+18 | Conteúdo Comercial | Aplicam-se termos e condições | Jogue com responsabilidade | Princípios editoriais
Esta página tem links afiliados. Quando você compra um serviço ou um produto por meio desses links, nós podemos ganhar uma comissão.
Javier Mascherano's potential impactGetty

Como Javier Mascherano adaptou o Inter Miami nas ausências de Lionel Messi em um "caos controlado"

Era fácil duvidar de Javier Mascherano. Ele nunca havia comandado um time profissional, teve um desempenho abaixo do esperado com a seleção sub-20 da Argentina e foi escolhido – pelo menos em parte – por sua proximidade com os craques do Inter Miami.

Ainda assim, esta temporada prometia ser interessante de acompanhar.

E, até agora, tem sido. Mascherano não revolucionou taticamente o Miami. Não há um novo estilo de jogo ou mudanças inovadoras que vão impactar o futebol por anos.

O próprio treinador admite que os principais jogadores da equipe – Lionel Messi, Luis Suárez, Sergio Busquets e Jordi Alba – já não precisam de grandes ensinamentos. Seu papel, então, está nos detalhes. Ele precisa posicionar os atletas da melhor forma e fazer ajustes pontuais para extrair o máximo do elenco.

Por enquanto? Missão cumprida. O Inter Miami empatou na estreia da MLS e venceu todos os outros jogos que disputou, incluindo três sem Messi e um com um jogador a menos. Agora, a equipe de Mascherano tem sua primeira chance de revanche contra o Atlanta United – o time que os eliminou dos playoffs no ano passado – em mais uma edição do Sunday Night Soccer na Apple TV.

Nada será fácil, claro. O nível de dificuldade tende a aumentar. Mas, depois de algumas semanas competindo na Copa dos Campeões da CONCACAF e na MLS, o Miami já se mostra uma equipe sólida, com ajustes táticos inteligentes que podem abrir caminho para uma temporada vitoriosa.

A GOAL analisa as mudanças feitas pelo argentino nos primeiros meses de 2025.

Leia as últimas do mercado no WhatsApp! 🟢📱
  • Ian Fray Inter Miami 2025Getty

    Melhora na defesa

    Os problemas do ano passado eram evidentes. Havia uma forma clara de vencer o Miami: explorando os contra-ataques. O time era envelhecido e lento na defesa, deixando espaços por toda parte. Bastava atacar a linha defensiva – já fragilizada por lesões – e as chances apareciam.

    Foi exatamente assim que o Atlanta United eliminou os Herons nos playoffs. Faltava disciplina, e os zagueiros eram facilmente arrastados para os lados ou empurrados para fora de posição, deixando buracos na marcação.

    Este ano, porém, o cenário parece diferente. O Miami se organiza com mais inteligência. Há mais propósito nas investidas ofensivas, mas sempre priorizando a solidez defensiva. O resultado é um time mais compacto. Em quatro jogos, a equipe sofreu apenas sete finalizações no alvo e um total de 2,1 gols esperados (xG). A métrica xG/chute – que mede a qualidade das chances concedidas – é de apenas 0,09.

    No ano passado, esse número era um pouco maior, 0,1. No fim da temporada, subiu para 0,15. São diferenças pequenas, mas a realidade é que o Miami está concedendo menos chances, e as poucas que permite são de qualidade bem inferior.

  • Publicidade
  • Yannick Bright 2025 Inter MiamiGetty

    Yannick Bright, um astro desconhecido?

    Sempre há algo a ser dito sobre o jogador incansável, aquele que não para de correr, cobre todo o meio de campo e faz o trabalho sujo para que os craques brilhem. Esse tipo de atleta sempre existiu no futebol. Jordan Henderson desempenhou esse papel no Liverpool, Rodrigo De Paul faz isso na Argentina.

    E Yannick Bright assumiu essa função no Miami. O ex-meio-campista da Universidade de New Hampshire já vinha mostrando potencial desde o ano passado, cobrindo espaços quando Busquets recuava para ajudar na defesa ou ficava ausente.

    Mas sob o comando de Mascherano, tudo ficou mais organizado. Busquets, que nunca foi um jogador de grande mobilidade, agora atua em um posicionamento mais fixo. E é Bright quem dá sustentação a isso. Basta assistir a um jogo para perceber: ele está em toda parte. Na MLS, está entre os 10 melhores meio-campistas em desarmes e interceptações. Nenhum volante na liga tem mais desarmes no meio de campo.

    Os números confirmam essa impressão. De acordo com o FBRef, de análises e estatísticas do futebol, Bright está no 94º percentil global em desarmes, 99º em interceptações, 97º em bloqueios e 95º em cortes – tudo isso em apenas 152 minutos jogados. Considerando a média por 90 minutos, não há um meio-campista defensivo mais eficaz na liga.

    O mais impressionante, no entanto, é como ele se encaixa no time. Bright faz cerca de três passes progressivos por jogo e raramente carrega a bola para o ataque – menos de uma vez a cada 90 minutos. Sua missão é simples: recuperar a posse e entregar para Busquets, que então inicia a construção ofensiva. E ele cumpre esse papel com perfeição.

