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Garrincha e Pelé, Bebeto e RomárioGOAL

Copa do Mundo de 1994 fez de Bebeto e Romário uma dupla tão marcante quanto Pelé e Garrincha na seleção brasileira

A indústria do entretenimento adora uma dupla marcante. Batman e Robin, Han Solo e Chewbacca, Buzz e Woody são apenas algumas delas. Dentro do esporte, que também acaba inserido nesta indústria, não é diferente. Nunca foi. E o Brasil – onde também há um fascínio em duplas sertanejas – conta com a maior delas: Pelé e Garrincha.

O maior jogador da história do futebol e o maior driblador jogaram, ao mesmo tempo, na seleção brasileira. Juntos, jamais perderam e levaram, com doses de protagonismos diferentes, o Brasil a três títulos mundiais (Pelé e Garrincha em 1958, mais Garrincha que Pelé em 1962 e apenas Pelé em 1970). Mas se nas histórias das Copas do Mundo tem algo que chega perto do mito de Pelé e Garrincha, é a dupla formada por Bebeto e Romário em 1994.

A conquista do Tetra, que neste ano completa três décadas, passa muito pelo que os atacantes fizeram nos gramados dos Estados Unidos naquele 1994. Pense em uma dupla icônica, e vários nomes irão passar pela sua cabeça. A certeza, especialmente se você acompanhou aquele Brasil que entrava em campo de mãos dadas, é que Bebeto e Romário serão citados.

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  • Rivalidade nos primeiros encontros

    Bebeto e Romário começaram a parceria em 1988, com a seleção olímpica brasileira nos Jogos de Seul, na Coreia do Sul. No selecionado principal, contudo, a história teve a Copa América de 1989 como ponto de partida. O final foi feliz, com título e indício de grande entrosamento, mas aqueles primeiros capítulos foram marcados por dificuldades e até mesmo uma rixa entre os atacantes.

    Bebeto defendia o Flamengo, já vinha sendo convocado há mais tempo, enquanto Romário era atacante do Vasco recém-contratado pelo PSV Eindhoven, da Holanda. A rivalidade entre os clubes dispensa comentários, e na relação entre ambos era algo visível – afinal de contas, desde 1986 eles era apontados como os respectivos sucessores de Zico e Roberto Dinamite.

    “Tínhamos uma rivalidade no âmbito profissional, no futebol. Foi a partir daquela Copa América que a gente começou a jogar mais junto. Começamos a nos conhecer melhor e o entrosamento partiu dali”, relembrou Romário em matéria concedida ao GE em 2013. “A rivalidade era natural. Nunca tivemos uma discussão. Durante a Copa América, ele me abraçou, brincou comigo e disse: ‘Temos que acabar com isso’”, completou Bebeto.

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  • Parceria firmada com gols e fim de jejum

    Olhar em retrospectiva é sempre mais fácil. Que usemos esta facilidade, então: o primeiro grande jogo da parceria já mostrou que a dupla estava destinada a grandes feitos. No Maracanã, o Brasil deu show contra a Argentina. A vitória de 2 a 0 teve golaço de voleio de Bebeto, após assistência de Romário. O Baixinho, que deu “caneta” até em Maradona naquela partida, fez o segundo gol.

    No jogo seguinte, 3 a 0 sobre o Paraguai e novo show da dupla – dois gols de Bebeto e um de Romário. O título, que encerrava um jejum de 40 anos do Brasil sem troféus, veio com gol do eterno camisa 11 na final contra o Uruguai. Era apenas um anúncio do que viria acontecer cinco anos depois.

    Em meio às glórias, uma decepção: os dois atacantes foram reservas no Mundial de 1990, na Itália. O motivo foi a lesão de ambos, mas não deixa de ser bizarro a opção do técnico Sebastião Lazaroni: não havia atacante titular, e sim dupla de ataque titular (olha a obsessão com as duplas aí): Bebeto só jogaria com Romário, Careca só jogaria com Müller.

