família mesmo. Sorte a minha. A coincidência gerou um interesse que, já desde muito cedo, desembocou em uma paixão. Madridista desde sempre, para sempre. ¡Hala Madrid y nada más! |





