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Isco Alarcon Atletico Madrid Real Madrid UEFA Champions League

Na Arte da Guerra, e sem depender de CR7, Real Madrid faz prevalecer vantagem e chega forte para final da Champions League

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Por Tauan Ambrosio 

“Quando cercar o inimigo, deixe uma saída para ele; caso contrário, ele lutará até a morte”. A frase é uma das várias lições contidas no livro ‘A Arte da Guerra’, obra milenar atribuída a Sun Tzu. Depois que sofreu uma pesada derrota por 3 a 0, na ida da semifinal contra o Real Madrid, o Atleti já parecia ter se despedido do sonho de chegar à grande decisão da Champions League, que será disputada em Cardiff.

Vendo o seu time sem saída, os colchoneros voltaram a demonstrar apoio irrestrito desde a pesada derrota da última semana. Na frente da concentração do clube, a torcida deu o tom do que aconteceria em campo. Em destaque, a frase: “até a última gota de sangue”. O lado alvirrubro da cidade queria, antes de acreditar em uma classificação muito improvável, ver os jogadores deixarem tudo na última noite europeia do estádio Vicente Calderón.

E enquanto parecia que o Atleti não teria saída, os comandados de Diego Simeone foram gigantes em campo. O início de jogo foi espetacular, com duas defesaças feitas pelos goleiros em menos de dez minutos de bola rolando. Mas os donos da casa foram melhores: aproveitando cobrança de escanteio, Saúl Ñíguez cabeceou para o fundo das redes aos 12’ e Griezmann converteu [de maneira bizarra, e contando com falha de Keylor Navas] pênalti sofrido por Fernando Torres aos 16’.

Saul Niguez Atletico Madrid Real Madrid Champions LeagueGetty ImagesAntoine Griezmann Atletico MadridGetty ImagesCom Saúl e Griezmann, Atleti fez 2 a 0 com 16 minutos (Fotos: Getty Images)

A intensidade fez com que o Atlético de Madrid voltasse a lutar, efetivamente, pela classificação: mais um gol, o placar da ida já seria igualado. Os colchoneros já não estavam mais acuados. Só que a partir de então, com o 2 a 0 no placar a equipe de Simeone recuou demais. Pouco a pouco, o Real Madrid se recuperou dos golpes sentidos e começou a controlar a partida: cercou o inimigo, que já não se sentiria acuado.

Essa superioridade do Real Madrid a partir dos 2 a 0 do Atleti coincidiu com o momento mais brigado da partida: em 26 minutos, o time da casa fez sete faltas [dentre as 12 cometidas no primeiro tempo] e recebeu dois cartões amarelos – contra um para Sergio Ramos, do outro lado. Nervosos, os jogadores rojiblancos confundiam o excesso de vontade com aquela violência que, se não era desleal também não permitia que o jogo seguisse. Enquanto isso, os merengues mostravam superioridade com a bola e sem ela: ganharam mais divididas [41 a 29], davam e acertavam mais passes [285 no primeiro tempo, com 87,7% de precisão].

Gabi Cakir Atletico Madrid Real Madrid UEFA Champions LeagueGetty ImagesApós os 2 a 0, Atleti demonstrou nervosismo (Foto: Getty Images)

O Atleti teria que rezar para o juiz encerrar a primeira etapa, porque o gol madridista parecia questão de tempo. E, de fato, foi! Em noite inspirada, Benzema voltou a mostrar que não é um mero centroavante: acuado na linha de fundo por três marcadores, o francês parecia estar sem saída e resolveu ousar. Usou de dribles rápidos e contou com a falha defensiva do rival para passar limpo pelos adversários e rolar a bola para o arremate de Kroos. Oblak fez mais uma defesaça no chute do alemão, mas na sobra de bola os colchoneros voltaram a demonstrar nervosismo e não conseguiram afastar o perigo. Isco apareceu e conferiu: 2 a 1.

Cristiano Ronaldo Isco Alarcon Atletico Madrid Real Madrid UEFA Champions LeagueGetty ImagesIsco praticamente garantiu classificação... e CR7 provocou a torcida (Foto: Getty Images)

O gol de Isco, que basicamente decretou o lugar do Real Madrid em sua 15ª final de Champions, não era óbvio apenas pela crescente superioridade merengue. Afinal de contas, há 61 confrontos seguidos a equipe de Zidane não sabe o que é deixar o campo sem estufar as redes. A única saída da equipe de Simeone era marcar mais três gols. Embora sem a intensidade do primeiro tempo, os colchoneros até conseguiram levar muito perigo na etapa derradeira. Só que aí apareceu o talento de Keylor Navas, que fez quatro grandes defesas para manter a tranquilidade do lado merengue.

No ataque, Benzema quase emplacou mais uma jogada de efeito antes de ser substituído, aos 77’. Cristiano Ronaldo também tentou deixar a sua marca, foi o jogador que mais arriscou chutes a gol na partida (6, sendo que apenas 2 na direção certa), mas não era dia de brilhar individualmente. Talvez uma justiça dos deuses do futebol, cientes de que qualquer gol do português pode ofuscar outros acontecimentos. As atenções eram todas para as camisas brancas e alvirrubras, afinal de contas era o último clássico de Madri no icônico Vicente Calderón.

Atletico Madrid chuva Real Madrid Calderon Champions League 10 05 2017Getty ImagesReconhecimento colchonero ao show da torcida (Foto: Getty Images)Cristiano ROnaldo Real Madrid 10 05 2017Getty ImagesReal Madrid não foi dependente de CR7 (Foto: Getty Images)

Quando a chuva torrencial entrou em campo, já na metade final do segundo tempo, foi o toque poético que faltava para uma partida de tamanha importância. E que não decepcionou! A torcida colchonera não se abalava pela eliminação óbvia, e o estádio vibrava ao som da música “quem não pula, é madridista”. Fanáticos, eles abraçam o sofrimento e juram que não preferem ser iguais aos arquirrivais. Foi um show à parte, e se a classificação para a final não veio ao menos a despedida europeia de casa foi com vitória sobre o grande inimigo.

Do outro lado, o Real Madrid mostrou que não depende apenas de Cristiano Ronaldo. A camisa pesada, acostumada a decisões, se fez presente no bom futebol jogado por um time que tem excelência em todos os setores. Desde que a chamada ‘era moderna’ da Champions League começou, em 1992-93, nenhum clube conseguiu defender o seu título europeu. Os comandados de Zidane têm grandes chances de quebrarem essa marca, e para isso reencontram a Juventus em um duelo de gigantes.

Daqui até o dia 3 de junho, quando a finalíssima será disputada em Cardiff, mais uma frase escrita por Sun Tzu, na Arte da Guerra, vai ditar as atenções de técnicos e jogadores merengues ou juventinos: “Conheces teu inimigo e conhece-te a ti mesmo; se tiveres cem combates a travar, cem vezes serás vitorioso”. A questão é adivinhar quem vai triunfar no final das contas. De qualquer maneira, que seja na arte de jogar futebol.

Números do jogo

Real no 4-3-1-2, com Isco atrás de CR7 e Benzema


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