Os vencedores e os perdedores da polêmica primeira edição da fase de liga da Champions League

O Liverpool rapidamente se tornou o melhor time da Europa sob o comando de Arne Slot, que comandou uma revolução notável em Anfield desde que substituiu Jürgen Klopp como treinador. Os Reds foram a única equipe a vencer todos os seus primeiros sete jogos na fase de liga, marcando 16 gols e sofrendo apenas dois, com Milan, Real Madrid e Bayer Leverkusen sendo superados com certa facilidade.

O estilo de jogo 'heavy-metal' de Klopp trouxe muito sucesso ao Liverpool, mas Slot levou o elenco para o próximo nível ao trazer mais disciplina, com foco em dominar a posse de bola, transições suaves e posicionamento inteligente. O assustador é que o Liverpool raramente precisou sair da segunda marcha para chegar ao mata-mata.

Com Virgil van Dijk de volta à sua melhor forma, Ryan Gravenberch dominando o meio-campo e o imparável Mohamed Salah liderando o ataque, o Liverpool tem todas as ferramentas necessárias para conquistar sua sétima taça da Champions League. As lesões são a única coisa que poderia descarrilá-los, mas eles têm estabelecido o padrão em casa e fora há algum tempo e devem almejar uma varredura completa dos maiores prêmios.

O Liverpool bem que pode vencer a Tríplice Coroa, mas é seguro dizer que o Manchester City não tem chance de repetir o sucesso de 2022/23. O time de Pep Guardiola passou de uma força dominante para uma equipe frágil, com lacunas que os times adversários conseguiram explorar à vontade.

O City só conseguiu terminar entre os 24 primeiros da Champions após uma vitória pouco convincente na última rodada sobre o Club Brugge, e não seria surpresa se eles encontrassem dificuldades nos playoffs, onde Real Madrid ou Bayern de Munique os aguardam. Guardiola já viu sua equipe ser derrotada confortavelmente por Sporting, Juventus e Paris Saint-Germain, enquanto também desperdiçaram uma vantagem de três gols para empatar em casa com o Feyenoord.

A ausência de Rodri por lesão foi um golpe devastador para o City, do qual ainda não se recuperaram, e ninguém os teme mais. Guardiola conseguiu fazer algumas contratações importantes em janeiro, mas elas não mudarão a trajetória europeia do City. Este time desarticulado está longe de ser um candidato novamente.

Hansi Flick transformou o Barcelona na grande atração da Europa nesta temporada, aplicando táticas ousadas que estão longe das utilizadas por seu antecessor Xavi. Esta versão do Barça busca a rota mais direta para o gol e pressiona alto para forçar o adversário a cometer erros, com uma série de atacantes explosivos e implacáveis sempre prontos para puni-los.

O Barça terminou a fase da liga como o time com mais gols, com 28, e Robert Lewandowski está liderando a briga pela Chuteira de Ouro da competição ao lado de Serhou Guirassy, do Borussia Dortmund, com nove cada, enquanto Raphinha está apenas um atrás, com oito. Com o jovem sensação Lamine Yamal completando o trio de ataque, o time de Flick pareceu imparável em alguns momentos, especialmente em sua vitória em casa por 4 a 1 sobre o Bayern, que viu os gigantes da Bundesliga completamente dominados.

A ressalva é que, defensivamente, eles estão desorganizados. Dortmund e Benfica marcaram seis gols contra o Barça entre eles, e o goleiro titular, Marc-André ter Stegen, tem sido uma grande ausência enquanto continua sua recuperação de uma grave lesão no joelho. Essa fragilidade pode ser custosa a longo prazo, mas também é possível que os Blaugranas consigam superar todos em gols a caminho de conquistar seu primeiro título da Champions League desde 2015.

A Juventus alcançou um dos maiores resultados da fase de liga ao derrotar o Manchester City no Allianz Stadium, e foram merecedores da vitória por 2 a 0. Mas, além daquela noite memorável de dezembro, os Bianconeri têm sido facilmente o time mais monótono de assistir em toda a competição.

O time de Thiago Motta marcou apenas nove gols, o que lhes deu o título de pior ataque entre os 23 primeiros, e embora tenham sofrido apenas nove do outro lado, isso se deveu principalmente a uma falta impressionante de ambição. A Juve parece completamente sufocada de criatividade sob o comando de Motta, cujas táticas rígidas e escolhas bizarras levaram a uma grande regressão.

