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Graham Potter Sweden GFXGOAL

Graham Potter vai conseguir reviver a Suécia de Alexander Isak e Viktor Gyokeres e salvar a luta pela Copa do Mundo?

A Federação Sueca de Futebol (SvFF) entendeu que não havia alternativa: o ambiente da seleção sob Dahl Tomasson se deteriorou a ponto de o “bastardo dinamarquês”, como foi chamado por torcedores mais exaltados, ser dispensado antes mesmo do fim das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026.

Curiosamente, a Suécia voltou a apostar em um estrangeiro para tentar ressuscitar o sonho de disputar o Mundial do ano que vem na América do Norte: o inglês Graham Potter assumiu menos de um mês após ser demitido do West Ham.

Então, onde tudo deu errado com Dahl Tomasson? E será que Potter é realmente o nome certo para extrair o máximo de uma seleção que possui um ataque avaliado em £ 235 milhões (R$ 1,77 bilhão) mas sofre para fazer gols e enfrenta uma crise coletiva de confiança?

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  • FBL-SWE-HEAD COACH-TOMASSONAFP

    Mudança de rumos

    A sensação era de que a seleção sueca havia batido no fundo do poço ao ficar fora da Eurocopa 2024. Desde 1996 o país não perdia uma edição, e, desta vez, sequer chegou perto. Venceu apenas três jogos nas Eliminatórias e terminou nove pontos atrás da vice-líder Áustria e dez atrás da líder Bélgica.

    Como a Suécia também havia sido eliminada pela Polônia na repescagem para a Copa de 2022, a SvFF considerou inevitável encerrar o ciclo de sete anos de Janne Andersson. Para conduzir o processo de reconstrução, contratou Kim Kallstrom como novo diretor de futebol. O ex-meio-campista, que disputou 131 partidas pela Suécia (e quatro pelo Arsenal), recebeu de imediato a missão de escolher o sucessor ideal.

    “Essa é a prioridade número 1”, afirmou Kallstrom em 6 de dezembro de 2023. “Mas precisamos de tempo. Precisamos analisar onde estamos, por que estamos aqui, onde queremos chegar, como chegaremos lá e quem são as pessoas certas para fazer isso acontecer.”

    No fim, Kallstrom decidiu apostar em Dahl Tomasson, ex-atacante da Dinamarca, que havia deixado o Blackburn Rovers por “consenso mútuo” após oito jogos sem vitória na Segunda Divisão Inglesa.

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  • Sweden v Slovakia - UEFA Nations League 2024/25 League C Group C1Getty Images Sport

    "Um novo estilo e um novo time"

    Tomasson perdeu três de seus quatro primeiros jogos, incluindo um 2 a 1 para a própria Dinamarca, mas eram apenas amistosos. Quando os jogos valendo começaram, em setembro de 2024, a Suécia engrenou. E a ousadia do treinador em abandonar o tradicional 4-4-2 do país pareceu ser a grande responsável.

    Muitos comentaristas diziam que Isak e Gyokeres não poderiam jogar juntos, por serem semelhantes. Mas a dupla somou 12 gols em quatro partidas da Liga das Nações atuando lado a lado no ataque de um ousado 3-4-1-2.

    “Alguns chamam isso de revolução, mas, antes de tudo, vejo meu trabalho como a reversão de resultados ruins, criando um novo estilo e um novo time”, disse o ex-técnico do Malmo ao site Bold.dk. Tomasson reconheceu, porém, que nem todos estavam convencidos, muito em função do nível dos adversários na série C da Liga das Nações (Eslováquia, Estônia e Azerbaijão).

    “Ainda vejo pessoas céticas sobre jogar tão ofensivamente contra seleções melhores”, afirmou. “Mas, embora joguemos de forma ofensiva, não fazemos isso de maneira ingênua.”

    Só que, quando suas ideias foram testadas de verdade nas Eliminatórias da Copa, tudo desmoronou.

