O Manchester City pode mesmo ser eliminado na fase de liga da Champions League?

A forma do Manchester City na Premier League obviamente melhorou desde o Natal, embora, para ser justo, não pudesse ter ficado muito pior. Ainda assim, após perder inacreditáveis seis dos seus oito jogos entre 2 de novembro e 21 de dezembro, eles agora venceram quatro dos últimos cinco para se colocarem novamente em uma posição decente para se classificar para a Champions League da próxima temporada.

Alguns comentaristas até saudaram o retorno do verdadeiro City após a vitória por 6 a 0 sobre o Ipswich Town em 19 de janeiro, embora - significativamente - Guardiola não tenha concordado.

"Leva tempo," ele advertiu aos repórteres. "Na próxima temporada estaremos realmente de volta. Agora, é uma questão de sobrevivência."

E o City parecia uma equipe simplesmente esperando para resistir à tempestade no confronto da Champions na última quarta-feira contra o Paris Saint-Germain. O clube francês estava sob ainda mais pressão para entregar naquela noite, mas foi o City - e não os mais infames amarelões do torneio - que fraquejou no Parc des Princes.

Apesar de assumirem uma vantagem totalmente imerecida de 2 a 0 logo após o intervalo, os visitantes desmoronaram assim que Ousmane Dembélé marcou um gol para os anfitriões. Como disse o ex-zagueiro inglês Matthew Upson na BBC Radio 5 Live, "Você simplesmente sabia que o PSG iria vencer o jogo. Foi chance atrás de chance. O PSG dominou completamente."

E o City foi impotente para impedi-los de fazer isso. Guardiola admitiu que eles simplesmente "não conseguiram lidar" com a intensidade dos oponentes no meio-campo e a ameaça ofensiva nas laterais. No final do bombardeio, o City foi submetido a 26 chutes a gol e limitado a apenas 36,8% de posse de bola. Nesse sentido, foi uma das piores derrotas de toda a carreira de treinador de Guardiola, com o placar final de 4 a 2 não contando toda a história.

"Se não passarmos bem a bola, somos uma das piores equipes," confessou o catalão. "Precisamos da bola para sobreviver." O PSG a tirou deles - e com Rodri ainda ausente devido a lesão, não havia nada que o City pudesse fazer a respeito.

"Eles foram absolutamente dominados naquele segundo tempo. Foram homens contra meninos," disse o ex-zagueiro do Liverpool Jamie Carragher no CBS Sports. "Eles tiveram sorte de ter sido apenas quatro no final. Poderia ter sido pior."

Como Jack Grealish reconheceu, entretanto, esses apagões têm se tornado frequentes - e não ocorrem apenas contra a elite da Europa. Em nove ocasiões distintas nesta temporada, o City falhou em vencer jogos que estava liderando (cinco empates, quatro derrotas) - nenhum clube da Premier League demonstrou mais isso em todas as competições.

Enquanto isso, apenas na Champions League, o City perdeu mais pontos (oito) depois de abrir o placar do que qualquer outro time, exceto o já eliminado RB Leipzig (nove). Não é de surpreender, então, que um grupo de jogadores que nunca perdeu a fé na própria capacidade de virar jogos agora pareçam nervosos ao primeiro sinal de problema.

"A confiança do City foi abalada e você não pode simplesmente entrar no supermercado e comprar confiança na prateleira," Upson argumentou. "Eles também não estão totalmente aí fisicamente, mas eu acho que isso se deve à confiança. Uma vez que você tem aquela sensação de afundamento, tudo vai desmoronar."

O City obviamente deve dominar a posse de bola contra o Brugge. No entanto, eles dominaram a posse contra o Feyenoord, mas ainda assim conseguiram desperdiçar um 3 a 0 nos últimos 15 minutos do jogo, e há essa fragilidade psicológica inegável sobre o City que não existia antes.