  • Suarez Allende Inter Miami 2025Getty

    A questão de Luis Suárez sem a bola

    Às vezes, chega a ser doloroso ver Suárez correndo. Ele realmente não deveria estar fazendo isso – não com essa idade, não nesses gramados, e certamente não com seus joelhos. O próprio uruguaio já admitiu que joga sentindo dor praticamente todos os dias. Mas, seja por teimosia ou mentalidade de campeão, ele continua decidindo dentro de campo.

    A saída de Leo Campana para o New England levantou dúvidas sobre o elenco do Miami. O time perdeu seu atacante reserva, e Suárez ficou sem um substituto imediato.

    Ainda assim, ele não tem jogado de maneira a poupar energia. O time de Mascherano não gosta de ficar sem a bola. Quando perde a posse, pressiona para recuperá-la o mais rápido possível. E, acima de tudo, evita recuar. O jogo aqui é o caos controlado.

    Com meio-campistas incansáveis como Tadeo Allende e Benjamin Cremaschi cobrindo todos os espaços, a pressão começa lá na frente. Se essa barreira for superada, Bright está lá para fazer a contenção.

    Mas para esse sistema funcionar, Suárez também precisa colaborar. Para Mascherano, seu papel vai além dos números de desarmes ou interceptações – que não são impressionantes. O importante é como ele pressiona, fecha espaços e força os adversários a errar.

    O primeiro gol do Miami contra o Houston ilustra isso perfeitamente. Suárez não deu outra opção ao defensor além de um passe apressado. O time recuperou a bola e, seis segundos depois, ela estava na rede.

    E há também o que ele faz com a bola nos pés. Suárez já não é mais aquele centroavante fixo, posicionado entre os zagueiros. Agora, ele se movimenta e abre espaços para quem vem de trás. O melhor exemplo disso foi o golaço da vitória contra o Charlotte.

    Na jogada, Suárez recuou, bagunçando a marcação adversária. Os zagueiros ficaram na dúvida entre avançar ou esperar. No fim, não fizeram nem uma coisa nem outra. E o uruguaio aproveitou para dar um passe açucarado por cobertura, que Allende finalizou com categoria.

  • FBL-MLS-USA-INTERMIAMI-NEWYORKAFP

    Papel de Lionel Messi? A ser determinado

    Apesar do bom momento, ainda há dúvidas sobre Messi. É fácil esquecer que o camisa 10 jogou apenas 90 minutos na MLS nesta temporada. E, mesmo assim, foi mágico: deu duas assistências e ajudou o Miami a buscar um empate por 2 a 2, mesmo com um jogador a menos na estreia.

    Curiosamente, esse foi o único jogo em que o Miami perdeu pontos até agora. Claro, é uma amostra minúscula. Mas a equipe tem funcionado muito bem sem o oito vezes vencedor da Bola de Ouro. E isso é um grande mérito de Mascherano, que encontrou um jeito de fazer o time vencer sem depender exclusivamente do craque – algo que nenhum treinador nos últimos anos conseguiu.

    Messi voltou na última quinta-feira (13), entrando no segundo tempo e deixando sua marca nos acréscimos na vitória sem sustos sobre o Cavalier, pela Champions Cup. Foi um retorno ideal para ganhar ritmo. Mas o que acontece quando ele estiver 100% fisicamente?

    Suárez continuará no time. Busquets e Bright são indispensáveis. Isso deixa três opções: pedir que Messi corra mais, tirar um dos meio-campistas de apoio ou simplesmente deixá-lo no banco. A primeira e a terceira são impensáveis. A única alternativa realista é a segunda.

    E quem sairia? Allende tem sido decisivo. Segovia está cumprindo bem sua função. Cremaschi também tem dado conta do recado. É fato que, só pelo talento ofensivo, Messi já eleva o nível do time. Mas ajustes serão necessários para encaixá-lo sem comprometer o equilíbrio da equipe.

    As coisas estão funcionando muito bem até agora. A grande questão é: o que Mascherano fará a seguir?

  • Ustari Inter Miami 2025Getty

    Questões de disciplina?

    Um ponto a ser destacado é como o Inter Miami tem controlado os jogos nesta temporada. Como equipe, tem sido quase impecável: adaptável, inteligente e cada vez mais consistente sob o comando de um novo técnico que começa a se firmar no futebol de clubes. Individualmente, porém, alguns erros têm sido graves.

    O time terminou duas das três partidas na MLS até agora com um jogador a menos e ainda teve um atleta expulso após o apito final na terceira. Messi discutiu com o árbitro depois da estreia contra o New York City e acabou advertido. Já Mascherano tem sido enérgico – às vezes até agressivo – à beira do campo.

    É claro que paixão e intensidade são bem-vindas. Depois da frustração da última temporada, era esperado que o Miami entrasse com mais fome de vitória. Mas a equipe precisará se controlar melhor se quiser ter o domínio total de uma campanha que promete ser especial.