
É claro que o torcedor gremista tem motivos para lamentar a derrota para o Real Madrid, por 1 a 0, gol de CR7, nos Emirados Árabes, no último sábado (17). Porém, o fato é que a realidade das equipes sul-americanas no Mundial de Clubes da FIFA mudou drasticamente nos últimos anos.
A diferença de arrecadação entre clubes europeus e sul-americanos fez com que o abismo crescesse a tal ponto que o esporte jogado nos dois continentes nem parece o mesmo. E quando o adversário é um time triturador de recordes, com um jogador da qualidade de Cristiano Ronaldo, as coisas parecem beirar até mesmo o impossível.
Giuseppe Cacace I Getty Images
(Foto: Giuseppe Cacace I Getty Images)
Quando o Barcelona atropelou o Santos, em 2011, o cenário era parecido. Mas o impacto foi mais doloroso por causa do placar elástico [4 a 0], da expectativa criada e do choque de realidade para aqueles que ainda colocavam em pé de igualdade o futebol europeu dos clubes de elite aos demais.
No ano seguinte, 2012, o Corinthians bateu o Chelsea naquele que segue como último triunfo de um sul-americano no Mundial de Clubes. Uma conquista enorme e merecida, mas vale ressaltar que ao contrário de Real Madrid, Bayern ou Barcelona – equipes de futebol ofensivo que foram campeãs desde então – aquele Chelsea conquistou a Champions League com uma identidade de jogo mais direcionada para a defesa. Ainda sendo teoricamente superior ao time paulista, era um confronto menos discrepante.
Vale lembrar que três clubes sul-americanos também caíram nas semifinais, para equipes que no passado seriam consideradas ‘café-com-leite’: em 2010 o Mazembe levou a melhor sobre o Inter, o Raja Casablanca desbancou o Atlético-MG em 2013 e o Kashima Antlers acabou com o sonho do Atlético Nacional em 2016.

(Foto: KARIM SAHIB/Getty Images)
Ao bater, a duras penas, o Pachuca para chegar na grande decisão, o Grêmio cumpriu com a sua missão principal. Porque hoje, infelizmente, o prêmio dos times é enfrentar os grandes astros do futebol europeu. Ganhar é apenas um sonho, que pelo andar da carruagem estará cada vez mais longe de se transformar em realidade. Mesmo que o troféu seja mais importante para todos os demais continentes que não são a Europa.
Perder para o Real Madrid não é fracasso. Ao menos não neste cenário que o futebol atual vive. Por isso o mais importante para o gremista seguirá sendo as lembranças da campanha na Libertadores: as defesas milagrosas de Marcelo Grohe, o improvável gol de Cícero na final disputada em Porto Alegre e o show de bola dado pelo Tricolor no primeiro tempo da disputa derradeira em Lanús. Isso vale muito mais do que um mundial.




