Power Ranking: as melhores seleções da América do Sul de olho nas Eliminatórias da Copa do Mundo

A geração que mudou a história do futebol chileno envelheceu, e não será uma tarefa fácil voltar a participar de uma Copa do Mundo. Os resultados mais recentes só agravam essa percepção.

Na Copa América, o Chile foi eliminado sem vitórias em um grupo que contava com Argentina, Canadá e Peru. Na última data Fifa, duas derrotas: 2 a 1 de virada em casa para o instável Brasil de Dorival Junior e uma goleada para a Colômbia por 4 a 0 que poderia ter um placar mais dilatado. Antes disso, havia perdido também para Argentina e Bolívia. O pior futebol das eliminatórias é do Chile atualmente.

A era positiva definitivamente acabou. Em 2018, o Peru voltou a uma Copa do Mundo após 36 anos de jejum. Para 2022, caiu nos pênaltis na repescagem contra a Austrália. No ciclo atual, mesmo com mais vagas, a missão peruana parece ser impossível.

O Peru colecionou resultados péssimos no começo de eliminatórias com o técnico Juan Reynoso, que acabou demitido. Com o uruguaio Jorge Fossati no comando, o desempenho se mantém ruim.

Na última data Fifa, os peruanos ao menos comemoraram a primeira vitória - um 1 a 0 sobre o Uruguai, que vive crise interna. A seguir, porém, visitaram o Brasil no Mané Garrincha e levaram uma goleada de 4 a 0. O sonho de voltar à Copa não deve ocorrer.

O sonho de uma primeira Copa do Mundo para a Venezuela começa a ficar ameaçado. A seleção vinotinto teve um início empolgante de eliminatórias, com direito a buscar um empate fora de casa contra o Brasil, mas agora completa seis jogos sem vencer.

A piora venezuelana ocorre ao mesmo tempo em que Paraguai e Bolívia passam a desempenhar melhor, inclusive subindo na tabela e deixando a equipe do norte do continente na oitava colocação, fora até da repescagem. Por sinal, o último jogo viu os paraguaios vencerem na Venezuela de virada, um resultado desastroso para o time da casa.

É vida nova para a Bolívia nas eliminatórias sul-americanas. Após quatro derrotas nos primeiros quatro jogos, La Verde venceu quatro partidas e entrou na zona de classificação à Copa do Mundo. O caos parece ter virado passado.

Foi um ano tenso no futebol doméstico, com o campeonato sendo interrompido por três semanas por causa de escândalo de manipulação de resultados. O brasileiro Antônio Carlos Zago fora o escolhido para arrumar a casa após a demissão do argentino Gustavo Costas, mas caiu depois da Copa América.

Agora sob o comando do boliviano Óscar Villegas, La Verde construiu seus melhores resultados. Primeiro apostou forte na altitude e superou a sensação Venezuela por 4 a 0 jogando em El Alto, a 4.150 m. Mas jogando a nível do mar, em Santiago, também venceu, superando o Chile em Santiago por 2 a 1, marcando o primeiro triunfo da Bolívia fora de casa em 31 anos.

Na última data Fifa, novamente em El Alto, derrotou a sensação Colômbia por 1 a 0. A seguir, foi atropelada pela Argentina por acachapantes 6 a 0 fora de casa. Caso não deixe esta goleada mexer com o espírito do time, o sonho pela vaga está vivo para a Bolívia.

O Paraguai não participa de Copas do Mundo desde 2010, quando só caiu para a campeã Espanha nas quartas de final. Voltar a um Mundial é uma tarefa difícil, mas não impossível.

A primeira vitória e o primeiro gol aconteceram somente na quarta rodada, em casa, contra a Bolívia. Os resultados indicam que a defesa segue firme, mas a produção ofensiva deixa muito a desejar. O segundo gol saiu contra o Brasil, no triunfo no Defensores del Chaco.

Nas últimas duas datas Fifa, dois resultados em casa animaram a torcida paraguaia. Primeiro, derrotou o Brasil por 1 a 0. A seguir, mais recentemente, dobrou a quantidade de gols feitos até então em nove jogos e venceu a Venezuela de virada por 2 a 1 para cravar o quarto jogo seguido sem perder. A melhora com o técnico Gustavo Alfaro, que assumiu o time em agosto, é nítida.

