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Arsenal ready for title fight.jpgGetty/GOAL

Arsenal mostra que está pronto para ser campeão da Premier League mesmo sem vencer o Manchester City

A Premier League voltou com tudo! Manchester City e Arsenal protagonizaram um clássico para lá de quente no Etihad Stadium,pela quinta rodada, surpreendendo a todos. Se, na última temporada, os jogos chatos entre as duas melhores equipes do futebol inglês entediaram muita gente e, na em 2022/23, o City acumulou um placar agregado de 7 a 2, no capítulo mais recente o Arsenal finalmente mostrou força.

O time de Mikel Arteta esteve a segundos de sair de Manchester com os três pontos, apesar de ter jogado todo o segundo tempo com um homem a menos. Depois de uma performance tão valente, o gol de empate de John Stones, nos acréscimos do segundo tempo, foi um golpe cruel - mas o 2 a 2 não deve diminuir o fato de que os Gunners provaram estar evoluindo.

O City deixou tudo em campo, mas os Gunners se recusaram a ser intimidados e fizeram jogo duro do primeiro ao último minuto. Os atuais campeões estenderam a absurda sequência de invencibilidade em casa para 48 jogos, mas, pela primeira vez em quase dois anos, aquela aura de 'equipe imbatível' bambeou (ainda mais após a lesão que deve tirar Rodri da temporada).

O Arsenal deve, agora, se sentir no mesmo patamar do City. E com razão, pois mostraram aquela agressividade que faltava nas últimas duas campanhas. O empate não os colocou na liderança, mas dá motivos reais para acreditar que o o título pode, enfim, vir desta vez.

  • Calafiori Manchester City ArsenalGetty Images

    Sem covardia

    Pep Guardiola sofreu apenas 12 derrotas no Etihad Stadium desde que assumiu o comando do Manchester City, em 2016. Apenas uma dessas derrotas foi contra um adversário direto pelo título - o Chelsea, naquela primeira temporada.

    E o Arsenal perdeu uma chance de ouro de adentrar essa lista, em março deste ano, 'estacionando o ônibus' e ficando no 0 a 0 contra um City repleto de lesões, em vez de partir para cima. Essa exibição covarde foi imperdoável - no final, Guardiola ergueu seu quarto caneco do Inglês seguido.

    Mas desta vez, não houve covardia, mesmo após um início frenético dos donos da casa. Arteta optou por uma marcação homem a homem desde o início, o que foi um grande risco contra a velocidade e habilidade de Savinho e Jérémy Doku. Savinho, sobretudo, encontrou muito espaço, conseguindo servir Erling Haaland para marcar com apenas nove minutos de jogo.

    Os visitantes, no entanto, foram pacientes e, quando tiveram a oportunidade de atacar em transição, conseguiram. Kyle Walker foi conversar com o árbitro Michael Oliver após marcação de uma falta para os Gunners e Thomas Partey o viu fora de posição. O volante, então, cobrou rápido e lançou Gabriel Martinelli nas costas do lateral, viu o brasileiro aproveitar muito bem o campo livre, avançando até a área antes de tocar atrás para Riccardo Calafiori marcar um golaço, arrematando da entrada da área.

    E o escanteio que gerou o gol de Gabriel Magalhães, de cabeça, também só veio após outro ataque de alta pressão. O plano de jogo de Arteta estava funcionando perfeitamente - mas então o desastre aconteceu.

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  • FBL-ENG-PR-MAN CITY-ARSENALAFP

    Seguindo Mourinho à risca

    Leandro Trossard estava na corda bamba após receber um cartão amarelo por puxar a camisa de Savinho e perdeu completamente a cabeça nos acréscimos do 1° tempo. O belga empurrou Bernardo Silva em uma disputa pelo alto - o que já era passível de outro cartão - e em seguida chutou a bola para longe depois de Michael Oliver apitar a falta.

