O dilema Federico Chiesa: o Liverpool já deveria dispensar o italiano após começo terrível no Anfield?

Os problemas recentes de condicionamento físico de Federico Chiesa nunca foram um segredo. Ele os abordou abertamente, admitindo que a lesão no ligamento cruzado anterior sofrida em janeiro de 2022 "retardou" sua carreira. Mesmo após retornar aos gramados sete meses depois, seu corpo enfrentou dificuldades para recuperar o ritmo, com episódios recorrentes de problemas musculares e até mesmo fadiga básica.

No entanto, Chiesa começou a resgatar sua antiga forma na última temporada. Ele disputou 37 partidas em todas as competições pela Juventus em 2023/24, seu maior número de jogos desde a campanha que precedeu a Euro 2020. Naquele torneio, a Itália saiu vitoriosa em Wembley, e Chiesa foi eleito para o time do torneio após atuações decisivas e dinâmicas nas fases eliminatórias.

Graças a essa evolução, Chiesa tinha motivos para afirmar que estava "perto do nível de antes da lesão", especialmente após ser o melhor em campo em uma vitória da Itália sobre a Albânia na Euro realizado no último verão, na Alemanha.

Então, por que a Juventus estava disposta a abrir mão de Federico Chiesa? Essencialmente, por questões financeiras. O clube ofereceu ao jogador uma extensão de contrato, mas praticamente nos mesmos termos do acordo atual — algo que nem Chiesa nem seu agente consideraram aceitável.

Diante disso, a Juve optou por colocá-lo no mercado, buscando vendê-lo ao maior lance para evitar perdê-lo de graça quando seu contrato expirasse no verão de 2026.

Clubes como Inter, Milan e Roma demonstraram interesse, mas não avançaram com propostas concretas. A justificativa parecia óbvia: o risco financeiro era elevado demais para equipes que adotaram uma abordagem mais cautelosa no mercado de transferências nos últimos anos. Para eles, não valia a pena investir uma quantia significativa em taxas de transferência e salários — mesmo pelos padrões da Serie A — em um jogador com um histórico preocupante de lesões.

O Liverpool, no entanto, decidiu correr o risco e investir.

Para o Liverpool, a contratação de Federico Chiesa era vista como uma oportunidade de baixo risco — exatamente o tipo de aquisição "oportunista" mencionada por Richard Hughes, o novo diretor esportivo do clube, ao assumir o cargo no verão. Afinal, é raro um jogador do calibre de Chiesa, vencedor da Euro e de talento inquestionável, estar disponível por apenas £10 milhões de libras — o mesmo valor pago pelos Reds por Fabio Borini em 2012.

É verdade que havia circunstâncias atenuantes. Além disso, havia um argumento legítimo de que o Liverpool não precisava de outro jogador de lado de campo, já que as prioridades do clube no mercado eram um zagueiro central canhoto e um meio-campista defensivo.

Ainda assim, o técnico Arne Slot demonstrou entusiasmo com a chegada do italiano. "Tenho dito durante todo o verão que não é fácil contratar jogadores para o Liverpool porque o nível dos atletas que já temos é muito alto. Mas acredito firmemente que, com Federico, estamos trazendo alguém que eleva ainda mais o nosso elenco," declarou o holandês ao site oficial do clube.

"Não é apenas o talento físico dele; Federico tem experiência em vencer troféus — incluindo um com sua seleção nacional — e em superar contratempos e desafios. Essa é a mentalidade que buscamos no Liverpool. Além disso, ele tem uma ética de trabalho incrível, que complementa seu talento."

"Ele é um jogador que pode causar impacto e ajudar a equipe. Isso é mérito de Richard Hughes e de todos os envolvidos em trazê-lo para o clube."

Na visão de Slot, Chiesa era uma aposta calculada, com potencial para gerar um retorno expressivo. No entanto, no momento atual, o temor crescente é que essa aposta possa acabar se revelando um fracasso significativo.

À medida que novembro chega ao fim, a condição de Federico Chiesa tornou-se um verdadeiro enigma para o Liverpool, algo que o técnico Arne Slot descreveu como simultaneamente "simples" e "complicado".

Até o momento, o atacante italiano fez apenas três aparições pelo clube, acumulando apenas 78 minutos em campo. Esses números despertaram preocupação entre os torcedores, que começam a questionar a viabilidade da contratação.

