+18 | Conteúdo Comercial | Aplicam-se termos e condições | Jogue com responsabilidade | Princípios editoriais
Pep Guardiola EnglandGOAL

Título com a Inglaterra encerraria debate e confirmaria Pep Guardiola como maior técnico da história

Quando a Inglaterra enfrentou a Grécia na Liga das Nações na quinta-feira passada (10), historicamente, os Três Leões eram os únicos na disputa a nunca terem vencido uma Eurocopa. O país perdeu as duas últimas finais do torneio, em 2021 e 2024, e esse foi o mais perto que chegaram da glória continental no futebol masculino.

A famosa frase "30 anos de dor" já terá se tornado 60 quando a próxima Copa do Mundo chegar – estaremos tão distantes da Euro 1996 quanto o lançamento da música do Lightning Seeds em relação à Copa do Mundo de 1966. Desculpe por fazê-lo se sentir velho e possivelmente entrar em uma crise existencial, mas esta é a pura verdade.

A Inglaterra tem uma vaga em aberto para ver quem ficará no comando técnico, e Thomas Tuchel deve ser confirmado como o vencedor da disputa. Entretanto, um dos principais candidatos ao cargo era Pep Guardiola, cujo contrato com o Manchester City expira no final da temporada. O espanhol deixou um rastro de sucesso por onde passou, e isso se estende aos países em que trabalhou em geral.

Alguns comentaristas, como Roy Keane, deixaram claro à FA (Associação de Futebol da Inglaterra) de que precisavam "ir atrás do melhor", que é, inegavelmente, o treinador catalão. Há uma ideia de que a seleção inglesa estaria em ligeira desvantagem ao tentar atrair Guardiola, mas isso não é verdade – na realidade, ele precisaria desse trabalho mais do que eles precisam dele.

  • TOPSHOT-FBL-WC-2014-MATCH64-GER-ARGAFP

    Base por Espanha e Alemanha

    Seria precipitado afirmar que os sucessos da Espanha e da Alemanha em Copas do Mundo foram resultado do trabalho de Guardiola nesses países na época dessas glórias, mas seria igualmente cínico sugerir que ele não influenciou, ao menos em parte, a maneira como essas seleções chegaram ao topo.

    A Espanha, embora tradicionalmente uma equipe focada na posse de bola, apoiou-se fortemente nas relações e parcerias construídas dentro do Barcelona de Guardiola - lembra quando havia um debate genuíno sobre se Lionel Messi deveria ter optado por representar a Fúria? O Barça era a equipe ideal daquela geração, e o técnico da Espanha, Vicente del Bosque, implementou um estilo de jogo de ritmo mais baixo, que imitava aquele time, mas adaptado às diferentes exigências do futebol de seleções.

    É claro que a Alemanha é sempre favorita em praticamente todas as partidas que joga, e Guardiola havia estado no Bayern de Munique por apenas uma temporada, mas a equipe já tinha uma nova agressividade e inteligência para jogar em 2014 - algo que não se viu na Euro 2012.

    Seja mera coincidência ou de propósito, Guardiola acumulou crédito suficiente para que muitos acreditem que ele teve um papel em influenciar o jogo da seleção por meio de uma espécie de osmose futebolística. Isso deve valer para algo, e esse processo se estendeu ao seu tempo na Inglaterra.

  • Publicidade
  • Manchester City FC v Brentford FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Mudando o futebol inglês

    Guardiola não trouxe apenas princípios como sair jogando desde a defesa e dominar a posse de bola para o futebol inglês, mas acelerou essas tendências e as aperfeiçoou. Por toda a pirâmide, há equipes tentando atrair a pressão ou construir jogadas desde a defesa, algo que poderia ter acontecido eventualmente, mas não em uma trajetória tão rápida, e às vezes, imprudente.

    Quando o City estava prestes a conquistar o título da Premier League 2017/18 – o primeiro sob o comando de Guardiola e com um recorde de 100 pontos – John Stones falou sobre o impacto que o técnico teve na seleção e o que o então técnico Gareth Southgate estava aproveitando.

    "Acho que tentamos trazer todos os atributos e o que aprendemos com Pep para a seleção inglesa, e estamos abertos a aprender com Gareth também", declarou o zagueiro. "Trabalhamos duro no centro de treinamento com Pep, aprendemos muitas coisas, estilos diferentes de jogo, como jogar contra diferentes formações. Acho que isso te dá uma vantagem ao chegar na seleção, e podemos compartilhar nossas ideias também."

    Southgate supervisionou o período mais bem-sucedido da história da seleção masculina da Inglaterra desde os anos 60, com sua famosa gestão de pessoas trabalhando em conjunto com a excelência tática e técnica dos jogadores.

  • Finland v England - UEFA Nations League 2024/25 League B Group B2Getty Images Sport

    Um técnico "world-class" para o cargo?

