O pesadelo continua: Cristiano Ronaldo segue sem conseguir fazer o Al Nassr decolar

Quando Ronaldo tomou sua decisão e deixou a Europa para se tornar o futebolista mais bem pago do mundo em dezembro de 2022, o Al Nassr estava voando alto e confortável no topo da classificação da Liga Saudita. Ele não estava entrando em um time mediano ou em times pequenos das regiões inferiores da divisão. No entanto, acabaram perdendo o título por uma diferença de cinco pontos para o Al Ittihad, que naquele momento nem sequer tinha assinado com jogadores como Karim Benzema ou N'Golo Kante. CR7 estava sem um título de liga antes mesmo do "boom" saudita ter começado.

Uma conclusão lógica seria que Ronaldo precisava de uma pré-temporada completa para se entrosar com seus colegas de equipe. O resultado ilógico foi o Al Nassr terminando a impressionantes 14 pontos atrás do Al Hilal na temporada 2023/24, que foi campeão, que mesmo na ausência de Neymar, ficaram invictos e ganharam 31 de suas 34 partidas. Não havia, e ainda não há, muita diferença entre os dois elencos no papel.

O sucesso tem escapado de Ronaldo na Champions da Ásia e na Copa do Rei, com seu único troféu nas cores amarela e azul vindo antes do início da última temporada, quando venceram o Al Hilal na final da pré-temporada da Arab Club Champions Cup nos pênaltis - a única das três disputas de pênaltis que eles venceram durante aquela campanha. Isso é um resultado bastante decepcionante pelos padrões do gajo, embora não seja apenas o recorde do Al Nassr que tenha se mostrado decepcionante e às vezes instável.

O Al Nassr aproveitou ainda mais a crescente popularidade da Liga Saudita ao contratar Sadio Mane e Aymeric Laporte ao seu elenco após a chegada de Ronaldo, enquanto Marcelo Brozovic, Alex Telles e Otavio também passaram pelas portas do Al Awwal Park para fortalecer o núcleo da equipe. Seko Fofana, Bento e Mohamed Simakan também se juntaram em 2024.

Notavelmente, isso ainda não foi suficiente para colocar o clube no posto de o melhor time da Arábia Saudita. Houve alterações na área técnica para tentar encontrar o equilíbrio certo também, com Rudi Garcia deixando seu cargo no final da temporada 2022/23 antes de ser substituído por Luis Castro. Ele foi então sucedido pelo treinador campeão italiano do Milan, Stefano Pioli, em setembro.

Mas não importa quem esteja no comando, o Al Nassr tem enfrentado os mesmos problemas repetidamente - eles conseguem destruir qualquer equipe claramente inferior a eles, mas não são capazes de conquistar resultados contra as equipes mais fortes da liga. A margem de erro no topo é muito pequena, e é um caminho que o time não conseguiu trilhar com sucesso até este ponto.

Os números de Cristiano continuam impressionantes como sempre - nove gols e três assistências em 12 jogos de clubes já nesta temporada - embora haja um reconhecimento local de que ele parece desconfortável em seu papel de centroavante, mesmo com a equipe montada especificamente para fornecê-lo.

Pioli, percebendo que o futebol na Arábia Saudita não é tão rápido ou taticamente complexo como na Europa, tentou fazer com que o "Robozão" voltasse a áreas mais abertas que ele estava acostumado a dominar no início de sua carreira. Para o crédito do italiano, seu jogador o retribuiu com uma série de boas atuações, mesmo que os resultados nem sempre tenham vindo, enquanto ele ainda não tem um gol em jogada aberta na liga desde agosto.

Do ponto de vista do jogo, Ronaldo simplesmente precisa ganhar o Campeonato Saudita ou a Champions League da Ásia se seu período no Al Nassr for considerado um sucesso, mas tais glórias parecem sonhos impossíveis no momento. Até suas explorações com a seleção nacional de Portugal trouxeram a iminente finitude de sua carreira para o centro das atenções.

O empate por 0 a 0 da seleção portuguesa contra a Escócia em sua rodada de outubro da Nations League não frustrou ninguém mais do que Ronaldo, cuja petulância em sua busca por mil gols na carreira se tornou o ponto de discussão após o jogo em Hampden Park. Assim como no Al Nassr, Portugal não conseguiu encontrar uma maneira de fazer o jogo ao redor de CR7 funcionar.

