Arsenal está à beira de uma crise - e o Tottenham tem chance de criar caos para Mikel Arteta

As estatísticas das derrotas para Newcastle e Manchester United podem sugerir que o Arsenal jogou melhor do que realmente jogou. Foram 6,44 gols esperados, 49 finalizações em 210 minutos e 70% de posse de bola, mas apenas um gol marcado. No futebol, o que importa são os resultados, e a ineficiência na finalização expõe problemas além das lesões: a construção do elenco.

Com Bukayo Saka, principal atacante e fruto da base, afastado por lesão, o Arsenal perdeu criatividade e intensidade no ataque. O time, antes candidato sério ao título, agora joga sem o brilho de antes.

As falhas de Havertz e a falta de reação após contratempos mostram como a equipe tem dificuldades em se recuperar. Ciclos negativos como os dois triunfos em sete jogos no início da temporada continuam sendo um obstáculo. Essas derrotas constantes estão minando as ambições do clube, que ainda está longe da perfeição que busca na Premier League.

As críticas pela semana desastrosa do Arsenal recaíram sobre Havertz. Após perder três chances claras e desperdiçar sua cobrança nos pênaltis, ele reforça a dúvida sobre ser o atacante de elite que o time precisa para encerrar o jejum de 21 anos por um grande título.

Arteta, ao ser questionado sobre como recuperar Havertz, declarou: “Amo todos eles, como equipe e individualmente. Não merecíamos essas derrotas. Falhamos em muitos aspectos, e marcar gols está ligado à confiança.”

No entanto, essa visão ignora que atacantes são definidos por gols e que Havertz nem foi contratado para essa função. Apresentado como substituto de Xhaka, ele acabou improvisado como centroavante, com resultados medianos. Sua contratação por 65 milhões de libras (R$ 482,4 milhões) e salários altos dificulta a chegada de outro atacante sem afetar o ambiente interno e a confiança dele.

Com Gabriel Jesus lesionado, Martinelli e Trossard irregulares e Nwaneri ainda em recuperação, o ataque perdeu força. Após cinco anos no comando, Arteta enfrenta os problemas gerados pelas escolhas feitas para seu elenco.

Espera-se que as conversas no treino e no vestiário do Arsenal sejam menos pessimistas do que Arteta demonstra publicamente.

Após a derrota de domingo, ele declarou à BBC: “Pelo desempenho, merecíamos vencer. Mas a realidade é que estamos eliminados, e isso será julgado. Internamente, eu amo meus jogadores e o que fazem. Em mil jogos, você deve perder um, e talvez tenha sido esse. Faz parte do futebol. Precisamos seguir em frente, porque na quarta-feira temos outro jogo importante.”

Na coletiva, Arteta afirmou: “Dominamos, fomos superiores, criamos chances, mas só marcamos uma vez. Jogando assim, poucos times estão no nosso nível.”

No entanto, as chances criadas surgiram em circunstâncias específicas. Contra o Newcastle, o time só reagiu após estar perdendo por 2 a 0. Diante do United, dominou após a expulsão de Dalot, mas já estava em desvantagem no placar.

O Newcastle recuou para segurar o resultado, e o United apostou em contra-ataques. Nem mesmo as jogadas ensaiadas do Arsenal resolveram. Se Arteta acredita que foram situações “uma em mil”, por que isso se repetiu na mesma semana?

Portanto, o Arsenal está fora da Copa da Inglaterra, enfrenta uma eliminação quase certa na Copa da Liga Inglesa e são pouco favoritos neste momento tanto para o título da Premier League quanto para a Champions League, apesar de estarem bem classificados em ambas as tabelas.

Essa situação gerou um clima de apatia, que tem afetado o time semanalmente. Parece um ciclo interminável quando as coisas não estão a favor. Saka, o melhor jogador da equipe, está a meses de voltar e provavelmente precisará de mais tempo para recuperar o ritmo.

Arteta afirmou que o Arsenal não buscará reforços por buscar, preferindo focar no que já tem. Isso pode ser bom a longo prazo, mas é claro que o time precisa de reforços imediatos para aliviar a situação.

É um clichê no futebol: sempre há uma chance de dar a volta por cima. Esse será o lema no Arsenal antes do derby contra o Tottenham.

"Temos que estar juntos", disse o capitão Odegaard após a derrota. "Perdemos, mas temos muito o que disputar e precisamos nos manter unidos para vencer o próximo jogo."

Embora o Tottenham não esteja em sua melhor fase, o Arsenal adora vencer seus rivais. O Spurs tem apenas duas vitórias no Emirates desde que o Arsenal deixou o Highbury, sendo a última em 2010.

O Tottenham enfrenta uma crise de lesões, com jogadores importantes fora, o que ajuda o Arsenal. Dragusin e Gray devem começar como zagueiros centrais, enquanto outros como Vicario, Romero, Van de Ven e Udogie estão lesionados.

Os Spurs tem sido facilmente neutralizado fora de casa, e o Arsenal tem a defesa para garantir o mesmo. Porém, os derbies do norte de Londres raramente seguem o script, e Postecoglou já venceu times como Liverpool, Manchester United e Manchester City nos últimos meses.

A luta pela supremacia no norte de Londres sempre é imprevisível e cheia de dificuldades.

O derby chega em um momento crucial para o Arsenal. Arteta e sua equipe precisam de algo para reacender a temporada e ganhar confiança, mesmo com um elenco desfalcado.

Há uma chance de o líder Liverpool, em queda de forma, perder para o Nottingham Forest na terça-feira (14), o que permitiria ao Arsenal diminuir a diferença para três pontos. Os Reds ainda teriam um jogo a menos, mas seria contra o Everton, no último derby em Goodison Park, um lugar onde seus sonhos foram destruídos na temporada passada.

Embora o Arsenal não tenha a força ofensiva ou a experiência para ser considerado favorito na Liga dos Campeões, ainda é uma das equipes mais fortes e deve avançar para as fases eliminatórias.

A temporada não acabou, mas como já vimos antes, essas mini-crises costumam custar caro ao Arsenal. Se isso continuar, o time pode terminar mais uma temporada sem troféus. Apenas uma vitória no derby contra o Tottenham pode parar esse processo.