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Seleção brasileira de Dorival Júnior é a “mais Brasileirão” desde estreia de Tite, mas o que isso significa?

Uma constante dentro da seleção brasileira sob o comando de Dorival Júnior tem sido um discurso antigo, que volta e meia retorna: a busca por reaproximar a equipe canarinho do seu torcedor. Foi um dos argumentos utilizados pelo treinador, além das outras questões técnicas, para explicar a convocação de oito atletas que atuam em clubes do país – Pedro, do Flamengo, foi cortado por lesão, mas o zagueiro Fabrício Bruno, também do Rubro-Negro, foi chamado após o corte de Éder Militão.

A última vez que a seleção teve tantos jogadores do Brasileirão foi, em 2016, logo na primeira lista divulgada por Tite. Oito convocados oito anos depois. Isso, claro, desconsiderando o amistoso de janeiro de 2017 contra a Colômbia, em homenagem às vítimas do acidente da Chapecoense, onde apenas atletas que atuavam no Brasil foram chamados – uma ocasião completamente única, inesperada e sui generis.

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  • Fagner, Brasil apresentaçãoLucas Figueiredo/CBF

    Os 8 convocados de Tite em 2016

    Assim como tudo na vida, contexto é bem-vindo e necessário. Logo em sua estreia como técnico da seleção brasileira, Tite revelou que alguns jogadores do futebol europeu, que estavam sendo observados, ficaram fora da lista por conta de problemas físicos típicos de um começo de temporada – estávamos no meio do ano, vale destacar.

    “Alguns atletas europeus, por estarem retomando as atividades, ficam prejudicados nessa avaliação e retomada de ritmo. E alguns com lesão”, disse na época. Dentre os jogadores de Brasileirão convocados naquele final de mês de agosto, metade acabava de conquistar o primeiro -- e tão esperado -- ouro olímpico para o futebol nacional: Weverton (goleiro, naquela época ainda do Athletico-PR), Rodrigo Caio (São Paulo), Gabigol (Santos) e Gabriel Jesus (Palmeiras) receberam o esperado reconhecimento.

    Rafael Carioca (Atlético-MG), Marcelo Grohe (Grêmio) e Lucas Lima (Santos) estavam no auge de suas respectivas carreiras. E Fagner, lateral-direito do Corinthians, era homem de confiança de Tite e seguiu assim durante a maior parte da passagem do técnico gaúcho pela seleção brasileira. Tite premiou, em sua primeira convocação, os campeões olímpicos, alguns dos melhores jogadores do país naquele momento e escolheu um nome de confiança. Receita normal.

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  • Brazil v Haiti: Group B - Copa America CentenarioGetty Images Sport

    Os 9 de Dunga antes da queda

    O contexto de Olimpíadas também estava presente, meses antes, na convocação feita por Dunga para a Copa América de 2016. O técnico seria o responsável por estar à beira do campo nos Jogos do Rio de Janeiro, naquele ano, portanto seria natural incluir parte dos jovens que estariam em sua lista. Rodrigo Caio (São Paulo), Douglas Santos (Atlético-MG), Walace (Grêmio) e Gabigol (Santos) eram os “olímpicos” da vez. Acontece que o Brasil, que já estava pressionado, sequer passou da primeira fase da competição continental, realizada nos Estados Unidos, e Dunga foi demitido antes da pira olímpica ser acesa na Cidade Maravilhosa.

    Elias (Corinthians) e Lucas Lima (Santos) estavam desde o início na lista de Dunga para aquela Copa América, que só totalizou nove convocados do Brasileirão porque Marcelo Grohe (Grêmio) foi chamado após Ederson (então no Benfica) ser cortado, mesmo caso de Paulo Henrique Ganso (São Paulo) após lesão e corte de Kaká (Orlando City). E apesar de Alisson ter sido creditado como jogador do Internacional, o goleiro já estava negociado com a Roma e se apresentou ao clube italiano logo após a Copa América Centenário.

  • FBL-WC-2026-SAMERICA-QUALIFIERS-BRA-ECUAFP

    O que mudou agora?