"É normalmente perfeito para nós se chegamos a esses lugares e fazemos dois gols," disse Grealish à TNT Sports no Parc des Princes. "Acho que é quando estamos no nosso melhor (em termos de) gerenciar o jogo, manter a bola, muitos passes e coisas assim."

"Infelizmente, muitas vezes nesta temporada estivemos com alguns gols de vantagem e acabamos perdendo. Não tenho certeza do porquê disso, se é uma questão de confiança ou não. Não estou muito certo no momento. Tínhamos o momento a nosso favor e então foi interrompido de repente."

É esse sentido crescente de insegurança que o Brugge estará procurando explorar no Etihad. Em 14 tentativas anteriores, os belgas nunca conseguiram vencer fora contra equipes inglesas em competições europeias. No entanto, eles na verdade não precisam vencer em Manchester. Um ponto seria suficiente não apenas para garantir um lugar nos playoffs, mas também para eliminar os Citizens do torneio - e eles estarão confiantes para fazer isso.

O Brugge está invicto nos seus últimos quatro jogos da Champions - uma sequência relativamente impressionante iniciada com uma vitória totalmente merecida por 1 a 0 sobre o Aston Villa - e não teve absolutamente nenhum problema em segurar a Juventus em um empate sem gols na última quarta-feira, a mesma Juventus que derrotou confortavelmente o City por 2 a 0 em Turim na sexta rodada.

"Eles não nos permitiram jogar o nosso jogo," admitiu o técnico da Velha Senhora Thiago Motta após a partida no Estádio Jan Breydel. "Então, temos que dar crédito a eles por isso."

Os jogadores do Brugge estão obviamente cientes do tamanho do desafio que os espera. No entanto, o goleiro Simon Mignolet diz que eles não são a mesma equipe que perdeu por 4 a 1 para o City em novembro de 2021.

"Crescemos ao longo dos anos", disse o ex-goleiro do Liverpool na semana passada. "Ganhamos muita experiência na Champions League que talvez nos faltasse antes. Agora, você pode ver que lidamos com a pressão de forma diferente. Havia um plano claro do que precisava ser feito contra a Juventus e o executamos."

O treinador Nicky Hayen, que sucedeu Ronny Deila no comando em março e prontamente levou o Brugge ao título belga, estará elaborando um plano igualmente pragmático para conter o City, enquanto ao mesmo tempo busca explorar uma defesa devastada por lesões que provavelmente contará com o meio-campista Matheus Nunes na lateral-direita, um John Stones meio apto como zagueiro e o cada vez mais propenso a erros Ederson no gol.

"Você joga um pouco mais cautelosamente quando sabe que até mesmo um ponto pode ser crucial," disse Hayen, "mas criamos oportunidades (contra a Juventus) e também oferecemos perigo."

Guardiola está certamente ciente da ameaça representada pelo Brugge. "Eles não perdem há 20 jogos (em todas as competições), são consistentes, sólidos, são agressivos e não concedem oportunidades", apontou o treinador em sua coletiva de imprensa pré-jogo. "Jogamos contra eles anos atrás e eles evoluíram na forma como são agressivos e jogam muito bem com a bola. Temos que jogar muito bem para vencer o jogo."

No final das contas, o nível superior do City deve se mostrar decisivo, principalmente com figuras como Erling Haaland e Phil Foden começando a redescobrir algo que se assemelha à sua melhor forma nas últimas semanas. No entanto, o senso de incerteza e desconforto no Etihad ainda não foi totalmente dissipado. As repercussões esportivas e financeiras de não chegar à fase de mata-mata seriam enormes.

Grealish estava certo quando disse que o City é "sortudo" por ainda ter outra chance de se classificar para o mata-mata da Champions, mas o mero fato de estarem em uma posição tão perigosa ilustra o quão mal eles têm jogado até agora.

Como o próprio Guardiola admitiu, o City perdeu seu fator de intimidação nos últimos meses, o que significa que a vitória não pode mais ser tomada como garantia. O Brugge talvez nunca tenha uma oportunidade melhor para eliminar um dos grandes da Champions League.