"Cristiano Ronaldo pode sentir que sua carreira está chegando ao fim em breve, e isso provavelmente explica seu comportamento contra a Escócia. Seu ego o tornou o jogador que é hoje. Mas eu não era um grande fã de suas palhaçadas na Euro - ele colocou seus interesses à frente dos interesses de Portugal," disse Didi Hamann brutalmente.

"Ronaldo marcou alguns gols na Liga das Nações, mas isso o torna um time melhor? Não tenho certeza, eles são um time extremamente talentoso que poderia vencer esses jogos sem ele. Ronaldo está em um ponto de sua carreira onde ele precisa começar a priorizar o time em vez de si mesmo. Não estou certo de quanto poder o treinador tem na seleção do time, o que é um grande problema. Ficaria muito surpreso se Cristiano Ronaldo alcançar 1000 gols na carreira, não acho que ele consiga continuar por tanto tempo."

O tema recorrente na reta final da carreira de Ronaldo é que, apesar de seu brilho, ele não é mais o melhor. Para um dos trabalhadores mais dedicados do esporte fora de campo e alguém que se orgulha de ser o número um, isso deve ser doloroso.

Mesmo na Arábia Saudita, o lugar pelo qual ele se atribui à popularidade no mundo do futebol, Ronaldo tem sido ofuscado e superado. Não é apenas seu eu presente que sofreu um golpe no ego.

Essas verdades indesejadas já se reforçaram algumas vezes esta semana, começando na terça-feira (29), quando Pep Guardiola comentou sobre as recentes polêmicas da Bola de Ouro, rotulando Cristiano, cinco vezes vencedor, como um "monstro", mas filho do rival de carreira Lionel Messi.

"E Messi, ninguém poderia vencê-lo. Apenas Cristiano. Cristiano era um monstro, e o pai do monstro é Messi," disse Guardiola. Você realmente acha que Ronaldo teria gostado de ler essa citação?

No entanto, a terça-feira de Ronaldo ainda teve algumas baixas novas para suportar. Mais tarde, o Al Nassr recebeu o Al Taawoun nas oitavas de final da Copa do Rei e era amplamente favorito para avançar às quartas de final.

Isso encerrou um dia horrível para CR7. O Al Nassr mal conseguiu fazer passes e foi pobre em bola jogada. Eles mereceram perder por 1 a 0 no final, e o pênalti cômico de Ronaldo, que foi muito mal batido e não conseguiu empatar o jogo nos acréscimos, piorou ainda mais sua miséria.

Pênaltis costumavam ser o pão com manteiga de Ronaldo, as certezas, os gols garantidos, os sem complicação. Esse último erro se junta ao seu desperdício por Portugal contra a Eslovênia na Euro 2024 entre seus recentes momentos negativos.

A atenção em torno do "7" é negativa novamente, mas ele e seus companheiros de equipe do Al Nassr têm uma chance de redenção nos próximos dias, por mais improvável que isso possa parecer.

A tarefa de vencer o Al Hilal não é simples, como todos os novatos da Saudi Pro League descobriram nos últimos 18 meses. Sua última derrota na liga ocorreu em abril de 2023, passaram por toda a temporada 2023/24 com apenas três derrotas em 59 jogos em todas as competições e iniciaram a nova campanha com 14 vitórias consecutivas, incluindo cobranças de pênaltis.

Se os comandados de Jorge Jesus escaparem da visita ao outro lado de Riad ilesos, ou melhor ainda, como vencedores mais uma vez, então Al Nassr e Ronaldo podem se despedir de suas esperanças de título. Um déficit de nove pontos quase certamente se provará impossível de reveter, mesmo com três quartos da campanha ainda por jogar.

Há ainda um aspecto positivo nisso, no entanto. Se Cristiano Ronaldo for o responsável por interromper a sequência do Al Hilal, então isso pode ser o impulso necessário para o seu time mudar o rumo da temporada. De repente, estará em ascensão novamente e terá mais uma chance de redenção. Mas é extremamente difícil imaginar que isso aconteça.

A temporada do Al Nassr e de Ronaldo depende da vitória na sexta-feira (1), contra o rival e líder da tabela. Sem ela, eles podem muito bem descartar a campanha, e a aventura saudita de CR7 será lembrada como repleta de fracassos.