O prodígio turco Kenan Yildiz tem sido ineficaz desde que foi movido de sua posição favorita como camisa 10 para a ponta-direita, as contratações Teun Koopmeiners e Douglas Luiz pareceram uma sombra dos jogadores que eram no Atalanta e no Aston Villa, respectivamente, e Dusan Vlahovic tem sido uma figura muito isolada na linha de frente.

Uma derrota por 2 a 0 em casa na última rodada para o Benfica resumiu tudo o que está errado com este time da Juve agora. Certamente não estarão na disputa pela taça da Champions em maio, e Thiago Motta pode muito bem já ter saído bem antes disso.

O Brest se classificou para a Champions League pela primeira vez na sua história na última temporada, coroando uma ascensão notável para um clube que caiu para as ligas amadoras da França em 2000 e levou 19 anos para conseguir a promoção de volta à elite. Assim, ninguém esperava que fizessem grande coisa na maior competição da Europa, mas começaram bem com uma vitória por 2 a 1 sobre Sturm Graz antes de derrotar o Red Bull Salzburg por 4 a 0 na Áustria, e o entusiasmo em torno da equipe de Éric Roy só cresceu a partir daí.

Vitórias duras conquistadas sobre Sparta Praga e PSV também foram registradas ao lado de um impressionante empate por 1 a 1 com o Bayer Leverkusen, colocando o Brest na disputa por uma vaga automática nas oitavas de final. Infelizmente, derrotas consecutivas contra Shakhtar Donestk e Real Madrid os trouxeram de volta à realidade, mas o time ainda realizou um milagre ao chegar aos playoffs.

O que Roy e seus jogadores conseguiram até este ponto é notável, considerando as limitações financeiras do clube, uma crise contínua de lesões e o fato de que têm jogado suas partidas 'em casa' em Guingamp em vez do Stade Francis-Le Blé. O Brest ainda é considerado um azarão para chegar as oitavas, mas eles prosperam com esse status.

O RB Leipzig foi uma equipe do pote 1 para o sorteio da fase de liga após terminar em quarto na Bundesliga e chegar às oitavas de final da Champions em 2023/24, com alguns até rotulando o time de Marco Rose como um candidato ao título. Foi um grande choque, então, quando o Leipzig perdeu seus primeiros seis jogos, tornando-se um dos primeiros clubes eliminados da competição no novo formato.

Para ser justo, essa sequência incluiu derrotas para Atlético de Madrid, Juventus, Liverpool e Inter de Milão, mas o Leipzig também foi derrotado por 3 a 1 fora de casa pelo Celtic, e a defesa fraca levou à sua queda em casa para o Aston Villa. Para uma equipe com o artilheiro esloveno Benjamin Sesko, o jovem belga Lois Openda e o armador holandês Xavi Simons no ataque, eles deveriam ter se saído muito melhor.

Eles recuperaram um pouco da dignidade com uma vitória por 2 a 1 sobre o Sporting, mas depois perderam por 1 a 0 para o Sturm Graz, saindo de maneira muito decepcionante. Não há como fugir do fato de que esta foi uma campanha desastrosa na Champions League para o Leipzig, que parece ter estagnado sob o comando de Rose nos últimos meses.

Unai Emery realizou um milagre ao guiar o Aston Villa à classificação para a Champions League pela primeira vez desde 1983, mas eles não se contentaram apenas em participar. O Villa avançou para as oitavas de final com cinco vitórias em seus oito jogos na fase de grupos, incluindo um memorável triunfo em casa sobre o Bayern de Munique, no qual a sensação de 21 anos Jhon Durán se tornou herói com um magnífico gol de cobertura da intermediária.

O Aston Villa caiu para o oitavo lugar na Premier League, o que era esperado, dada a falta de profundidade geral do elenco, mas Emery sempre foi um treinador que prioriza os compromissos europeus. O tetracampeão da Europa League desafiou as probabilidades no Sevilla e no Villarreal, este último também chegou às semifinais da Champions sob seu comando, e ele pode fazer isso novamente com os Villans.

