+18 | Conteúdo Comercial | Aplicam-se termos e condições | Jogue com responsabilidade | Princípios editoriais
What happened to Jude BellinghamGetty

Irreconhecível na Eurocopa 2024: o Jude Bellingham da Inglaterra é apenas uma sombra do que joga no Real Madrid

Jude Bellingham iniciou a Eurocopa 2024 deixando claro para todo mundo suas verdadeiras intenções: levar o troféu para casa. Mas, desde seu ótimo desempenho contra a Sérvia, ele não vem jogando como poderia. De fato, ele parece estar pagando pelo preço de seus esforços incansáveis em Gelsenkirchen, já que as partidas após a estreia tiveram performances bem abaixo do que lá foi apresentado.

No empate em 1 a 1 com a Dinamarca, o meia atacante do Real Madrid foi apenas uma sombra do jogador que vimos na primeira partida e na maior parte da última temporada. Contra a Eslovênia, ele teve outra atuação apagada, errando passes simples e sem conseguir influenciar no jogo de maneira significativa.

Então, o que aconteceu com Bellingham, que parecia destinado a ser o craque do campeonato, mas não dá indícios disso, e quão preocupada deveria estar a Inglaterra com seu baixo rendimento?

  • Quer saber, pelo WhatsApp, quem seu time está contratando? Siga aqui o canal da GOAL sobre mercado da bola!
  • Jude Bellingham EnglandGetty Images

    Queda de desempenho evidente

    Bellingham teve uma queda de desempenho evidente desde o jogo contra a Sérvia na estreia, quando o mesmo tocou 90 vezes na bola durante a partida e completou 67 dos 70 passes que tentou. Contra a Dinamarca, ele deu apenas 63 toques e acertou 41 de 44 passes.

    Ele esteve um pouco mais participativo contra a Eslovênia, tocando 70 vezes na bola e dando 57 passes. No entanto, foi bem mais displicente, e errou oito desses. E, diferente dos jogos anteriores, ele não fez nenhuma diferença no ataque, sem dar bons passes para os atacantes finalizarem ou chutar ao gol.

    "Ele teve uma noite ruim. Depois de um grande jogo de estreia, ele tem tido dificuldades desde então", disse Gary Lineker no podcast 'The Rest Is Football'.

  • Publicidade
  • Jude Bellingham Phil FodenGetty

    Alternar com Foden não está ajudando

    Assim como nos dois primeiros jogos, Bellingham tentou trocar de posição com Phil Foden durante a partida. E embora essa tática tenha funcionado a seu favor e prejudicado o craque do Manchester City no jogo contra a Sérvia, vem acontecendo o contrário desde então.

    Foden foi a grande decepção da Inglaterra na estreia, mas tem evoluído e foi o destaque da equipe contra a Eslovênia - até Cole Palmer entrar em campo. E essa melhora parece ter ocorrido às custas de Bellingham.

    "Foden estava jogando ali, mas depois ele trocava com Bellingham e não acho que isso realmente ajudou nenhum dos dois, porque eles ficavam meio perdidos", acrescentou Lineker.

    "Acho que ele [Gareth Southgate] conversou com Bellingham e Foden e disse, 'Certo, vocês continuam trocando. Um vai para a esquerda e o outro fica na posição de 10'. Mas é estranho fazer isso durante o jogo todo, não é? Não acho que isso realmente ajudou nenhum dos dois, porque eles ficaram meio perdidos."

  • Bellingham Inghilterra SerbiaGetty

    Chance de se reafirmar

    O jogo contra a Eslovênia nos fez lembrar as discussões da época de Frank Lampard e Steven Gerrard, sobre se eles poderiam render jogando juntos. Os mesmos debates vem acontecendo entre Bellingham e Foden na Inglaterra.

    Assim como Sven-Goran Eriksson naquela época, Southgate não quis deixar de fora dos 11 titulares um dos dois astros. No entanto, as críticas estão aumentando para que ele tire Bellingham ou Foden no mata-mata para que a Inglaterra jogue com um ponta esquerda de ofício e consiga extrair o máximo de seu qualificado ataque.

    E enquanto parecia impossível deixar Bellingham de fora há dez dias, agora Foden parece o ter ultrapassado nesta disputa pela titularidade. No entanto, o meia do City pode não jogar as oitavas de final contra a Eslováquia, já que voltou para casa a ver o nascimento de seu filho - embora seu retorno esteja previsto para o dia do jogo.

    Caso esteja disponível, Southgate poderia, dado seu histórico insistente em suas táticas e escalações - utilizar os dois juntos, e não seria uma surpresa. Porém, levando em conta que Foden deve retornar um pouco aquém do ritmo do resto do elenco, seria um risco colocá-lo entre os titulares. E, com certeza, isso é uma chance para Bellingham performar de uma maneira que ainda não foi vista.