  • Enfim, o reencontro

    Ou seja, até 1994, a dupla dinâmica só havia brilhado mesmo na conquista da Copa América de 1989. E seguiria assim na maior parte do tempo entre a eliminação na Itália, contra a Argentina, e a estreia nos Estados Unidos, contra a Rússia. Isso porque Romário passou a não ser convocado pelo técnico Carlos Alberto Parreira, em parte por ter sentido algumas lesões mas também, especula-se, por algum desentendimento com o comandante.

    Pois no jogo decisivo das Eliminatórias, contra o Uruguai, com risco de o Brasil não conseguir a vaga direta para os Estados Unidos, Romário brilhou e decidiu. Com ajuda de Bebeto, claro. Foi do camisa 7 o cruzamento para a cabeçada do baixinho, que abriu a contagem na vitória por 2 a 0.

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  • Bebeto, Romário Brazil 1994Getty Images

    “Eu te amo”: o Tetra na eternidade

    Depois de toda esta saga, de longos cinco anos, Romário e Bebeto chegaram à Copa do Mundo de 1994 nas melhores condições e incontestáveis como dupla de ataque. E o resultado não poderia ter sido melhor. Do total de 11 gols marcados pelo Brasil no torneio, cinco foram de Romário e três vieram dos pés de Bebeto: ou seja, incríveis 72,7% do total – Branco, Raí e Márcio Santos fizeram os outros.

    Isso, sem contar as assistências de um para o outro. A primeiro delas foi, logo de cara, a mais lembrada. Oitavas de final contra os Estados Unidos, jogo difícil e Brasil com menos um em campo após a expulsão de Leonardo. A partida começava a querer entrar em sua parte final quando Romário saiu da área para fazer jogada de camisa 10: a bola enfiada para a entrada de Bebeto, da direita para o centro, foi completada com finalização seca e rasteira do baiano.

    A comemoração de Bebeto simboliza muito do que a dupla representou naquela Copa do Mundo: mãos estendidas na direção do rosto do Baixinho, seguidas da declaração de “Eu te amo!” antes do abraço. Bebeto devolveria o presente ao amigo nas quartas, no dramático 3 x 2 contra a Holanda.

    Na finalíssima, contra a Itália, Romário ensaiou uma assistência como contra os EUA, mas o chute de Bebeto não foi tão certeiro. Na prorrogação, de coxa e meio sem querer o baiano quase conseguiu servir o Baixinho... mas naquela tarde quente, o título viria apenas na decisão por pênaltis. Uma taça que sacramentou, definitivamente, Bebeto e Romário como uma das maiores duplas das Copas do Mundo e, por consequência, da história da seleção brasileira.

  • Romario BebetoGetty Images

    Rusgas e reencontros

    A história já estava sacramentada, mas o posfácio também reservou episódios interessantes. Em 1996, o reencontro moveu enormes expectativas no Flamengo. Mas não deu certo: o Baixinho vinha sofrendo com lesões e, com pouquíssimos minutos juntos e uma derrota para o Internacional, no final das contas ambos acabariam sendo negociados com o futebol espanhol – Romário para o Valencia, Bebeto para o Sevilla.

    Em 2001, já veteranos, o reencontro aconteceu no Vasco e também esteve muito longe de trazer de volta as lembranças do Tetra. Romário ainda exibia grande forma goleadora, mas Bebeto, aos 37 anos, estava nos últimos momentos de sua carreira. A amizade também virou briga entre 2022 e 2023, por razões políticas e eleitorais – que motivaram acusações de lado a lado.

  • Eternamente na história

    Independentemente de um desempenho ruim atuando juntos em clubes ou nos corredores de Brasília, não há dúvidas que dentro das quatro linhas Bebeto e Romário fizeram uma das maiores parcerias da história do futebol. Uma dupla tão marcante quanto um Pelé e Garrincha, eternizada pelo Tetra, gols e assistências e comemorações emblemáticas. Quando se fala em dupla, sempre vai se falar, também, de Bebeto e Romário.

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