  • FBL-WC-2026-EUR-QUALIFIERS-KOS-SWEAFP

    De mal a pior

    Mesmo com Isak longe da melhor forma física para a estreia contra a Eslovênia, após um período de desgaste físico motivado pela intensa negociação de sua transferência, a Suécia deveria ter vencido em Ljubljana em 5 de setembro. A equipe abriu o placar com Anthony Elanga, sofreu o empate, voltou a ficar na frente com Yasin Ayari, mas cedeu o 2 a 2 no último minuto após falha do goleiro Robin Olsen.

    Três dias depois veio algo ainda pior: derrota desastrosa por 2 a 0 para Kosovo. A confiança no treinador, que já balançava, praticamente acabou ali. Restavam quatro rodadas, mas a imprensa local tratou o tropeço contra uma seleção que ocupava o 95º lugar do ranking da Fifa como o fim das chances de classificação direta.

    O ex-meia Freddie Ljungberg chamou a atuação de “horrível”. O jornal Expressen classificou como “uma traição”. Já o Goteborgs-Posten escreveu: “A subida é tão íngreme agora que é impossível enxergar como uma seleção comandada por Jon Dahl Tomasson conseguirá recuperar a confiança que não construiu ao longo do último ano e meio.”

    Infelizmente para o treinador pressionado, a imprensa sueca estava certa.

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    "Tapa na cara"

    Para ter qualquer chance real de superar a Suíça e terminar em primeiro lugar do Grupo B das Eliminatórias, a Suécia simplesmente precisava vencer a equipe de Murat Yakin em Solna, no dia 10 de outubro. No entanto, mesmo com Isak recuperado e escalado desde o início ao lado de Gyokeres, e com Elanga começando no banco, os anfitriões não acertaram um único chute no alvo na derrota por 2 a 0, uma atuação vergonhosamente apática.

    Sem surpresa, o time sem força de Tomasson deixou o campo vaiado, enquanto a já famosa faixa “JDT Out, Danish bast*rd”, traduzindo ao português "Fora JDT, bastardo dinamarquês" era aberta nas arquibancadas. “Aquilo foi horrível”, disse o defensor Emil Holm ao Aftonbladet. “Não deveria existir algo assim. Entendo a frustração, mas escrever esse tipo de coisa é o fundo do poço.”

    Tomasson respondeu com diplomacia notável ao ter sua nacionalidade jogada no debate de forma tão grosseira, tentando ao mesmo tempo inflamar o otimismo sobre as chances suecas de seguir viva na disputa por uma vaga na Copa.

    “Eu entendo os torcedores, eles querem resultados e vitórias”, declarou. “Futebol é emoção. Eles estão preocupados, e precisamos lidar com isso, porque esse resultado foi um tapa na cara. Mas ainda não estamos eliminados. Eu acredito que podemos chegar à Copa do Mundo com este time.”

    Porém, na segunda-feira seguinte, a Suécia voltou a perder para Kosovo, dessa vez por 1 a 0 em Gotemburgo, o que tornou até mesmo o segundo lugar inatingível. A seleção estava claramente “completamente quebrada”, como definiu o ex-zagueiro Jonas Olsson no Viaplay. A federação agiu de imediato e passou a missão de reconstrução para Graham Potter.

  • FBL-WC-2026-SWE-SWEDEN-POTTERAFP

    Ganhou na loteria

    A escolha de Potter como substituto de Dahl Tomasson surpreendeu muitos fãs da Premier League, já que ele havia sido demitido em seus dois trabalhos anteriores: Chelsea e West Ham. “Ele ganhou na loteria com o emprego na Suécia”, afirmou Dwight Yorke, ex-atacante do Manchester United, ao Snabbare.

    “Depois do jeito que terminou no West Ham, ter sob seu comando provavelmente os dois maiores nomes do futebol britânico no último mercado, Alexander Isak e Viktor Gyokeres, é algo que não acontece com frequência. Tudo aconteceu muito rápido, mas acho que o Potter estava no lugar certo na hora certa, e às vezes é só disso que você precisa. Não diria que foi só sorte, mas às vezes você precisa da oportunidade certa. Ele conseguiu, agora depende do que ele vai fazer com ela.”

