Nova chance para a geração de ouro e lamentos no Manchester United: quem vence e quem perde com Thomas Tuchel na seleção da Inglaterra

A gestão de sete anos de Southgate como técnico da Inglaterra foi o período mais bem-sucedido na história da seleção masculina desde 1966, e embora isso tenha parecido abrir a porta para que treinadores formados no país o sucedessem, essa porta foi fechada novamente.

Harry Redknapp, um dos melhores treinadores ingleses da história recente, estava infeliz com essa revelação quando a notícia da nomeação de Tuchel foi divulgada pela primeira vez. "(Tuchel) perdeu seu emprego bastante rápido em alguns clubes", pontuou. "Não é como se ele tivesse sido um grande sucesso. Ele foi e voltou em alguns clubes. Sou muito patriótico, acho que deveríamos ter um treinador inglês, mas, obviamente, o campo era muito pequeno para escolher."

Durante todo o comando de Southgate, especialmente no final, ouvimos sobre a esperança da FA de estabelecer um caminho para que treinadores ingleses chegassem ao cargo mais alto do país, o que culminou na pressão de Lee Carsley pela vaga durante seu mandato interino instável. Talvez aqueles que estão no comando sintam que ele e os outros candidatos formados no país - Eddie Howe, Graham Potter, Frank Lampard e Steven Gerrard - ainda não estão prontos para responsabilidades em tempo integral, mas ainda assim é um remédio amargo de engolir.

A salvação e a luz no fim do túnel para Carsley é que as seleções nacionais tendem a mudar rapidamente entre filosofias, o que é ironicamente melhor demonstrado pela contratação de Tuchel para substituir Southgate. Quando chegar a hora de nomear o próximo treinador, quantos anos isso possa levar, o hall de talentos ingleses pode estar em uma posição melhor para entrar.

Esse grupo talentoso de jogadores da Inglaterra precisa de um treinador de classe mundial, independentemente de sua nacionalidade. Isso é inegável. Southgate atingiu o topo de suas habilidades táticas, e a ampla gama de dinâmicas de Tuchel é empolgante.

Onde quer que o alemão tenha ido, seus ideais foram adequadamente implantados. A pressão alta foi a chave de suas equipes no Mainz e no Borussia Dortmund, enquanto ele conseguiu equilibrar as personalidades de superestrelas sem desestabilizar o time no Paris Saint-Germain. O Chelsea estava desesperadamente precisando de uma solidez defensiva quando ele chegou a Stamford Bridge, e isso culminou no troféu da Liga dos Campeões. O deslize do Bayern de Munique é um estranho buraco negro em seu currículo, mas Tuchel não pode ser responsabilizado apenas por seu declínio ou pela surpreendente ascensão dos rivais pelo título da Bundesliga - no caso, a excelente campanha do Bayer Leverkusen.

Tuchel se adaptou às necessidades da equipe em cada trabalho que assumiu, o que passou despercebido, mas deve servir como esperança para a Inglaterra como equipe e como nação. Se há alguém que sabe como colocar todos os atacantes estrelados em uma escalação de forma harmoniosa, esse alguém é ele.

Mas o outro treinador que poderia ter encontrado essas soluções foi Pep Guardiola, que deve estar indignado com o fato da Federação ter decidido voltar suas atenções para um técnico estrangeiro diferente.

O contrato do espanhol no Manchester City termina no final da temporada 2024/25, e o clube ainda pode enfrentar severas punições por supostas violações das regulamentações financeiras do Campeonato Inglês. Com o diretor de futebol Txiki Begiristain deixando o cargo, o momento parece certo para Guardiola também assumir um novo desafio.

Guardiola falou no início deste ano sobre o desejo de treinar alguma seleção e sugeriu que o principal fator para não ter feito isso ainda era a falta de ofertas. Ele está apaixonado pelo jogo inglês, e acabar com mais de meio século de dor do país que surgiu o esporte teria consolidado seu status como o maior treinador de todos os tempos. Infelizmente, esse sonho agora está voltando para a prateleira do fundo de sua mente por mais alguns anos.

Neste momento, é quase certo que havia algo tão contrário a Tuchel que a INEOS e a alta cúpula do Manchester United não queriam trazê-lo, a menos que realmente fosse necessário. A oportunidade estava lá na janela do verão europeu, quando conversaram diretamente com o alemão, e a pausa internacional de outubro foi a última chance de destituir Erik ten Hag e trazê-lo.

Independentemente do que Sir Jim Ratcliffe e sua diretoria em Old Trafford possam pensar sobre Tuchel, era o melhor treinador sem clube disponível para eles caso decidissem afastar Ten Hag, e agora não há uma alternativa adequada e barata em nenhum lugar perto desse nível.

O United está em queda livre sob o comando do holandês e sua melhor alternativa, agora, está fora de questão. Eles podem ter que aguentar a tempestade um pouco mais e esperar que outro candidato surja "do nada".

Os jovens talentos do futuro da Inglaterra não são os únicos membros da equipe que ficarão animados com a notícia da chegada de Tuchel. O capitão Harry Kane e o esquecido Raheem Sterling estarão entre os jogadores experientes que se beneficiarão, tendo a chance de recriar algumas de suas heroicidades do passado.

Tuchel moveu céus e terras para tirar Kane de seu clube de infância, o Tottenham, e levá-lo ao Bayern para a última temporada, finalmente conseguindo após meses de cortejo. O atacante pretende estender sua carreira em alto nível por mais de uma década, e uma figura de confiança no comando irá aliviar qualquer preocupação sobre um plano de sucessão tomando forma.

Enquanto isso, Sterling pode ter a oportunidade de reascender uma carreira na seleção inglesa, uma vez que não representa seu país há quase dois anos. Agora no Arsenal por empréstimo e atualmente visto como um jogador que muda o jogo vindo do banco, não há razão para que ele não possa assumir esse papel de volta pelos Três Leões.

Quando Sterling se juntou ao Chelsea em 2022, Tuchel foi a força motriz por trás do negócio. "(Sterling) era o absoluto número um para aquela posição. Eu dei o nome dele a Todd (Boehly) imediatamente," contou o técnico na época.

"Toda vez que jogamos contra ele, é horrível enfrentá-lo, horrível! O ponto principal é sua intensidade e a quantidade de repetição de intensidade que ele entrega. Isso é simplesmente excepcional nos últimos anos."

Mas o grande vencedor em tudo isso é o próprio homem, que emergiu das profundas trevas de sua saída do Bayern, evitou uma infelicidade similar no United e conseguiu um emprego que pode, de fato, torná-lo uma figura histórica.

Tuchel tem constantemente expressado seu amor pelo futebol inglês e a falta de apreço na Alemanha. A conexão que ele tem com o futebol do país é mais forte do que em sua terra natal. É um britânico honorário e deve ser tratado como tal durante seu mandato e talvez até além.

A Inglaterra tem um treinador de classe mundial no comando novamente, e Tuchel dificilmente poderia estar mais feliz com como isso se desenrolou para ele.

"Estou muito orgulhoso por ter recebido a honra de liderar a equipe da Inglaterra", declarou no anúncio da Federação. "Há muito tempo sinto uma conexão pessoal com o jogo neste país, e ele já me proporcionou momentos incríveis. Ter a chance de representar a Inglaterra é um enorme privilégio, e a oportunidade de trabalhar com este grupo especial e talentoso de jogadores é muito empolgante."