+18 | Conteúdo Comercial | Aplicam-se termos e condições | Jogue com responsabilidade | Princípios editoriais
Rafael Moura Hudson Cruzeiro Atlético-MG 01022017© Washington Alves/Light Press/Cruzeiro

Cinco Estrelas: Nos bastidores do clássico, o Cruzeiro faz sua parte


Por João Henrique Castro 

Sobre as polêmicas em volta da presença dos torcedores no clássico mineiro, antes de falar sobre qualquer outra coisa, deixo clara a minha opinião: Cruzeiro e Atlético-MG deveriam sempre se enfrentar em um estádio com público dividido. Sempre!

Dito isso, é possível avançar na questão e abordar o seguinte problema: O que impede que o clássico mineiro, hoje, seja disputado desta forma? E a resposta, que muitas vezes não aparece na mídia, hoje é clara. Não é o Cruzeiro!

A forma que os dirigentes de Minas Gerais conduzem a rivalidade de forma infantil e isso, muitas vezes, é construído no diálogo com o que é dito pelos atletas no campo ou pelos torcedores nas arquibancadas e nas redes sociais.

Lembram quando Paulinho McLaren imitou uma galinha ou Edu Dracena colocou um bigode no rosto? Ambos usaram o termo galo nas entrevistas posteriores. Mas bastou Fabrício sacolejar Alvaro Damião para que o termo fosse proibido na torcida do Cruzeiro. Como se galo fosse algo valoroso. É comida de Raposa, afinal.

Torcida Atlético-MG Uberlândia Mineiro 12022017Atlético-MG/DivulgaçãoFoto: Bruno Cantini/Atlético-MG/Divulgação

No entanto, o intuito aqui não é investir nesta polêmica. Exemplos desta infantilidade linguística não são exclusivos de Minas. A torcida do Bahia, por exemplo, hoje não admite que os atletas falem que irão buscar a vitória porque Vitória é o nome do rival! Bruno Vicintin, por exemplo, tem todo o direito de abraçar esta corrente e não se referir ao Atlético-MG pelo nome. Não é o primeiro dirigente nem será o último. Mas tem responsabilidades concretas a zelar. E é sobre isso que quero tratar.

Alegando reciprocidade, o Cruzeiro avisou a FMF uma série de proibições a torcida e as ações do Atlético-MG, como a presença do seu mascote, no clássico deste sábado. Situação triste, mas necessária em um contexto em que o rival faz o mesmo.    

A fala de Bruno Vicintin sobre a decisão, no entanto, é reveladora de uma disposição do Cruzeiro de mudar esta história. O dirigente celeste foi claro ao dizer que, pelo clube, o clássico seria disputado sempre com as duas torcidas dividindo o estádio. Um passo importante e concreto para resgatar este patrimônio do futebol mineiro.

Cruzeiro torcida 2016Foto: © Washington Alves/Light Press/Cruzeiro

E o que a imprensa fez desde então? Seguiu questionando as atitudes da diretoria cruzeirense, sem se atentar para a proposta azul. A opção pela crítica ao invés de pressão sobre o Atlético-MG para também se posicionar a favor da torcida dividida, e recuperar esta tradição, diz muito. Principalmente sobre a hipocrisia de quem, com o microfone na mão, cobra o retorno da divisão do estádio, mas não move uma palha para constranger os diretores que se colocam contrários a assumir suas responsabilidades.

O Atlético-MG tem todo o direito de jogar os clássicos no Independência, mas enquanto a Polícia Militar de Minas Gerais e outros órgãos entenderem que isto inviabiliza a divisão do estádio entre as torcidas, esta opção significa a interdição do clássico com as arquibancadas preenchidas igualmente por ambos os clubes.

Na discussão atual, é fundamental que isto seja dito. Não adianta falar "que saudade do clássico meio a meio" e não fazer a sua parte.


VEJA TAMBÉM:


d32cc949f4ef6c736efbe1b9b6b968083185efb5

João Henrique Castro é professor, historiador e, obviamente, cruzeirense. Daqueles que sabe que nada brilha mais no céu do que as cinco estrelas que traz no peito.

Publicidade

ENJOYED THIS STORY?

Add GOAL.com as a preferred source on Google to see more of our reporting

0