    Sem dúvida, é uma excelente chance para Potter reconstruir parte de sua reputação, e seus laços antigos com a Suécia certamente ajudam. O técnico de 50 anos é mais lembrado pelo trabalho esteticamente atraente no Brighton, mas foi na Suécia que ele se firmou como um dos treinadores mais promissores da Inglaterra. Ele comandou o Ostersunds por sete anos, levando o clube da quarta divisão ao topo do futebol sueco, conquistando a Copa da Suécia e vencendo o Arsenal de Arsène Wenger no Emirates pela Liga Europa.

    Assim, a contratação de um técnico tão conhecido foi vista como um grande acerto na Suécia, especialmente porque Potter deixou claro que aceitava receber um salário relativamente baixo, motivado pelo desafio.

    “Normalmente esse é o problema quando a federação vai contratar um técnico”, explicou Olsson à Sky Sports. “O salário não é dos mais altos, então não dá para buscar grandes nomes. Mas a ligação do Potter com o futebol sueco é forte pelo que fez no Ostersunds e também por causa da comissão: o assistente Bjorn Hamberg trabalhou com ele no Brighton e no Chelsea.

    “Os torcedores suecos meio que o veem como alguém da casa, então foi uma contratação fácil de vender. E, para equilibrar tudo, suas qualidades de liderança mostram que ele pode criar harmonia em um bom grupo de jogadores.”

  • FBL-WC-2026-SWE-SWEDEN-POTTERAFP

    Boa primeira impressão

    Torcedores do Chelsea e do West Ham (e talvez até alguns jogadores) certamente discordariam da avaliação positiva de Olsson sobre as qualidades de liderança de Potter. Ele era visto como um “yes man”, um homem que aceita tudo, por parte do elenco em Stamford Bridge e até apelidado de “Harry” ou “Hogwarts”. Mas, ao falar sueco na primeira coletiva como técnico da seleção, Potter causou uma impressão bem melhor do que Tomasson, que sempre se comunicava apenas em inglês.

    “É uma grande honra estar aqui. Estou muito orgulhoso”, disse. “Eu entendo bem o futebol sueco, e acho que, como técnico da seleção, é importante ao menos tentar falar o idioma. Não diria que já estou plenamente afiado — faz muito tempo que não pratico sueco e nunca fui exatamente fluente. Então está sendo uma mistura de reciclar o idioma, assistir aos jogos, observar os jogadores e garantir que tenhamos agora um time e um grupo com os quais possamos avançar.”

    A situação, claro, está longe do ideal. Potter assume um time sem confiança no meio de uma campanha classificatória. Ainda assim, apenas o fato de Tomasson ter sido demitido já deve aliviar o clima para jogadores como Elanga, que supostamente tinham problemas com o “maldito sistema” do dinamarquês. O capitão Victor Lindelof também ficou numa posição delicada após o conflito público entre Tomasson e o goleiro Robin Olsen, que prometeu nunca mais atuar para o treinador após ser barrado contra a Suíça.

    Curiosamente, a Suécia já estar fora da briga pela vaga direta também ajuda Potter. A única forma de ir à Copa agora é pela repescagem, vaga praticamente garantida por terem vencido seu grupo na Liga das Nações. Como consequência, os duelos contra Suíça e Eslovênia funcionam como testes livres, oportunidades para preparar o time para os confrontos mata-mata em março que decidirão se a Suécia vai ao Mundial e se o contrato de curto prazo do treinador será renovado.

    O problema, porém, é que Gyokeres está lesionado, enquanto Isak não disputa um minuto de jogo oficial pelo Liverpool desde o dia 22 de outubro. Isso significa que seu tempo em campo terá de ser limitado. Nesse cenário, pode ser difícil para Potter fazer a Suécia voltar a marcar. Como lamentou Tomasson antes de cair: “Esquecemos como fazer gols e não sei o motivo.”

    Potter tem basicamente dois jogos e cinco meses para encontrar uma solução. Se não conseguir, a federação sueca terá de lidar com o enorme prejuízo de ficar fora de uma segunda Copa seguida, mesmo tendo dois dos atacantes mais valiosos do futebol atual.

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