    Se lesões dos brasileiros na Europa motivaram Tite e Dunga, dentre outros motivos, a chamarem jogadores do Brasileirão em 2016, Dorival Júnior o fez por pura convicção neste setembro de 2024. E a grande curiosidade é que não incluiu, como vinha sendo praxe nas últimas décadas, goleiros. Todos os oito escolhidos pelo atual técnico são os ditos “jogadores de linha”. Vale lembrar que André, meio-campista do Fluminense, já se despediu de seus companheiros de time no Tricolor para se juntar ao Wolverhampton, da Inglaterra, em caso semelhante ao de Alisson em 2016.

    Os membros desta Seleção Brasileirão para a Data FIFA de setembro de 2024 foram, no final das contas e após cortes e reconvocações: Fabrício Bruno (zagueiro, Flamengo), William (lateral-direito, Cruzeiro), André (meio-campista, Fluminense), Gerson (meio-campista, Flamengo), Estevão (atacante, Palmeiras), Lucas Moura (meia-atacante, São Paulo) e Luiz Henrique (atacante, Botafogo). Ainda uma mescla de juventude e nomes mais experientes, mas é irrefutável a conclusão de que o Campeonato Brasileiro passou por uma grande melhora em seu nível técnico.

    O Brasil segue como mercado exportador de joias como Endrick e, agora, Estevão. Mas o poder aquisitivo de clubes como Flamengo fazem possível a compra e manutenção de gente como Pedro e Gerson, por exemplo. E o dinheiro novo que entrou no Botafogo, através de John Textor, convenceu Luiz Henrique a deixar o futebol espanhol para voltar ao seu país natal sob o sonho de voltar, também, à seleção brasileira – dito e feito.

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  • Brazil v Ecuador - FIFA World Cup 2026 QualifierGetty Images Sport

    Procuram-se protagonistas

    Nem todo jogador de futebol europeu convocado para o Brasil é protagonista de sua equipe, mas todo jogador do Brasileirão convocado para a seleção é, inevitavelmente, protagonista de seu time. Em um momento em que busca-se mais nomes acostumados ao protagonismo, isso não deixa de ser um fator relevante. Estevão é o cara do Palmeiras, Lucas Moura o do São Paulo, Luiz Henrique o do Botafogo, Pedro (cortado) e Gerson os do Flamengo.

  • O significado de tantos convocados

    No final das contas, o considerável número de “brasileiros” convocados para a seleção de Dorival Júnior ainda é algo isolado nesta Data FIFA de setembro. Mas já traz consigo alguns significados: reforça o Campeonato Brasileiro como terreno de grandes promessas, de Estevão ao próprio Luiz Henrique, mas acima de tudo deixa claro que protagonistas do futebol brasileiro entrarão sempre no radar. E isso serve como argumento na hora de convencer algum jogador a retornar para o país ou, ao menos, a não ir embora mais cedo do que já iria.

  • Brazil v Ecuador - FIFA World Cup 2026 QualifierGetty Images Sport

    CBF e seus produtos em choque

    Infelizmente, também reforça o quão absurdo é o calendário da CBF. Pois se os jogos do Brasileirão voltam cinco dias depois do Brasil x Paraguai de terça-feira, partidas importantes das quartas de final da Copa do Brasil serão disputadas pouco mais de 48 horas depois – com as participações do São Paulo de Lucas Moura e o Flamengo de Gerson e Fabrício Bruno.

    A própria CBF aceita que o intervalo mínimo seja de 66 horas entre um jogo e outro, e ainda que os atletas em questão não entrem em campo há, evidentemente, o desgaste das viagens. Mas pedir, à CBF, coerência e critérios claros é uma realidade ainda difícil. A entidade brasileira continua a, eventualmente, colocar seleção brasileira e seus clubes como se fossem não parceiros, mas sim competidores.

    “Em todas as abordagens que nos fazem, em qualquer cidade que estejamos, (o pedido) é que “não tirem os jogadores das nossas equipes”. Nós temos que começar a pensar de outra forma. A seleção brasileira é muito mais importante do que toda e qualquer situação”, disse Dorival Júnior ao anunciar sua mais recente convocação. Fácil para ele falar, obviamente.

    No final das contas, a seleção brasileira vai se reaproximar ainda mais de seu povo quando fizer o que não faz há muitos anos: encantar pelo futebol jogado e voltar a ser campeã mundial. De qualquer forma, o alto número de jogadores do Brasileirão convocados não deixa de refletir um viés de melhora no jogo jogado dentro de nossas fronteiras.

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