    Trossard acabou recebendo o segundo amarelo por atrasar o reinício do jogo, deixando o Arsenal com dez jogadores logo após os Gunners ganharem o controle da partida. Apesar das reclamações, não dá para negar: Trossard decepcionou seu time e deixou Arteta em situação complicada.

    Naturalmente, o espanhol decidiu tentar segurar o resultado no segundo tempo, adotando uma estratégia à la José Mourinho. O Arsenal sentou no placar. Estacionou o ônibus. Cedeu 88,5% da posse ao City.

    E, mesmo com o abafa dos donos da casa, os Gunners não erravam. Os Citizens se limitavam a finalizações de fora da área, sem conseguir furar o bloqueio visitante. O gol nunca pareceu estar prestes a sair. Mas, como você já sabe, saiu.

    Stones foi quem empatou o jogo na 28ª finalização do City na etapa final - um recorde em um tempo na história da Premier -, após chute de Mateo Kovacic desviar na zaga e deixar a bola oferecida dentro da pequena área para o camisa 5. O City escapou por pouco.

    Por outro lado, era a mais pura devastação para o Arsenal. Mas Arteta enxergou o copo meio cheio no pós-jogo: "A forma como o time compete é inacreditável. Estou muito orgulhoso. Você não pode ser colocado em uma situação mais difícil contra um adversário desse nível. Os garotos ficaram muito arrasados. Eles deram tudo de si. Colocaram coração e alma em cada bola. Eles sabem que hoje deram mais um grande passo".

  • Manchester City FC v Arsenal FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    De igual para igual

    O Arsenal ganhou tempo sempre que pôde em meio aos ataques do City, o que não surpreendeu Stones. "Eles fazem isso há alguns anos, então sabíamos o que esperar", disse, à Sky Sports. "Você pode chamar de inteligente ou de sujo, como preferir. Mas eles quebram o ritmo do jogo, o que atrapalha. Eles usam isso a seu favor, mas lidamos muito bem com isso".

    Mas havia uma amargura perceptível na voz de Stones. Isso porque - ao contrário dos anos anteriores - o Arsenal transformou este jogo em uma briga de cachorro grande e arriscou nos pontos fracos do City.

    Sob o comando de Arsène Wenger, o Arsenal fazia o mesmo contra o Manchester United, ano após ano. Eles venceram os Red Devils na corrida pelo título três vezes com o francês, mais pela força de caráter do que pela qualidade.

    Apesar do bonito futebol e do progresso alcançado, o grupo de Arteta não teve isso nos últimos cinco anos. E por isso domingo foi tão importante. Eles competiram de igual para igual com o City pela primeira vez. Às vezes, é necessário abraçar as 'artes obscuras' para ganhar uma vantagem, e foi exatamente isso que essa nova versão do Arsenal fez - desde a forte chegada de Kai Havertz em Rodri segundos após o apito inicial até as constantes provocações de Gabriel e Haaland.

  • Bernardo-Arsenal-Man-CityGetty

    Incomodando o City

    Stones e Haaland não foram os únicos jogadores do City a se sentirem incomodados pela abordagem do Arsenal. À TNT Sports Brasil, o meio-campista Bernardo Silva disse: "Apenas um time veio jogar futebol. O outro veio jogar até os limites do que era possível fazer e permitido pelo árbitro, infelizmente. Não estamos felizes, pois queríamos os três pontos, mas pessoalmente estou satisfeito com a forma como jogamos e encaramos a partida. Estou contente que sempre entramos em campo para tentar vencer cada jogo".

    O português acrescentou, após o repórter comparar o clássico com o Arsenal à rivalidade do City com o Liverpool de Jürgen Klopp: "A diferença? Não sei. Talvez o fato de que o Liverpool já ganhou uma Premier League, o Arsenal não. O Liverpool ganhou uma Champions League, o Arsenal não. O Liverpool sempre nos enfrentou de frente para tentar ganhar os jogos, então, sob essa perspectiva, os jogos contra o Arsenal não foram como os que tivemos e temos contra o Liverpool".

