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Neymar, Brasil x Sérvia, Copa do Mundo 2022Getty Images

Há vida sem Neymar, óbvio, o que não diminui o vácuo

Ninguém duvida que a seleção brasileira pode ser até campeã do mundo sem o seu camisa 10, o que é uma grande notícia, porque derrete a velha ideia da dependência e também confirma que o elenco tem mais jogadores de elite decisivos que nos Mundiais anteriores.

Ao mesmo tempo isso não deveria ser o suficiente para que se subestime a ausência de Neymar, o melhor jogador da seleção brasileira desde sua chegada, em 2010. Há talento, inspiração e boa fase de sobra no vasto grupo atual, o que não diminui o desafio que será ocupar a lacuna deixada por quem toca o barco da amarelinha há pelo menos uma década, quando ficou claro que velhas referências como Ronaldinho, Kaká e Robinho não seriam parceiros para o moleque do Santos que já era dono do time também na seleção.

Então há vida sem Neymar, e isso parece óbvio como nunca, ponto dado numa discussão que em nada lembra sua sentida ausência na semifinal de 2014 ou sua insuficiente condição física em 2018. O que fica é um desafio, para Paquetá, Vinicius Jr., Rodrygo e companhia, em dar conta de forma repentina de jogar como estrelas maiores do quadro, fato inédito, e não desimportante, para uma turma de craques e ótimos, mas também fãs do principal nome do elenco e ainda no caminho rumo ao protagonismo.

Vale a lembrança da semifinal contra a Argentina, na Copa América de 2019, o grande jogo do ciclo sem Neymar, em que a linha de frente da seleção tinha Cebolinha onde hoje joga Vini, Coutinho por dentro, Gabriel Jesus na ponta-direita que hoje é de Raphinha e Firmino na frente. Quem cuidou da bola foi Daniel Alves, hoje opção no banco de reservas, que naquela noite foi a tal liderança, técnica e anímica, que o mantém no elenco até hoje.

Vinícius Jr., Brasil x Sérvia, Copa do Mundo 2022Getty Images

Não acho que Neymar precise soltar mais a bola para evitar tantas faltas, porque ele é o que é exatamente pela sua capacidade de reter a posse, induzir marcadores ao erro, buscar o tempo todo e criar jogadas improváveis num nível de primeira prateleira mundial. É um craque que penteia, puxa, engana o bote. É um jogo de contato, provocação e provação no um contra a um. Agora, essa conversa também não deve ser interditada como se fosse algo menor, porque está claro, outro carrinho no tornozelo depois, que sofrer tantas entradas a cada vez que o jogo esquenta está causando um prejuízo na sequência de sua carreira. Ser caçado e não ter a empatia dos zagueiros, volantes e laterais rivais se firma no Qatar como um tema de sua trajetória.

As bolinhas colocaram Espanha e Alemanha no mesmo grupo e elas corresponderam com o melhor jogo da Copa até aqui. Um duelo com pinta de mata-mata de Champions League, com todo refinamento técnico – lindo duelo de meio-campo entre Pedri, Gavi e Busquets de um lado, Kimmich, Goretzka e Gundogan de outro – e também um tanto daquela correria às vezes desenfreada e exagerada, uma intensidade que pensa se fechar nela própria, pedindo uma pausa de Griezmann e, olha só, de Neymar.

Joshua Kimmich Dani Olmo España Alemania Qatar 2022Crédito: Getty

Interessante e irônico que logo as escolas tão marcadas por esse setor do campo precisaram de dois centroavantes reservas para garantir o 1 a 1. O que seria da Espanha se tivesse um Benzema? E a Alemanha, se nessa frente que emula o Bayern de Munique houvesse um Lewandowski? Os titulares Asensio e Muller não acharam tanto futebol no domingo, mas Morata e Fullkrug foram às redes num encontro que não merecia zero a zero.

A Bélgica é, proporcionalmente, o pior time da Copa do Mundo em duas rodadas. Pela colocação na última edição, pelo respeito dos adversários e pelos valores técnicos que têm (ou tinha, porque está difícil), é impressionante como está girando abaixo da necessidade de um torneio deste tamanho. Não se trata necessariamente de uma surpresa, dado o envelhecimento natural da geração, o que não tira o choque em assistir De Bruyne e Hazard serem amassados por Marrocos.

Como ainda falta esta segunda-feira para que a segunda rodada termine, o parágrafo anterior acaba sendo também, indiretamente, uma torcida para que o Uruguai venha para o campo contra Portugal. A estreia contra a Coreia do Sul foi de uma pobreza que não condiz com os bons valores do futebol celeste, que pode jogar um tanto mais, e não ser a nossa Bélgica sul-americana.

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