Torcedores do Chelsea e do West Ham (e talvez até alguns jogadores) certamente discordariam da avaliação positiva de Olsson sobre as qualidades de liderança de Potter. Ele era visto como um “yes man”, um homem que aceita tudo, por parte do elenco em Stamford Bridge e até apelidado de “Harry” ou “Hogwarts”. Mas, ao falar sueco na primeira coletiva como técnico da seleção, Potter causou uma impressão bem melhor do que Tomasson, que sempre se comunicava apenas em inglês.
“É uma grande honra estar aqui. Estou muito orgulhoso”, disse. “Eu entendo bem o futebol sueco, e acho que, como técnico da seleção, é importante ao menos tentar falar o idioma. Não diria que já estou plenamente afiado — faz muito tempo que não pratico sueco e nunca fui exatamente fluente. Então está sendo uma mistura de reciclar o idioma, assistir aos jogos, observar os jogadores e garantir que tenhamos agora um time e um grupo com os quais possamos avançar.”
A situação, claro, está longe do ideal. Potter assume um time sem confiança no meio de uma campanha classificatória. Ainda assim, apenas o fato de Tomasson ter sido demitido já deve aliviar o clima para jogadores como Elanga, que supostamente tinham problemas com o “maldito sistema” do dinamarquês. O capitão Victor Lindelof também ficou numa posição delicada após o conflito público entre Tomasson e o goleiro Robin Olsen, que prometeu nunca mais atuar para o treinador após ser barrado contra a Suíça.
Curiosamente, a Suécia já estar fora da briga pela vaga direta também ajuda Potter. A única forma de ir à Copa agora é pela repescagem, vaga praticamente garantida por terem vencido seu grupo na Liga das Nações. Como consequência, os duelos contra Suíça e Eslovênia funcionam como testes livres, oportunidades para preparar o time para os confrontos mata-mata em março que decidirão se a Suécia vai ao Mundial e se o contrato de curto prazo do treinador será renovado.
O problema, porém, é que Gyokeres está lesionado, enquanto Isak não disputa um minuto de jogo oficial pelo Liverpool desde o dia 22 de outubro. Isso significa que seu tempo em campo terá de ser limitado. Nesse cenário, pode ser difícil para Potter fazer a Suécia voltar a marcar. Como lamentou Tomasson antes de cair: “Esquecemos como fazer gols e não sei o motivo.”
Potter tem basicamente dois jogos e cinco meses para encontrar uma solução. Se não conseguir, a federação sueca terá de lidar com o enorme prejuízo de ficar fora de uma segunda Copa seguida, mesmo tendo dois dos atacantes mais valiosos do futebol atual.