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Palmeiras v Flamengo - Copa CONMEBOL Libertadores 2025 FinalGetty Images Sport

O que é a "mentalidade Bayern", que o Flamengo quer botar em prática em suas novas contratações

O movimento recente do Flamengo no mercado não se resume a nomes, cifras ou carências pontuais do elenco. Por trás de propostas agressivas, negociações com rivais diretos e um discurso cada vez mais alinhado à cultura europeia, há um conceito claro sendo colocado em prática: a chamada “mentalidade Bayern”. A ideia, assumida nos bastidores, é transformar vantagem financeira, organização administrativa e força esportiva em um ciclo contínuo de domínio no cenário nacional.

Esse conceito ficou evidente com a investida rubro-negra por Kaio Jorge, destaque do Campeonato Brasileiro pelo Cruzeiro. A negociação chamou atenção pelo valor envolvido, e simbolismo: buscar um dos principais jogadores de um concorrente direto ao título do Brasileirão 2025 e artilheiro da competição. É uma lógica conhecida no futebol europeu e historicamente associada ao Bayern de Munique, que construiu hegemonia na Alemanha reforçando o próprio elenco enquanto enfraquecia adversários.

No Flamengo, o entendimento é que dinheiro não é o problema. Com faturamento recorde, caixa saudável e receitas recorrentes acima da média do futebol brasileiro, o clube entende que chegou ao estágio em que pode escolher como investir. A “mentalidade Bayern”, nesse contexto, passa menos por gastar mais e mais por gastar melhor, com estratégia.

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  • O que significa, na prática, a “mentalidade Bayern”

    No futebol, a expressão “mentalidade Bayern” é usada para definir uma política esportiva baseada em três pilares: contratação de jogadores prontos, aproveitamento de oportunidades no mercado interno e fortalecimento estrutural contínuo. Ao longo das últimas décadas, o clube alemão consolidou sua hegemonia nacional ao contratar destaques de rivais diretos, reduzindo a competitividade interna enquanto elevava o próprio nível técnico.

    Casos emblemáticos não faltam. Michael Ballack deixou o Bayer Leverkusen em 2002. Mario Götze, Robert Lewandowski e Mats Hummels saíram do Borussia Dortmund em momentos-chave da rivalidade. Manuel Neuer e Leon Goretzka foram buscados no Schalke. Em comum, todos eram protagonistas em concorrentes diretos e chegaram ao Bayern já prontos para jogar.

    Essa lógica além de pedender de poder financeiro, conta com estabilidade institucional, ambiente competitivo e uma cultura vencedora clara. O recado é simples: quem quer ganhar tudo, precisa ter os melhores — inclusive os melhores do adversário.

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  • Kaio Jorge e a tentativa de enfraquecer um rival direto

    A proposta do Flamengo por Kaio Jorge se encaixa perfeitamente nesse modelo. Artilheiro do Brasileirão e peça central do projeto esportivo do Cruzeiro, o atacante se tornou alvo não apenas pelo encaixe técnico, mas pelo contexto competitivo do futebol brasileiro. O clube mineiro terminou o campeonato na terceira colocação e vive uma ascensão impulsionada pelo investimento da SAF comandada por Pedro Lourenço.

    A oferta rubro-negra girou em torno de 30 milhões de euros (R$ 193 milhões), recusada de imediato. O Cruzeiro deixou claro que só aceita negociar por 50 milhões de euros (R$ 322 milhões).

  • Vitão já fechado e o padrão de mercado

    Enquanto Kaio Jorge segue como alvo difícil, outro movimento já foi concretizado: a contratação do zagueiro Vitão, destaque do Internacional. Aos 25 anos, o defensor era desejo antigo e perfil alinhado ao que a diretoria busca: jogador pronto e rodado no futebol brasileiro.

    O detalhe relevante é que o Inter havia negociado Vitão com o Cruzeiro, mas o negócio desmoronou. O Flamengo entrou na disputa, acelerou o processo e fechou a contratação.

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  • Cultura europeia e jogadores “prontos para a pressão”

    A estratégia não se limita a nomes do mercado nacional. O diretor de futebol José Boto tem sido claro ao explicar o perfil buscado: atletas com mentalidade europeia, entendimento de “treino invisível”, dedicação diária e capacidade de liderar pelo exemplo. Segundo ele, no Flamengo, talento sem preparo emocional não basta.

    Esse pensamento ajuda a explicar contratações como Danilo, Jorginho, Alex Sandro e Saúl Ñíguez. São jogadores com carreira consolidada, histórico em grandes ligas e vivência em ambientes de alta exigência. A ideia é que esses perfis contaminem positivamente o elenco e elevem o padrão interno.

  • Dinheiro não é o problema: o peso do faturamento recorde

    O pano de fundo de tudo isso é financeiro. Em 2025, o Flamengo ultrapassou a marca de R$ 2 bilhões em receitas, algo inédito no futebol brasileiro. Foram R$ 375,7 milhões em premiações, crescimento expressivo em matchday, recordes no programa de sócio-torcedor e vendas relevantes de atletas.

    Com caixa livre acima do previsto e dívida drasticamente reduzida, o clube entra em 2026 com musculatura financeira rara no continente. A leitura interna é clara: mesmo sem títulos, o Flamengo seguiria faturando mais de R$ 1,6 bilhão. Com títulos, o potencial de investimento cresce ainda mais.

  • O Flamengo pode virar o “Bayern do Brasil”?

    A pergunta surge naturalmente. Fato é que a combinação entre gestão profissional, governança rígida e abundância de recursos cria um cenário semelhante ao que permitiu ao Bayern dominar a Alemanha por décadas. A diferença é o contexto: o futebol brasileiro é mais instável e imprevisível.

    Ainda assim, o Flamengo dá sinais de que quer reduzir essa imprevisibilidade ao máximo. Ao impor um padrão de exigência elevado, o clube tenta transformar vantagem estrutural em hegemonia esportiva. Se vai conseguir sustentar isso no longo prazo, só o tempo dirá. Mas o caminho escolhido é claro — e cada vez mais parecido com o de quem aprendeu a vencer quase sempre.

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