Slot, no entanto, tentou tranquilizar os fãs, explicando repetidamente que Chiesa não foi favorecido pelas circunstâncias antes de sua chegada. Segundo o treinador, o fato de o jogador ter sido deixado de lado pelo técnico Thiago Motta na Juventus o fez chegar a Anfield sem uma pré-temporada adequada, o que impactou seu preparo físico.

Além disso, Slot destacou os desafios enfrentados por Chiesa ao se adaptar à Premier League. "Ele está tentando voltar à forma em uma liga onde a intensidade pode ser até maior do que na italiana. Acabamos de enfrentar dois times da Itália (Milan e Bologna, pela Champions League), então posso dizer isso agora," afirmou o técnico.

Slot reconheceu a frustração do jogador: "Tudo isso dificulta para ele atingir os níveis de intensidade que o restante da equipe já alcançou. É uma grande decepção para ele ter que entrar e sair das sessões de treinamento constantemente. Eu realmente sinto muito por ele."

Para Chiesa, a adaptação tem sido um caminho tortuoso, deixando torcedores e comissão técnica na expectativa de que o jogador recupere sua melhor forma.

Os recentes comentários de Arne Slot alimentaram rumores de que Federico Chiesa pode ser emprestado de volta à Itália na janela de transferências de janeiro. A medida permitiria ao atacante retomar sua forma física e, potencialmente, retornar ao Liverpool no próximo verão pronto para disputar uma vaga de titular.

Clubes como Inter, Milan e Roma surgem novamente como possíveis destinos, mas questões financeiras tornam a negociação desafiadora. Para que isso ocorra, o Liverpool precisaria aceitar subsidiar uma parte significativa do salário de Chiesa. Contudo, Slot descartou que essa possibilidade tenha sido discutida até o momento.

"Antes de tudo, ele precisa se recuperar, e só então poderemos avaliar onde ele está," declarou o técnico no final de outubro. "Ele perdeu a pré-temporada conosco, e, mesmo na Juventus, sua preparação foi de baixa intensidade, treinando separado com poucos jogadores. Ir de uma pré-temporada limitada para uma liga de alta intensidade, como a Premier League, é complicado, especialmente nas condições dele."

Slot enfatizou que o clube está trabalhando cuidadosamente para atender às necessidades específicas do italiano: "Sabíamos que seria um desafio e entendemos que precisávamos ajustar o treinamento de acordo com sua condição. Mas o processo tem sido longe do ideal. Ele treina por alguns dias e, em seguida, é afastado novamente por lesões."

Apesar das dificuldades, o treinador mantém o otimismo: "Tenho total confiança de que ele encontrará seu ritmo. Por enquanto, o foco principal é garantir que ele se recupere completamente."

O Liverpool parece determinado a priorizar a saúde de Chiesa antes de tomar qualquer decisão sobre seu futuro imediato.

A ausência de Federico Chiesa nos últimos dois meses, admitida por Arne Slot como "longe de ser ideal", não só impactou o jogador, mas também prejudicou as opções ofensivas do Liverpool. Com a lesão de Diogo Jota, o italiano poderia ter aproveitado um momento crucial para ganhar minutos e se firmar na equipe, mas sua recuperação atrasada o manteve fora de ação.

Agora, com o período internacional encerrado e a intensa maratona de jogos do final de ano se aproximando, Chiesa finalmente está próximo de retornar aos treinos. Isso abre uma janela de oportunidade para que ele desempenhe um papel decisivo em um Liverpool que busca manter sua competitividade nas quatro competições em que está envolvido. Ainda assim, o tempo é curto, e a pressão sobre o atacante aumentará, especialmente considerando que sua vaga na seleção italiana já foi comprometida.

A sombra de Ben Doak, jovem escocês emprestado ao Middlesbrough, também paira sobre o futuro de Chiesa. Doak é visto como um potencial substituto para Salah, enquanto Chiesa, ainda lutando para retomar seu ritmo e confiança, precisa se provar rapidamente.

Slot destacou que a qualidade de Chiesa é inegável, mas também reconheceu os problemas de lesão que marcaram sua carreira recente. "As próximas seis semanas podem ser decisivas," apontam analistas, dado que, sem tempo de jogo, Chiesa pode enfrentar uma realidade dura no Liverpool, com especulações sobre sua saída em janeiro se intensificando.

Para o italiano, é um momento de tudo ou nada: provar seu valor ou correr o risco de ser excluído dos planos futuros do Liverpool.