    O técnico interino Lee Carsley está em dúvida se deveria assumir o cargo de forma definitiva, mas deixou um aviso preocupante após a vitória fora de casa contra a Finlândia no domingo: "Este cargo merece um técnico de nível mundial que já ganhou troféus, e eu ainda estou no caminho para isso."

    Essa parece ser a tendência no futebol internacional atualmente. Julian Nagelsmann substituiu Hansi Flick como técnico da Alemanha no ano passado, Mauricio Pochettino está no comando da seleção dos Estados Unidos, Luciano Spalletti está começando a ajustar a Itália, Luis de la Fuente teve sucesso com as categorias de base da Espanha (de forma similar a Carsley, para ser justo) e Thomas Tuchel é outro candidato a assumir a seleção da Inglaterra.

    Qualquer sonho fantasioso da FA de contratar Jurgen Klopp já acabou, "restando" Guardiola como o melhor técnico disponível para contratação. O mínimo que podem fazer é perguntar a ele sobre a possibilidade de assumir o lugar de Carsley.

  • FBL-EUR-C1-BRATISLAVA-MAN CITYAFP

    Foco em trabalhar por seleção

    Mesmo antes dos comentários recentes de Guardiola, que nem confirmaram nem negaram interesse na seleção inglesa, o técnico já havia deixado a porta aberta para o comando de uma seleção nacional.

    Quando perguntado, em março de 2024, o que ainda gostaria de alcançar, o catalão respondeu: "Uma seleção nacional. Gostaria de treinar uma seleção para uma Copa do Mundo ou uma Eurocopa. Eu gostaria disso."

    "Não sei quem gostaria de mim! Para trabalhar com uma seleção nacional, eles precisam querer você, assim como em um clube."

    Bem, então você está com sorte, Pep. Esta vaga surgiu em um momento perfeito para todas as partes envolvidas.

  • Manchester City v West Ham United - Premier LeagueGetty Images Sport

    Desvantagens do City

    Tudo bem, não é como se ninguém se importasse com o Manchester City; é mais porque o mundo da bola "se acostumou" com seus grandes triunfos. Eles não são tradicionalmente grandes quanto outros gigantes da Inglaterra, e seus gastos fervorosos desde a aquisição pelo Abu Dhabi United Group em 2008 trouxeram questionamentos sobre seus méritos esportivos, mesmo antes das 115 supostas infrações das regras financeiras do Campeonato Inglês.

    As linhas de batalha já foram traçadas nesse debate, e nenhum dos lados vai ceder. É uma guerra que se desenrolará nos tribunais e marcará o discurso por anos. O City e seus aliados proclamarão sua inocência e seu direito de celebrar suas conquistas, mas não conseguirão influenciar a opinião pública de forma tão poderosa a ponto de tudo ser perdoado e esquecido.

    As honras e conquistas de Guardiola no Etihad Stadium podem não ser lembradas com tanto carinho pelas massas quanto as de seus dias no Barcelona e no Bayern. Por mais que ele tenha acumulado títulos e alcançado altos níveis de futebol nos últimos oito anos, ainda por cima foi um trabalho que encantou o público futebolístico em geral.

    Vale a pena notar que não restam dúvidas sobre a gestão de Guardiola no City - não há mais escolhas de time estranhas, colapsos inexplicáveis ou defesa consistentemente desorganizada. O que está em foco é o impacto cultural mais amplo do clube.

  • FBL-ENG-PR-NEWCASTLE-MAN CITYAFP

    Podendo encerrar o debate do maior técnico da história

    Guardiola poderia se aposentar hoje e ainda seria uma das escolhas favoritas dos fãs de futebol para o título de maior treinador da história do esporte. O que seria interessante para ele é encerrar esse debate de vez, de forma semelhante ao que Messi fez ao vencer a Copa do Mundo de 2022 com a Argentina.

    A maioria dos outros principais rivais ao topo do ranking se aventurou no cenário de seleções com um sucesso moderado. Sir Alex Ferguson liderou a Escócia, Arrigo Sacchi comandou a Itália e Rinus Michels treinou a Holanda em diferentes momentos. É um nível que Guardiola também pode alcançar e até superar, se tornando o homem que, de fato, acabou com mais de 60 anos de sofrimento.

    A Inglaterra tem um elenco talentoso, com experiência em torneios importantes, mas não tem um Messi, um domínio sobre seus concorrentes ou recursos ilimitados no mercado de transferências. Não há como qualquer sucesso com os Três Leões ser marcado por asteriscos e questionado da mesma forma que os outros três trabalhos de Guardiola em sua carreira de treinador.

    A verdade é que: a seleção inglesa precisa de um novo técnico, fato, mas Guardiola precisa mais ainda da oportunidade de comandar a Inglaterra e se consolidar como o maior da história.