Por Luís Butti, de São Paulo 
Terça-Feira, dia 8 de Maio de 2017. O Corinthians é mais uma vez Campeão Paulista. Empatou com a Ponte Preta por 1 a 1 na Arena Corinthians no domingo passado e levantou o 28º Troféu do Torneio. Mais uma vez, o gol foi de Angel Romero, o maior artilheiro da história da Arena Corinthians até o presente momento.
O gol do título foi feito pelo paraguaio mais amado entre os odiados na Fiel.
Romero não é lá muito habilidoso e apanha da bola. Com sua típica feição de índio guarani, largou o irmão gêmeo e o interior do Paraguai para brilhar na cidade grande, atraído pelo sucesso. Voluntarioso, nunca desiste da disputa, mesmo que invariavelmente passe vergonha na lateral, vendo a bola escapar ou o adversário lhe roubar. E quase sempre, mesmo com essas dificuldades, a bola sobra para Romero e o mesmo encontra o gol. Curiosamente, este gol, muitas vezes é cornetado por não ser um gol decisivo. Um jogador que a Fiel ama, e ao mesmo tempo deseja que desapareça. Um sentimento meio volúvel, variado.
Algo extremamente ilógico, fantasioso, quase difícil de entender ou contemporizar.
Romero é um anti-herói.
E, vendo as características a conclusão que Romero é um Macunaíma do Corinthians. O personagem de Mário de Andrade se faz presente no atacante corinthiano. O multi-culturalismo, a atração pela cidade grande, o indígena. O anti-herói ideal.
Rodrigo Calvozzo/Goal Brasil
Ag. CorinthiansFotos: Rodrigo Calvozzo/Goal e © Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians
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A única diferença é que Romero, ao contrário do personagem, de preguiçoso não tem nada. Muito pelo contrário.
Romero, sem saber, entrou para a história do Corinthians. Decidiu o Paulistão mais importante dos últimos quarenta anos. Fez o mesmo que Basílio, num embate histórico roteirizado pelos Deuses da Bola. Tinha que ser assim. Não podia ser outro.
O cenário perfeito do torcedor corinthiano é o quadro mais imperfeito que o Planeta Bola ousou pintar.
Romero não podia nunca fazer este gol. Ele não. De jeito nenhum. O gol que selava quarenta anos depois de 1977, encontrando a mesma Ponte Preta lá da quebra do Tabu, com Basílio e cia, era muito histórico pra ser dele.
Mas fez. Por ser o avesso do avesso. O homem que se sentiu atraído pela selva de pedra, que apanha da bola e faz isso quantas vezes for preciso.
Romero é um perfeito Macunaíma. Em preto, branco e idioma guarani.
ROMERO: números no Paulistão 2017
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Luís Butti é redator publicitário, compositor e corintiano das antigas. Adora música, polêmica e redes sociais. É a favor do mata-mata e vê na Arena Corinthians o seu "Jardim do Éden"... |



