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Abel Ferreira Palmeiras Tubarão 16x9GOAL

Como o Palmeiras de Abel Ferreira ganhou fama de “tubarão branco” do futebol brasileiro

É seguro afirmar que o Palmeiras passou a viver uma nova grande era de sua história a partir de 2015, com a entrada da Crefisa, parceira e patrocinadora atual, coincidindo com o título da Copa do Brasil daquele ano, conquistado nos pênaltis em clássico contra o Santos. Mas a chegada de Abel Ferreira na área técnica alviverde, no final de 2020, fez com que o auge palmeirense fosse reescrito: dizer que já é um esquadrão histórico talvez seja simples demais e não faça jus ao peso de tantas conquistas.

De qualquer forma, é esta aura que justifica, em parte, o novo status que muitos passaram a colocar no Palmeiras nesta reta final de temporada 2024: o de grande favorito ao título brasileiro -- que pode ser o terceiro consecutivo a tomar o caminho do Allianz Parque. A disputa com o Botafogo, em especial, promete ser mais duradoura do que em 2023. Se a Série A é tudo o que resta para o time de Abel Ferreira, os alvinegros também dividem suas atenções com a Copa Libertadores – onde inclusive eliminaram os alviverdes.

A mera presença do time de Abel no encalço dos botafoguenses gera um respeito geral de quem avalia o campeonato, uma noção de que o Palmeiras pode, a qualquer momento, voltar ao topo da tabela para não mais sair nesta reta final de Campeonato Brasileiro. Esta percepção é baseada no que os palmeirenses entregam em campo, quase sempre de forma muito mais segura do que encantadora.

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  • Palmeiras v Santos - Copa CONMEBOL Libertadores 2020 FinalGetty Images Sport

    Coleção de títulos

    E para responder como o Palmeiras chegou neste nível, de ser comparado a um grande e frio predador, é inevitável não citar a longa galeria de títulos conquistados recentemente. Desde a chegada de Abel Ferreira, foram duas Libertadores (2020, 2021), uma Copa do Brasil (2020), três Campeonatos Paulistas (2022, 2023, 2024) e dois Brasileirões (2022, 2023). Isso sem falar nos bônus representados em forma de Recopa Sul-Americana (2022) e Supercopa do Brasil (2023).

    Antes de chegar ao Palmeiras, Abel Ferreira jamais tinha sido campeão como técnico. Em pouco mais de quatro anos, o português passou a ser o treinador com mais troféus levantados em toda história alviverde. É muita coisa. Mas é impossível desconsiderar o clichê de que “ninguém faz nada sozinho”. Antes da chegada de Abel, os palmeirenses já haviam voltado a se acostumar com grandes títulos: os Brasileirões de 2016 e 2018, além da já citada Copa do Brasil de 2015, tiraram um peso das costas do clube – um peso que, por exemplo, o Botafogo ainda precisa vencer.

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  • Endrick PalmeirasGetty Images

    Como os títulos foram conquistados

    O que distingue muito esta era Abel Ferreira, em relação a títulos, é a forma como eles são conquistados: com viradas épicas e/ou gols marcados nos últimos minutos, roteiro que passa aquela impressão de inevitabilidade. A Libertadores de 2020 foi sacramentada nos acréscimos do segundo tempo contra o Santos, no Maracanã, após um clássico extenuante tanto pelo equilíbrio quanto pelo calor que fazia naquela tarde de janeiro de 2021. Aquilo foi um anúncio do que viria.

    O bicampeonato de Libertadores, em 2021, veio com gol de Deyverson já na prorrogação contra um até então favorito Flamengo. Em 2022, depois de perder por 3 a 1 para o São Paulo no jogo de ida da final do Campeonato Paulista, o Palmeiras goleou por 4 a 0 na volta e ficou com a taça. Já no Brasileirão de 2023, a conquista ficou marcada por uma grande campanha de recuperação em meio ao derretimento do Botafogo na tabela, uma situação talvez impensável se não houvesse aquele 4 a 3 dentro do Estádio Nilton Santos depois dos palmeirenses estarem perdendo por 3 a 0.

  • Abel Ferreira, Palmeiras Novorizontino Paulista 2024Fabio Menotti/Palmeiras

    Mentalidade

    Ou seja, é possível falar que as principais conquistas recentes do Palmeiras foram marcadas pela emoção e pelo equilíbrio em relação aos seus adversários. Mas a balança sempre pendeu para o lado alviverde. Não pode ser apenas sorte. E não é. O trabalho mental feito por Abel Ferreira, muito além das táticas, também carrega alta dose de importância nesta receita. A frase “cabeça fria, coração quente”, que virou também título (neste caso, de um livro escrito pelo próprio Abel), sentencia mais o Palmeiras dos últimos anos do que falar em 4-4-2 ou esquema com três zagueiros.

  • Abel Ferreira Estevão, Palmeiras 2024Cesar Greco/Palmeiras

    Receita pronta

    Defesa que ninguém passa, linha atacante de raça. O DNA do Palmeiras segue quase à risca um dos trechos mais famosos de seu hino. Mas aliado à estrutura já vitoriosa com Raphael Veiga no meio-campo, Dudu mais avançado e Gustavo Gómez e Weverton segurando quase tudo lá atrás, os alviverdes passaram a ser um dos maiores celeiros de craques do mundo. Pense nas últimas conquistas, e lembre de nomes como Gabriel Jesus (na era pré-Abel Ferreira), Endrick e agora Estevão – que já ultrapassou até mesmo recorde de Neymar, em relação a participação em gols com menos de 18 anos na Série A.

  • Inevitável?

    Sabe quando foi a última derrota do Palmeiras em 2024? Em agosto, no duelo de ida de oitavas de final da Libertadores contra o Botafogo. De lá pra cá, o time empilhou sete vitórias e dois empates ao longo de dois meses. É muito, muito difícil ver o Palmeiras de Abel Ferreira perder jogos.

    Além disso, os alviverdes têm o maior índice de pontos esperados (Expected Points) da competição, indicando solidez e justiça de estar brigando onde está. O Palmeiras é inevitável? No futebol, quase nada é, mas não há dúvidas de que o time de Abel Ferreira conseguiu construir para si uma imagem indissociável de predador, como se fosse um tubarão branco: nenhuma equipe é tão dona de sua própria sorte no Brasil.

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