Manchester United precisa se livrar de Marcus Rashford em janeiro para manter a revolução Rúben Amorim

Quando questionado sobre deixar Marcus Rashford e Alejandro Garnacho fora do clássico contra o City, Ruben Amorim disse à Sky Sports: "Observo tudo: como você come, como se veste... Tudo. Avalio e decido."

A mensagem foi clara: ambos os jogadores não atenderam aos padrões de esforço exigidos. Se fosse apenas uma escolha tática, pelo menos um deles teria ido para o banco.

Após o jogo, Amorim foi ainda mais direto sobre Rashford, citando os cortes de gastos feitos por Sir Jim Ratcliffe: "Por muito tempo tentamos algo com Rashford, e não funcionou. Continuamos insistindo ou tentamos algo diferente? Eles precisam lutar pelo lugar na equipe."

Amorim não é o primeiro técnico a cobrar comprometimento de Rashford, que já decepcionou outros treinadores. Agora, as dúvidas sobre sua mentalidade são mais uma distração para o clube.

O Manchester United cometeu um erro ao oferecer um contrato de cinco anos a Marcus Rashford em julho de 2023, tornando-o o jogador mais bem pago do elenco, com 325 mil libras (R$ 2,5 milhões) por semana. A renovação foi baseada em sua temporada de 2022/23, quando marcou 30 gols, mas desde então ele perdeu o foco, anotando apenas 15 gols em 66 jogos nas últimas duas temporadas.

Em janeiro, Rashford foi punido após dizer estar doente para treinar, mas ser visto festejando por duas noites em Belfast. Esse incidente deveria ter sido um alerta, mas sua atitude só piorou. Ele parece ter esquecido os valores do clube e encara os jogos com uma postura desinteressada, como se jogar pelo United fosse um fardo.

A chegada de Rúben Amorim deu um breve impulso, com Rashford marcando três gols em seus dois primeiros jogos sob o comando do português. No entanto, ele logo voltou ao comportamento apático. Na última partida, contra o Viktoria Plzen pela Europa League, foi substituído aos 56 minutos após uma atuação desastrosa. Sem esforço para pressionar ou buscar jogadas ofensivas, perdeu a bola 11 vezes, e o time melhorou após sua saída.

Gary Neville apoiou a decisão de Ruben Amorim em deixar Rashford e Garnacho fora do time, apontando que ambos não seguiram a orientação do treinador de “correr como cães loucos” nos últimos jogos. “Ele [Amorim] está deixando claro, de forma enfática, que eles estão desanimados e não estão fazendo a parte deles nos treinos”, disse Neville à Sky Sports. “São padrões de treinamento, e ele decidiu: ‘não, eu não vou aceitar isso’. Certíssimo. Há anos vemos jogadores andando cabisbaixos no campo e, mesmo assim, jogando ou ficando no banco. Isso precisa ser inegociável. Não importa quem você é: Kanchelskis, Ryan Giggs, Beckham, Nani... se você joga no Manchester United, tem que correr o mais rápido possível e voltar para ajudar na defesa da mesma forma. Se não fizer isso, não tem lugar no clube ou no time.”

Garnacho ainda tem apenas 20 anos e tempo para amadurecer, podendo se tornar uma peça importante para o United no futuro. Rashford, por outro lado, está preso nesse comportamento apático há quase nove anos.

O problema é que Rashford não tem jogado o suficiente para justificar essa postura, e o clube o permitiu agir assim por tanto tempo que até os torcedores perderam a paciência. Essa situação expõe o quanto o United foi mal administrado na última década. Amorim é o primeiro técnico a agir com firmeza contra Rashford, mas o próximo passo é mais radical: afastá-lo do time de vez.

Vender Rashford ajudaria o United a liberar recursos para reforçar o ataque em 2025 e renovar com jogadores mais importantes. Entre as prioridades estão Amad Diallo e Harry Maguire, que estão próximos dos últimos seis meses de seus contratos.

Amad se tornou o símbolo do projeto de Amorim em Old Trafford. David Beckham até destacou isso ao postar uma foto do jovem de 22 anos beijando o escudo do United após o gol da virada do dérbi de Manchester. “E a reconstrução começa. Grande vitória do time com jogadores que querem vestir esta camisa”, escreveu o ex-astro do clube no Instagram.

Amorim deu espaço para Amad mostrar seu talento, e ele correspondeu, com cinco participações diretas em gols nos últimos cinco jogos da Premier League, o Campeonato Inglês. O marfinense poderia ter saído quando não tinha chances sob o comando de Ten Hag, mas persistiu e agora está colhendo os frutos de sua determinação.

Maguire também vive uma retomada impressionante. Amorim classificou sua atuação contra o City como "perfeita". O zagueiro anulou Erling Haaland por 90 minutos e mostrou segurança no setor defensivo ao lado de Matthijs de Ligt e Lisandro Martinez.

Há pouco mais de um ano, Maguire perdeu a braçadeira de capitão e parecia fora dos planos, mas ele revelou após o derby que já está em conversas "positivas" para renovar. A dedicação e o comprometimento de Maguire e Amad destacam ainda mais o contraste com Rashford, que parece tratar o peso da camisa do United como um simples símbolo de status.

Segundo o The Telegraph, a Arábia Saudita também seria uma possibilidade para Rashford, talvez até mais atraente. No PSG, ele enfrentaria grande pressão para atuar bem na Champions League, mas no Oriente Médio não teria essa cobrança, já que o nível do futebol ainda é inferior, apesar do crescente número de jogadores estrelados que se mudaram para lá.

O jornal ainda revela que o United se preocupa com o "estilo de vida" de Rashford, temendo que ele esteja dividindo seu foco entre o futebol e outros interesses fora de campo. Como ele não mostrou sinais de querer mudar sua situação no clube, por que adiar o inevitável?

O United precisa agir agora, pois o valor de Rashford deve cair até meados de 2025. Se não tomarem uma atitude, no mesmo período do ano que vem, podem acabar tendo que pagar para rescindir seu contrato, o que só traria mais constrangimento para o clube.

Rashford não parece mais ser um jogador apaixonado por futebol. Embora não seja o único culpado pelo desempenho irregular do United durante essa fase de transição de gestão, ele chama mais atenção pelas manchetes negativas e parece indiferente à situação.

"A maioria dos outros jogadores já teria sido poupada, e o mais triste no futebol é ver talentos sendo desperdiçados porque o jogador não se importa", disse o ex-jogador do United, Paul Parker, à Betfred. "Ele tem 27 anos agora e não pode continuar alternando entre bons e maus momentos. Ele deveria ser um líder no time, especialmente por ter sido criado sob a cultura da instituição. Se pedissem para ele liderar, nem crianças de três anos o respeitariam. Não há nada nele que sugira que ele queira ser um jogador do Manchester United."

Rúben Amorim não tem espaço para alguém assim. Se o United quer aproveitar a vitória contra o City e lutar por uma vaga no top 4, todos devem estar comprometidos e seguir as ordens do treinador.

Dar mais uma chance a Rashford só atrasaria o progresso do time. Como Parker disse, ele continuará com seu desempenho inconsistente. O futuro do United parece promissor com Amorim no comando, e liberar Rashford seria mais um passo na direção certa.