Ainda é muito cedo para chamar o clube inglês de 'azarão', mas nenhum time vai querer enfrentá-los no Villa Park. Não se surpreenda se os comandados de Emery trilharem uma caminhada até as fases finais, embora a iminente perda de Durán possa deixá-los desfalcados na frente, com o jovem prestes a completar uma surpreendente transferência para o Al Nassr de Cristiano Ronaldo antes do fim da atual janela de transferências.

O Brest pode ter proporcionado a história inspiradora da temporada 2024/25 da Champions League até agora, mas foi o único azarão a superar as expectativas na fase de grupos. Previsivelmente, Sturm Graz e Estrela Vermelha terminaram em 29º e 30º, respectivamente, com apenas seis pontos cada um, o Red Bull Salzburg acumulou quatro pontos contra três do Sparta Praga, enquanto os dois últimos clubes, Slovan Bratislava e Young Boys, perderam todos os seus oito jogos.

Estas são todas equipes acostumadas a lutar por títulos em suas competições domésticas, mas o salto para o nível da Champions mais uma vez se revelou grande demais. Embora o novo formato da Uefa tenha trazido benefícios financeiros como resultado de mais partidas contra clubes grandes, os torcedores tiveram muito pouco para comemorar.

Resultados humilhantes foram comuns, desde a goleada por 9 a 2 sofrida pelo Dínamo Zagreb para o Bayern até a derrota por 6 a 1 do Young Boys em casa contra a Atalanta. Quando havia grupos de quatro times, sempre havia uma chance de surpresa se o sorteio fosse favorável, mas as esperanças de fase de grupos dos azarões agora são menores do que nunca, com a qualidade do torneio indiscutivelmente diluída pela expansão desnecessária para 36 equipes.

A seleção masculina dos Estados Unidos já quebrou seu recorde de mais jogadores como titulares em uma única temporada da Champions League, com Christian Pulisic do Milan liderando uma notável investida norte-americana. O ex-astro do Chelsea acumulou cinco contribuições para gol na fase da liga para ajudar os Rossoneri a garantir uma vaga nos playoffs, com o compatriota Yunus Musah também se destacando pelo clube italiano.

Enquanto isso, Weston McKennie e Timothy Weah tiveram papéis importantes para a Juventus, que por pouco não conseguiu a clasificação automática para as oitavas de final. Malik Tillman e Ricardo Pepi compartilharam cinco gols entre eles pelo PSV, que também ficou entre os 24 primeiros, e o Celtic chegou aos playoffs em grande parte graças aos esforços soberbos de Auston Trusty e Cameron Carter-Vickers na defesa. Gio Reyna não tem se destacado tanto na Champions quanto seus companheiros, fazendo apenas duas partidas como titular pelo Borussia Dortmund, mas é provável que ele tenha mais chances de brilhar, já que foram finalistas da temporada passada.

Os Estados Unidos agora se orgulham de uma série de nomes estrelados que estão deixando sua marca na competição mais prestigiosa do futebol de clubes, o que é um bom presságio para o desenvolvimento da seleção nacional antes da Copa do Mundo de 2026 na América do Norte.

A fase da liga no 'Modelo Suíço' da Uefa dividiu completamente opiniões. Alguns acreditam que trouxe mais emoção, afinal, fomos brindados com espetáculos emocionantes como a vitória de 5 a 4 do Barcelona sobre o Benfica e a vitória de 4 a 2 do PSG sobre o Manchester City, e 16 dos 18 jogos no último dia ainda tinham algo em disputa.

Mas nem todos tiveram o cobertor puxado sobre os seus olhos. A fase de grupos de 96 jogos não foi quase tão cansativa quanto essa de 144 jogos da liga, que terminou com apenas 12 times sendo eliminados em vez de 16.

Os riscos foram reduzidos ao ponto em que os grandes clubes estão excessivamente protegidos. Clubes como o Bayern, Real Madrid, City e Juventus estavam todos felizes em aceitar vagas de playoff em vez de lutar pela classificação automática, e não houve sensação de perigo real em nenhum dos principais confrontos.

Também é impossível culpar esses clubes por pegarem leve. O calendário de jogos já estava suficientemente congestionado sem todas essas partidas extras. O bem-estar dos jogadores não foi levado em consideração pela Uefa quando deram sinal verde para essa expansão desnecessária, nem foi a alma da competição - que foi virtualmente retirada em busca de mais dinheiro.