    Bernardo está certo em uma coisa: o Arsenal ainda não pode afirmar estar no nível do City devido a ainda não ter ganhado os maiores troféus com Arteta até agora. Mas o simples fato de ele estar tão chateado mostra que os Gunners realmente conseguiram incomodar o City, o que é um passo na direção certa.

    O Liverpool frequentemente enfrentou o City de forma admirável, mas só conquistou o título uma vez nos nove anos de Klopp no comando. Igualar Guardiola no puro futebol não é suficiente; o Arsenal deve garantir que o City odeie jogar contra eles se quiserem ocupar seu lugar no topo do futebol inglês.

  • Manchester City FC v Arsenal FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Perda de Rodri

    Vale notar também, que os problemas no jogo do City começaram a aparecer apenas após a saída forçada de Rodri. O jogador de 28 anos lesionou o joelho sozinho, aos 20 minutos, caindo de maneira bem esquisita no gramado.

    "Não sei, não falei com o médico", afirmou Guardiola, quando perguntado sobre a condição do espanhol. "[Mas] Rodri é forte. Ele deixou o campo porque sentiu algo, caso contrário, ficaria lá. Ele é o melhor volante do mundo, é um possível ganhador da Bola de Ouro. Eu adoraria que ele ganhasse".

    A suspeita é que o meio-campista tenha sofrido uma ruptura no ligamento cruzado, o que basicamente o tiraria do restante da temporada.

    Se os piores temores de Guardiola forem confirmados, isso será uma vantagem para o Arsenal - porque Rodri é insubstituível. O herói da Euro 2024 da Espanha faz o City funcionar com a bola, serve como o verdadeiro motor sem a bola e tem o hábito de marcar gols nos jogos mais importantes.

    O City agora está invicto em 52 jogos da Premier League com Rodri na equipe, mas quando ele não está por perto, os Citizens sofrem. Ele foi suspenso por três partidas no Inglês e uma na Copa da Liga na temporada passada, e o City foi derrotado em todas. Mateo Kovacic pode preencher a posição, mas não chega nem perto do mesmo nível de Rodri nesse papel.

    Há uma grande chance de que o Arsenal possa abrir uma vantagem sobre o City na ausência de Rodri. E, agora, parece que eles têm o potencial para girar a faca.

  • Manchester City FC v Arsenal FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    E agora?

    O Arsenal pode ter perdido a chance de se tornar líder neste fim de semana, mas ainda está a apenas dois pontos do City e permanece invicto. Jogos 'ganháveis' contra Leicester, Southampton e Bournemouth se aproximam, então haverá pressão nas costas dos rivais.

    Os Gunners poderiam muito bem ter sido perfeitos se não fossem os cartões vermelhos dados a Declan Rice e Trossard contra Brighton e City, respectivamente. O time em constante evolução de Arteta é mais do que capaz de entrar em uma longa sequência de vitórias, conquistando os resultados necessários mesmo se dividindo entre Premier League, Champions e as copas.

    Após a perda do título na última rodada da temporada passada, os jogadores do Arsenal fizeram uma promessa a Arteta em um jantar em Londres. “Tivemos um encontro com todos no clube e os jogadores estavam me dizendo: ‘nós vamos ser melhores, nós vamos conseguir, queremos mais,’” contou o técnico, em agosto.

    O Arsenal está mais forte e mais experiente do que nunca. A evolução sob Arteta está quase completa, e já é óbvio que eles não vão parar por nada. A barreira psicológica que estava segurando os Gunners não existe mais.

    O City ainda é o time a ser batido, mas o Arsenal mostrou que não é vulnerável. A corrida pelo título deve ser mais equilibrada do que nunca - e vai ser interessante ver quem se sairá melhor no final.