Presente em quatro das últimas seis Copas do Mundo, o Equador coleciona resultados importantes e mostra que deve ter condições de se classificar para o Mundial de 2026. A equipe poderia estar em situação melhor, mas perdeu três pontos como punição aplicada pela Fifa pela escalação irregular de Byron Castillo nas eliminatórias para a Copa de 2022.

Na última data Fifa, entretanto, protagonizou dois empates sem gols desanimadores. Em casa, no duelo das melhores defesas das eliminatórias, não conseguiu estufar as redes do Paraguai. Na partida seguinte, a seleção equatoriana pegou um Uruguai em crise, mas novamente terminou sem gols.

O clima não é bom no Uruguai. Terceiro lugar na Copa América, o time celeste não conseguiu vencer desde então. Além disso, vive bastidores quentes, com críticas ao modo como o técnico Marcelo ‘El Loco’ Bielsa trata os jogadores. As reclamações vieram inclusive do ídolo Luís Suárez, agora aposentado da seleção.

E a instabilidade se vê em campo. Nesta data Fifa, foi derrotado fora de casa pelo Peru, que até então não vencera nas eliminatórias. Já no Centenario, parou na boa defesa equatoriana e empatou por 0 a 0.

Os tropeços recentes ainda não parecem ameaçar a situação uruguaia na luta pela classificação à Copa do Mundo - está em terceiro lugar, com 16 pontos, cinco a mais que a Venezuela, primeira equipe fora até da repescagem -, mas indicam que a reconstrução da seleção após a saída dos medalhões Suárez e Edinson Cavani encontra percalços.

O risco de a seleção brasileira ficar fora de uma Copa do Mundo pela primeira vez é cada vez menor. Ainda que o desempenho seja instável, os resultados começam a sair para Dorival Junior. Na última data Fifa, venceu o lanterna Chile de virada por 2 a 1 fora de casa com gols dos botafoguenses Luiz Henrique e Igor Jesus. A seguir, em Brasília, deslanchou no segundo tempo para golear o frágil Peru por 4 a 0.

Desfalcado do lesionado Vinícius Junior, o técnico foi forçado a fazer mudanças no time titular e ainda testou novos nomes. Luiz Henrique, com dois gols e uma assistência, foi quem mais aproveitou a oportunidade recebida. Outro que se destacou foi Raphinha, de volta aos titulares depois de suspensão na convocação anterior, autor de dois gols de pênalti contra os peruanos.

Ainda há muito o que se definir no Brasil. Abner e Vanderson receberam chances nas laterais e tiveram atuações discretas, mas sem comprometer. Gerson e Bruno Guimarães foram seguros no meio-campo, enquanto Lucas Paquetá parece perder espaço. Neymar está perto de retornar aos gramados, enquanto ainda cabe a Dorival a solução de como fazer Vinícius Junior desempenhar melhor com a camisa amarela. Ficam temas a se resolver na seleção, mas ao menos em uma situação mais segura.

A sensação da América do Sul é a Colômbia. Se a Argentina tem a consistência e o peso da camisa do atual campeão mundial, são os colombianos que mostram o melhor futebol. Desde o Mundial de 2014 que a Colômbia não vivia um momento não inspirador.

Nas eliminatórias, são cinco vitórias, quatro empates e uma derrota. O revés ocorreu na última data Fifa diante da Bolívia na altitude cruel de El Alto (4.150 m), então não foi algo que chamasse atenção. Esta impressão se confirmou no jogo seguinte, quanto atropelou o Chile por 4 a 0.

A atual bicampeã da Copa América e campeã da Copa do Mundo segue como a equipe mais forte da América do Sul, ainda que demonstre estar em início de reconstrução.

Angel di María se aposentou oficialmente da seleção, enquanto Lionel Messi, que continua apesar dos 37 anos, foi desfalque na primeira data Fifa pós-Copa América por lesão. Os coadjuvantes da Argentina venceram fácil o Chile por 3 a 0 em casa, mas na sequência perderam pela primeira vez em cinco anos para a Colômbia na reedição da final da Copa América de 2024.

Messi voltou para os jogos mais recentes e participou do empate por 1 a 1 com a Venezuela em jogo marcado pelo gramado prejudicado por fortes chuvas. A seguir, porém, lembrou a todos quem é o campeão do mundo: o camisa 10 comandou o 6 a 0 no Monumental de Nuñez sobre a Bolívia com direito a três gols e duas assistências. A classificação para a Copa de 2026 vai ocorrer sem sustos, e se depender da experiência do grupo, a chance de lutar por uma nova taça é real.