Chelsea em alerta: Enzo Maresca pode enfrentar crise interna com divisão entre times 'A' e 'B'

A estratégia de Maresca de manter duas equipes separadas para a liga e as copas sempre teve o potencial de gerar problemas, especialmente com a proximidade das janelas de transferência e o surgimento de rumores. Afinal, ninguém quer ficar no time B.

Os primeiros rumores de transferência que geraram agitação envolvem Christopher Nkunku, que estaria insatisfeito com a falta de minutos na Premier League, apesar de ser o artilheiro do Chelsea em todas as competições. Ele é especulado para uma possível transferência para o Manchester United em janeiro.

Surpreendentemente, há rumores de que o Chelsea estaria interessado apenas em recuperar os 52 milhões de libras (R$ 395,4 milhões) investidos em 2023, após uma temporada de estreia marcada por lesões. Embora esses rumores mereçam atenção, a ideia de vender um jogador com tanto potencial para um rival direto na luta pelo top 4 seria uma escolha arriscada.

Maresca, por sua vez, garante que não há divisão no elenco e reforça a ideia de que todos fazem parte de um só time: "A razão pelas mudanças não é porque temos um 'time A' ou um 'time B' — somos todos um só time", disse ele no início de novembro.

"A única razão é que todos merecem jogar. Alguns jogam no Campeonato Inglês, outros na Conference League ou na Copa da Liga Inglesa. Mas isso pode mudar; quem joga nas copas pode depois jogar na Premier League. Temos 24 ou 25 jogadores, e o elenco é um só. Tentamos distribuir os minutos entre todos."

Ele completou: "Temos jogadores incríveis, mas para mim, não há ninguém indispensável. Mudamos os jogadores porque acreditamos que todos são bons. Alguns, claro, são melhores que outros, mas isso não significa que vão jogar sempre."

É compreensível que Maresca queira basear sua escalação em meritocracia, mas há uma divergência entre suas palavras e as escolhas, com jogadores como Cucurella, Adarabioyo, Mudryk e Nkunku ficando fora da "equipe A", apesar de boas atuações.

Nkunku, em particular, se sentirá prejudicado, já que marcou 10 gols nesta temporada. Maresca tem preferido o sempre em evolução Nicolas Jackson na Premier League. Embora Jackson tenha feito sete gols, houve jogos em que ele sumiu e poderia ter sido substituído mais cedo.

O atacante reserva do Chelsea teve apenas 11 minutos de jogo em novembro, apesar de Jackson ter feito a diferença apenas em uma partida, com gol e boa atuação contra o Leicester. Isso mostra que gols na Conference League não garantem a vaga de Nkunku no time, deixando-o em um limbo.

Enzo Fernández, que brilhou contra o Leicester, marcando e dando assistência, retomou seu lugar no Campeonato Inglês após a lesão de Lavia. O que Maresca decidir sobre ele pode definir os rumos do time.

A frustração de Nkunku é compreensível — ele seria titular em muitos dos principais clubes da Europa e não deveria se contentar com "partidas-treino" na Conference League. Seu desempenho merece ser mais recompensado.

O francês já mostrou, ao deixar o PSG para jogar no RB Leipzig, que não quer ser esquecido, e esse é o risco que Maresca corre.

No ataque, Cole Palmer, Noni Madueke, Jadon Sancho e João Félix demonstraram ter grandes egos, com os dois últimos enfrentando problemas com seus ex-treinadores devido à falta de minutos no Manchester United e Atlético de Madrid, respectivamente.

A eliminação do Chelsea na Copa da Liga, pelo Newcastle, complicou ainda mais as coisas, já que restam ainda menos oportunidades para um elenco tão talentoso. Por enquanto, Chelsea e Maresca estão em um "período de lua de mel", mas a situação parece uma bomba-relógio.

Nem sequer mencionamos aqueles jogadores que quase nem tiveram minutos em campo; jogadores como Axel Disasi, Ben Chilwell, Kiernan Dewsbury-Hall, Cesare Casadei e Marc Guiu, que custaram 130 milhões de libras (R$ 988,5 milhões) ao Chelsea, quase não têm jogado nesta temporada.

A contratação de Dewsbury-Hall, ex-Leicester, gera dúvidas, enquanto Disasi merecia mais chances em uma defesa instável. Guiu pode se arrepender de ter deixado o Barcelona.

Janeiro será crucial, com rumores de saídas de Disasi, Chilwell, Dewsbury-Hall e Casadei. Difícil ver espaço para eles no time titular.

As próximas semanas serão decisivas, com o Chelsea fazendo 11 jogos em pouco mais de um mês durante o período das festas de final de ano. Lesões podem afetar a escalação, e os jogadores deverão ser alternados com rapidez.

Apesar disso, muitos dos jogos são acessíveis, como contra Southampton, Everton, Ipswich e Crystal Palace, mas também há confrontos difíceis contra Aston Villa e Tottenham.

Com a profundidade do elenco, o Chelsea tem potencial para estar entre os líderes da Premier League até o fim do ano, mas para isso, Maresca precisará ajustar sua rotação e manter o elenco satisfeito.