O “novo Ronaldinho” caiu no esquecimento: a carreira de Giovani dos Santos

Giovani dos Santos conquistou o título Sub-17 com o México em 2005, recebendo a Bola de Prata como um dos destaques da competição.

Seu desempenho na Copa do Mundo juvenil gerou expectativas desproporcionais, com muitos o apontando como o sucessor de Ronaldinho, que na época era o melhor jogador do mundo.

Sob o comando de Frank Rijkaard, então técnico do Barcelona, Giovani recebeu a oportunidade de estrear no time principal em 2006, e, um ano depois, fez sua estreia oficial no Campeonato Espanhol. Sua trajetória parecia promissora.

No entanto, Giovani teve o infortúnio de integrar o elenco em uma temporada conturbada para o Barcelona, distante da disputa pelo título espanhol. Enquanto isso, outros talentos de La Masía, como Lionel Messi, ganhavam mais espaço. Assim, a primeira temporada de "Gio" com os catalães marcou também sua despedida como "o sucessor de Ronaldinho"...

Para a temporada 2008/2009, o Barcelona se despediu de Frank Rijkaard, o técnico que havia dado a Giovani dos Santos sua grande chance no time principal.

Com a chegada de Pep Guardiola, uma verdadeira revolução começou no clube, resultando em saídas de grandes nomes como Ronaldinho e Deco. Giovani também foi incluído nessa lista.

Sem espaço nos planos de Guardiola, o mexicano viu seus sonhos de se tornar uma referência no Barça ruírem rapidamente. Agora, ele precisava encontrar um novo desafio para dar continuidade à sua ainda promissora carreira.

Em 2008, Gio foi contratado pelo Tottenham, da Premier League, a pedido do técnico espanhol Juande Ramos. No entanto, o início de temporada dos Spurs foi um completo caos, e a diretoria decidiu demitir o treinador, contratando Harry Redknapp como substituto.

O novo técnico deixou o mexicano completamente de lado, que passou a ter aparições esporádicas apenas em jogos da Copa da Inglaterra.

Além do momento ruim em campo, no final de 2008, Giovani enfrentou um escândalo fora dos gramados, quando um jornal britânico divulgou fotos dele aparentemente embriagado durante uma confraternização de Natal do clube. Sua passagem por Londres havia se tornado um pesadelo.

No Tottenham, Giovani dos Santos não tinha perspectivas enquanto Harry Redknapp permanecesse como técnico. Assim, apenas seis meses após sua chegada, ele foi emprestado ao Ipswich Town, da segunda divisão inglesa.

No ano seguinte, a história se repetiu, com Giovani sendo cedido ao Galatasaray, da Turquia, no meio da temporada. E essa trajetória continuou nas temporadas seguintes, com passagens temporárias pelo Racing de Santander e Mallorca, na Espanha. Apesar de ainda ser jovem, Gio já acumulava uma extensa lista de clubes em seu currículo.

No nível de clubes, Giovani enfrentava dificuldades, trocando de equipe constantemente e recebendo poucas oportunidades ao retornar ao Tottenham. Em contrapartida, na seleção mexicana, ele começava a se destacar como um referencial.

Em 2009, conquistou a Copa Ouro; em 2010, participou de sua primeira Copa do Mundo na África do Sul; em 2011, levantou novamente o troféu da Concacaf, marcando um belo gol na final; e em 2012, tornou-se medalhista olímpico ao ganhar a medalha de ouro em Londres, curiosamente a cidade onde havia vivido um verdadeiro calvário anos antes. Com a camisa tricolor, ele se transformava completamente.

Em 2013, Giovani dos Santos se juntou ao Villarreal, que estava retornando à primeira divisão da Espanha. O "Submarino Amarelo" foi seu quarto clube de LaLiga e onde ele revelou seu melhor desempenho.

Rapidamente, Gio se firmou como titular e se tornou uma peça fundamental no ataque da equipe. Um ano após sua chegada, teve a oportunidade de jogar ao lado de seu irmão Jonathan no clube. Parecia que o mexicano finalmente havia encontrado seu lugar no mundo, mas essa sensação durou pouco...

Com apenas 26 anos, Giovani dos Santos deixou o Villarreal em 2015 para se transferir ao LA Galaxy, da MLS, uma liga vista por muitos como um destino de aposentadoria. Em uma idade em que a maioria dos jogadores atinge seu auge, ele optou por se mudar para uma competição de nível inferior.

A decisão gerou muitas críticas. Embora tenha sido financeiramente atraente, a escolha não ofereceu os mesmos desafios esportivos. Nos Estados Unidos, ele compartilhou o vestiário com lendas como Zlatan Ibrahimović e Steven Gerrard, e até se encontrou novamente com seu irmão alguns anos depois, mas sua passagem pelo futebol estadunidense foi discreta.

Giovani não conquistou nenhum título com o Galaxy e, ao final de seu contrato em 2018, o clube não fez nenhum esforço para renová-lo.

Após deixar o LA Galaxy, Giovani dos Santos chegou ao América em meados de 2019, realizando o sonho de infância dar sequência ao legado de seu pai, que jogou lá.

Sua passagem por Coapa começou de forma promissora, com a conquista do troféu do Campeão de Campeões. Aos poucos, ele foi conquistando seu espaço na equipe sob o comando de Miguel Herrera. No entanto, em setembro daquele ano, uma entrada dura de Antonio Briseño no Clássico Nacional contra o Chivas resultou em uma grave lesão na perna direita, o que marcaria o início de uma queda dramática em sua carreira no Campeonato Mexicano.

Lesões e quedas de desempenho tornaram-se frequentes, e, após o término de seu contrato em 2021, Giovani deixou o América com a amarga sensação de não ter conseguido brilhar ou alcançar o sucesso que tanto almejava.

Desde sua saída do América em 2021, Giovani dos Santos não atuou mais profissionalmente. Nesse intervalo, surgiram rumores sobre uma possível transferência para o Oriente Médio, um retorno à MLS e até uma nova chance na Liga MX, o Campeonato Mexicano, com o Mazatlán, mas nada se concretizou.

Sua trajetória com a seleção mexicana é notável: três títulos da Copa Ouro, três participações em Copas do Mundo e uma medalha de ouro olímpica, além do título mundial sub-17. No entanto, sua carreira em clubes foi marcada por inconstâncias, e hoje, aos 35 anos, é improvável que ele volte a jogar em uma equipe de destaque, considerando o tempo que está fora dos gramados.

É triste olhar para trás e perceber que uma das grandes promessas do futebol, não apenas do México, mas do mundo, está se despedindo silenciosamente.