  • Jude Bellingham England 2024Getty Images

    Desgaste para o mata-mata

    Então, Bellingham deveria ter a chance de reafirmar seu lugar na equipe sem precisar se adaptar ao estilo de Southgate com Foden ao seu lado. Mas há uma preocupação de que o jogador do Real Madrid esteja sentindo o desgaste do torneio, justamente quando o mata-mata se aproxima.

    Muito do que chamou a atenção da atuação de Bellingham contra a Sérvia na estreia foi a vontade de vencer todos os duelos, de se movimentar por todo o campo e, de certa forma, uma sobrecarga ao seu físico. Ele tem tentado manter essa intensidade nos últimos jogos, embora não tenha parado de cobrir cada centímetro do gramado. Seria bom para ele diminuir um pouco essa intensidade se quiser recuperar a energia necessária para igualar seu desempenho anterior.

    "Acho que ele corre atrás de causas perdidas muitas vezes", disse Lineker. "Às vezes, você o vê correndo. Entendo o porquê, porque ele está determinado a ajudar a equipe, mas acho que às vezes você precisa reservar um pouco de energia. Isso vem com experiência. Ele tem apenas 20 anos."

  • Jude Bellingham Real MadridGetty Images

    Incansável?

    A queda de desempenho de Bellingham também pode ser o resultado de uma temporada desgastante no Real Madrid, jogando em intensidade máxima depois de se tornar uma peça-chave de Carlo Ancelotti nas conquistas de La Liga e da Liga dos Campeões. O inglês jogou 3.645 minutos em todas as competições pelo clube, a quarta maior quantidade do elenco, superado apenas por Federico Valverde, Antonio Rudiger e Rodrygo.

    Sua temporada no Real Madrid o estabeleceu como um jogador de altíssimo nível, o que já vinha sendo um padrão de acordo com seu ritmo nas primeiras temporadas. Bellingham fez sua estreia por clubes um mês após completar 16 anos e, antes de completar 20, já tinha quase 15.000 minutos em partidas no profissional. A nivel de comparação, Wayne Rooney jogou 10.989 minutos naquele momento de sua carreira, enquanto Frank Lampard tinha jogado apenas 3.477. David Beckham, então, não havia alcançado nem mil minutos.

    Bellingham também sofreu duas lesões na última temporada. Após deslocar o ombro contra o Rayo Vallecano em novembro, ele ficou de fora dos gramados por três semanas e voltou a jogar imediatamente, marcando quatro gols e dando duas assistências nos seis jogos seguintes. Porém, a lesão continuou incomodando e, após o fim da Euro, ele ainda pode precisar de cirurgia para se reabilitar.

    Além disso, ele torceu o tornozelo contra o Girona em fevereiro, o que o afastou dos jogos por um mês. Quando voltou, houve uma queda de desempenho em relação ao seu início pelos Merengues, anotando apenas três gols e cinco assistências em seus últimos 13 jogos da temporada. Nas primeiras 29 atuações, ele marcou 20 gols e contribuiu com mais cinco assistências.

  • Jude Bellingham England Euro 2024Getty Images

    Cuidados com os esforços

    Portanto, não deve ser surpresa que Bellingham tenha, de acordo com a adversidade, diminuído um pouco o ritmo. A ascensão do meia desde a divisões inferiores da Inglaterra até se tornar um sério candidato à Bola de Ouro tem sido tão impressionante que parece que ele foi feito com algum material diferente dos outros craques ingleses surgidos anteriormente.

    Sua queda de desempenho na Alemanha não altera o fato de que ele é um jogador único, um talento que marcará esta geração. Mas, temos que lembrar que ele ainda é um ser humano e está sujeito às mesmas limitações biológicas que todo atleta enfrenta.

    Bellingham tem se dado bem em campo pela forma como entende o jogo, desde a maneira como dominou todo o meio de campo - desde volante até meia atacante -, até a forma que ele se cuida para seguir em alto nível, se adaptando a ambientes diferentes e lidando com a mídia sem muitas dificuldades.

    No entanto, ele precisa gerenciar sua carga de intensidade, tanto nos jogos da Euro quanto ao longo da temporada. A Inglaterra e o Real Madrid têm uma missão a ser cumprida aqui, embora ninguém queira colocar Bellingham no banco, mesmo que seja para o seu próprio bem e algo que o ajude a longo prazo. Mas Southgate e Jude precisam pensar como administrar essa carga para que as exibições das duas anteriores rodadas não sejam constantes.

    A Inglaterra quer e precisa ver mais de Bellingham, confiante e dominante da forma que apareceu em Gelsenkirchen, pois ele é o segredo para levar o time de Southgate à final em Berlim e conquistar um tão almejado título após 58 anos.