Intensidade é um dos fatores mais importantes para se ter sucesso no futebol moderno, e como é uma valência muito atrelada à potência de preparo físico dos atletas, entende-se que, para ser vitorioso, um time não pode contar com um número muito grande de veteranos. Por mais habilidosos que eles sejam. O Fluminense de Fernando Diniz desafia esta lógica. No Tricolor, equipe que vem encantando na temporada 2023, vale aquela romântica máxima do “quem corre é a bola”.
Paulo Henrique Ganso não chega a ser, aos 33 anos, um veterano. Mas não é conhecido exatamente pela intensidade física de seu jogo. Por outro lado, Germán Cano, Marcelo (ambos com 35 anos) e Felipe Melo (39 anos) estão muito – mas, muito! – longe de serem jovens praticantes do esporte bretão. Ainda assim, o quarteto é fundamental para explicar o grande 2023 que o Fluminense, tido como praticante do futebol mais bonito do país, vem apresentando.
Dizer que o time de Fernando Diniz não é intenso é um erro, mas, convenhamos, não é o traço que mais chama atenção na equipe. Quando pensamos neste Fluminense e na filosofia do Dinizismo, o que vem à mente é posse de bola e a valorização máxima da redonda. A equipe tricolor controla o jogo e concentra suas peças, em movimentação ordenada mas livre, no entorno da bola. Os jogadores orbitam a esfera como se ela fosse o próprio sol. A superioridade numérica induz o adversário ao erro, ao mesmo tempo que diminui as chances de passes desperdiçados. Ou seja, faz com que o time não faça o chamado “correr errado”.
O Fluminense não se cansa à toa. E quem acaba tirando vantagem são jogadores como Felipe Melo, Marcelo e Paulo Henrique Ganso. A engrenagem afiada lhes concede tempo e possibilidades para que o talento seja aproveitado em potencial máximo. A bola anda e avança fácil, os espaços aparecem mais quando se tem jogadores tão habilidosos. E uma vez que se chega ao ataque, Germán Cano faz o que mais sabe: gols. Mas o Fluminense não depende apenas dos tentos do argentino, embora sua média seja assustadora. Contra o Cuiabá, pela sexta rodada do Brasileirão, os gols foram de Nino e Ganso.
Tendo Felipe Melo na zaga, Marcelo na lateral-esquerda, Ganso na criação e Cano no comando de ataque, o Fluminense fez sete jogos considerando todas as competições. Foram seis vitórias (a última delas, os 2 a 0 sobre o Cuiabá) e o empate no clássico contra o Vasco. Desempenho invejável, mesmo com um alto número de veteranos em campo. No Fluminense de Diniz, o foco é no talento. Quem corre é a bola, e não falta craque que saiba fazer ela correr.
