Por Luís Butti, de São Paulo 
Cássio Ramos é um vencedor. Ganhou absolutamente tudo o que disputou pelo Corinthians. Substituindo o também multicampeão Júlio César, Cássio entrou para a história, tendo o seu auge em 2012 e 2013. Cássio, em pouco tempo, operava milagres todo mês e se tornava um goleiro quase incontestável no Futebol Brasileiro.
Natural, que entre um milagre e outro, também houvesse algumas bizarrices, como rebotes, saídas equivocadas do gol e até frangos. Natural para goleiros. Até Taffarel, para mim, o maior goleiro brasileiro de todos os tempos havia uma série de falhas (uma delas, na Bolívia em 1993, lembram?).
Então, era aceitável que Cássio também as tivesse.
Quando Tite estava prestes a tirar seu ano sabático, Cássio deu uma caída de nível. Assim como boa parte do elenco do Corinthians, principalmente os remanescentes de 2012.
O goleiro, mesmo com a sombra do também excelente Walter em 2014 e 2015, se redime da falha grotesca contra o Guarani (PAR) e faz um Brasileirão 2015 muito bom, na maior campanha de todos os tempos de um clube brasileiro em um torneio nacional.
Era um grande Cássio em 2015. Mas não era um novo auge.
Friedemann Vogel/Getty Images(Foto: © Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)
Salvo raríssimas exceções, para qualquer jogador, o auge é apenas um só.
Principalmente para goleiros.
Cássio tinha tudo para deslanchar mais uma vez. Mas veio a grande derrota de sua vida profissional.
Desmanche e sistema defensivo frágil à parte, 2016 foi um ano pavoroso para o arqueiro corinthiano. Ruim. Fraco mesmo. O nível de Cássio despencava para um nível de Série B. Desentendimentos com Mauri Lima e com Walter ganhando força. Parecia o fim da linha no Corinthians.
Morte da avó ? Negociação mal sucedida para o Besiktas ? Sobrepeso ? Difícil cravar a verdadeira razão da queda brusca.
Mas o grande espanto é 2017. Cássio, sob desconfiança geral, emagrece, treina, entra no ritmo, vira titular de novo e faz um semestre espetacular. Tão fantástico quanto o segundo semestre de 2012, embora com adversários menos qualificados.
O que Cássio fez ontem em Goiânia é um marco. Um simbolismo da prova que podemos ver um segundo auge do goleiro do Corinthians. Cássio, para a minha surpresa, reagiu e virou novamente o monstro de 2012.
Talvez, até maior.
Óbvio, Cássio falha como qualquer goleiro bastante exigido.
Mas confesso, não me lembro de um goleiro atingir um segundo auge em tão pouco tempo após o pior ano de sua carreira.
Cássio não irá à Copa 2018. Mas, cá entre nós, bem que merecia.
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Luís Butti é redator publicitário, compositor e corintiano das antigas. Adora música, polêmica e redes sociais. É a favor do mata-mata e vê na Arena Corinthians o seu "Jardim do Éden"... |



