Teimoso, Botafogo se levantou de 2023 para voltar a sonhar com títulos em 2024

Pegue o time-base da atual temporada, e a maior parte dos titulares chegou agora em 2024. O destaque óbvio é o ponta Luiz Henrique, trazido junto ao Real Bétis como contratação mais cara, em valores absolutos, da história do futebol brasileiro. Alguns meses depois, o argentino Thiago Almada chegaria ao Glorioso reescrevendo o recorde das cifras e já se firmando como titular regular.

Muito se fala, também, no dinheiro investido para montar o elenco botafoguense, mas vale destacar que vários outros jogadores foram “achados” e chegaram com valores praticados pela maioria dos outros clubes da primeira divisão brasileira. Foram os casos de Jefferson Savarino, Gregore, Igor Jesus, Alexander Barbosa e Cuiabano, especialmente.

A construção desta nova versão 2024 também passa bastante pelo trabalho do departamento de scout alvinegro. E de saber, desta vez, aproveitar situações do mercado. De última hora, e em meio à notícia da lesão de Cuiabano, o Botafogo ainda garantiu a chegada do lateral-esquerdo Alex Telles, que estava sem clube após deixar o Al-Nassr. O mesmo Al-Nassr que no ano passado tirou o técnico Luis Castro do Estádio Nilton Santos, marcando o que talvez tenha sido o prólogo daquela derrocada.

Mas ainda que novas contratações tenham sido feitas, é impossível não atrelar a ótima fase botafoguense ao comando do técnico Artur Jorge e de toda sua comissão. O português chegou pouco antes do início do Brasileirão e conseguiu trazer segurança técnica, tática e emocional. Tudo o que vinha faltando desde a saída de Luís Castro e durante as passagens turbulentas de Bruno Lage (2023) a Tiago Nunes (2023-2024). Focado e com os pés no chão, o discurso tranquilo anda em paralelo com a intensidade que sua equipe aplica.

O aproveitamento voltou a ser de time que briga forte para ser campeão, e as atuações também reforçam a candidatura botafoguense. Presente nas quartas de final da Libertadores e líder atual do Campeonato Brasileiro, o Botafogo é uma força a ser reconhecida independentemente de como será o capítulo final desta sua temporada. O grupo de 2024 é melhor e mais forte que o do ano anterior, e o treinador que faz grande trabalho segue na área técnica alvinegra.

Ainda que o roteiro de 2023 tenha sido cruel por si, o sentimento de desespero ao ver aquele Brasileirão escorrendo pelos dedos foi também pela sensação de que uma outra oportunidade não surgiria tão rápido. Mas surgiu. O Botafogo já liderou parte considerável da competição, mas desta vez não foi tratado como “elefante na árvore”. Existe o reconhecimento da capacidade técnica que o futebol do time pode apresentar, através de suas peças e do trabalho de seu treinador.

O Botafogo conseguiu passar pela maratona de agosto tendo goleado o Flamengo no Brasileirão e eliminando o Palmeiras na Libertadores – com direito a traumas evitados em meio à reação alviverde nos últimos minutos do jogo de volta. Perdeu nomes importantes como Eduardo e Júnior Santos, ambos lesionados, e até mesmo a eliminação na Copa do Brasil para o Bahia foi no limite das margens - e com expulsão questionável de Gregore ainda no primeiro tempo.

Em 2023, o Botafogo terminava a 25ª rodada do Brasileirão ainda na liderança isolada (52 pontos, sete de vantagem para o segundo colocado) mas com o técnico Bruno Lage demitido, após empate com o Goiás, e um claro viés de queda em seu caminho. Agora em 2024, a vantagem no topo da tabela é bem menor (50 pontos, dois de vantagem para um Fortaleza que ainda tem um jogo a menos) e a disputa será intensa até o fim. Mas o viés não aponta queda.

O Botafogo até pode terminar o ano sem títulos, mas dificilmente vai, de um momento para o outro, virar o pior time do mundo. E ainda há a possibilidade de o time melhorar após bons reforços nesta reta final de janela de transferências. Marlon Freitas, Tchê Tchê e Tiquinho Soares são alguns dos remanescentes de 2023 que seguem importantes em 2024, e Adryelson retornou agora emprestado pelo Lyon, mas hoje é difícil apontar um protagonista. Nos últimos meses, Luiz Henrique e o atacante Igor Jesus, que passou a ser o titular no comando de ataque, foram os que escreveram as manchetes. A força do Botafogo está no seu elenco. Quem diria!

• Alex Telles (lateral-esquerdo)

• Luiz Henrique (meia-atacante)

• Almada (meia-atacante)

• Savarino (meia-atacante)

• Igor Jesus (atacante)

• Vitinho (lateral-direito)

• Allan (meio-campista)

• John (goleiro)

• Gregore (meio-campista)

• Oscar Romero (meia-atacante)

• Matheus Martins (meia-atacante)

• Adryelson (zagueiro)

• Barboza (zagueiro)

• Halter (zagueiro)

• Cuiabano (lateral-esquerdo)

• Jeffinho (meia-atacante)

• El Arouch (meia-atacante)

• Pablo (zagueiro)

• Raul (goleiro)

• Damián Suárez (lateral-direito*)

*Negociado com o Peñarol