Ignorado na Eurocopa, Jack Grealish precisa sair do Manchester City para resgatar carreira

A decisão de Gareth Southgate de deixar Grealish de fora de sua lista final de 26 jogadores para o torneio pode ter deixado o jogador devastado e chocado seus colegas de seleção, incluindo Declan Rice.

Southgate frequentemente foi criticado por sua lealdade percebida aos jogadores mais experientes e por não escolher sempre os jogadores em melhor fase, mas este ano ele não fez isso. Ele não teve pena de Marcus Rashford e Jordan Henderson após suas temporadas desastrosas, quando os excluiu da equipe preliminar, tendo já dispensado Raheem Sterling e Kalvin Phillips.

Grealish havia sido uma parte importante das campanhas da Inglaterra na Copa do Mundo de 2022 e na Eurocopa anterior, e Southgate disse após o jogo contra a Bósnia que ele era "um jogador que adoramos ter no grupo... um grande personagem para trabalhar".

Mas Grealish ficou para trás nesta temporada. Ele começou apenas 10 jogos na Premier League pelo City, marcando três gols e dando uma assistência. Isso significa apenas quatro contribuições de gol durante toda a temporada, o mesmo número dos defensores do City, Nathan Aké e Kyle Walker, e até menos que Josko Gvardiol.

Jarrod Bowen contribuiu com 22 gols para o West Ham, que terminou em nono na liga. Anthony Gordon fez 21 gols pelo Newcastle e conseguiu um lugar nos planos de Southgate, enquanto Eberechi Eze, que teve um papel fundamental na ressurgência do Crystal Palace, encerrou a temporada com 15 participações em gols.

Phil Foden, que Grealish havia desbancado na escalação do City na temporada anterior, fez 27 contribuições em gols em seu caminho para ser nomeado Jogador da Temporada da Premier League. Enquanto isso, Bukayo Saka conseguiu 25, e Cole Palmer forneceu impressionantes 33.

Ao contrário de torneios anteriores, onde jogadores como Phillips e Henderson mantiveram suas cadeiras cativas devido à falta de concorrência, o padrão para entrar na seleção inglesa foi elevado a níveis incríveis. Grealish não conseguiu acompanhar e terá que tomar medidas radicais para retornar ao selecionado nacional.

A temporada de Grealish foi prejudicada por um incidente com o jogador do Sheffield United, Ollie McBurnie, em agosto de 2023, que o jogador chamou de "a pior lesão que já tive". A contusão na perna o deixou fora de seis jogos, e o camisa 10 do City ainda enfrentaria outras duas lesões musculares mais tarde na temporada, contra Copenhague e Luton Town, o que atrapalhou ainda mais seu ritmo.

Ele também ficou doente em novembro e, em dezembro, teve que lidar com um assalto traumático em sua casa enquanto jogava contra o Everton. Seria tentador considerar a última temporada como uma anomalia que não se repetirá.

Mas apenas evitar lesões na próxima temporada provavelmente não será suficiente para recuperar seu lugar na equipe do City e, consequentemente, na seleção inglesa.

Mesmo quando Grealish se recuperou de suas lesões, Guardiola o deixou no banco no final da temporada, dando a ele apenas dez minutos nos últimos cinco jogos. Ele não viajou para enfrentar o Fulham e ficou no banco nos dois últimos jogos contra Tottenham e West Ham, além da final da FA Cup contra o Manchester United.

Guardiola, em alguns jogos, optou por não usar pontas tradicionais, usando Gvardiol como lateral invertido e movendo Foden para o meio. Quando precisava de um ponta esquerda, recorria a Jeremy Doku.

O belga participou dos últimos cinco jogos, sendo titular e dando uma assistência contra o West Ham e fazendo a diferença quando entrou contra o United em Wembley, carregando praticamente o time inteiro do City nas costas.

Guardiola foi cauteloso ao ser questionado sobre a pouca utilização de Grealish na final da FA Cup. Ele disse: "Ele voltará. Jeremy [Doku] deu um salto nesta temporada, mas Jack voltará ao seu nível da temporada anterior, tenho certeza."

Porém, está cada vez mais claro que o City não é o lugar certo para Grealish se ele quiser mais do que ser apenas uma parte do elenco, o que será necessário para recuperar seu lugar na seleção inglesa.

Os altíssimos padrões do City e de Guardiola foram ilustrados quando, finalmente estabelecido na equipe dois anos após sua transferência de 100 milhões de libras (R$ 678 milhões) do Aston Villa e com grande participação na conquista da Tríplice Coroa, o clube decidiu gastar 55,5 milhões de libras (R$ 376,7 milhões) em Doku, um concorrente direto por sua posição.

Grealish não é o único jogador do City a perder seu lugar na equipe rapidamente após uma excelente temporada, como João Cancelo pode atestar. Mas ele é talentoso e influente demais para desperdiçar seus anos de auge lutando por espaço no Etihad Stadium.

Aos 28 anos, Grealish está em uma encruzilhada em sua carreira no City, como disse Graeme Souness na Talksport em dezembro. Ele deveria estar no seu melhor momento. Assim, a necessidade de se afastar do City e ir para um clube que realmente o valorize tornou-se mais urgente, especialmente após ter sido deixado de lado pela seleção inglesa em um torneio que deveria ser o divisor de águas em sua carreira.

Southgate disse que Grealish estava "arrasado" por ter sido cortado, mas cabe a lidar com isso e saber como reagir. Ele pode ficar de mau humor e passar as férias afogando suas mágoas, reforçando sua imagem de baladeiro, ou encarar isso como um alerta e planejar seu retorno à seleção inglesa, com a Copa do Mundo de 2026 como objetivo principal.

Enquanto celebrava a vitória da Tríplice Coroa do City no ano passado, Grealish viralizou ao dizer "Eu sou um peru e o peru precisa ser alimentado" antes de derramar vodka garganta abaixo. As brincadeiras de Grealish foram aplaudidas pela mídia e especialistas, mas o que aconteceu com Gascoigne não foi motivo de celebração. Grealish agora se encontra na mesma situação que 'Gazza', que foi cortado da seleção inglesa para a Copa do Mundo de 1998.

A carreira de Grealish também corre o risco de escapar entre seus dedos, mas ele ainda tem tempo para recuperá-la. Isso significa deixar o City e se tornar mais conhecido por suas habilidades em campo do que por suas celebrações extravagantes.