Javier Mascherano é o treinador ideal para comandar Lionel Messi no Inter Miami?

Os fãs de futebol conhecem o nome: Javier Mascherano. Um vigoroso meio-campista que, ao longo da carreira, evoluiu para um sólido zagueiro central. Ele é uma lenda tanto na seleção argentina quanto no Barcelona. Com os Blaugranas, Mascherano conquistou cinco títulos da La Liga e duas Champions League, consolidando seu status como um vencedor em série. No entanto, o sucesso em títulos não se estendeu ao nível da seleção nacional, onde, apesar de seu talento e longevidade – sendo o segundo jogador com mais partidas pela Argentina, atrás apenas de Lionel Messi –, ele ficou sem troféus. Ainda assim, sua importância foi amplamente reconhecida, com quatro aparições na Equipe do Torneio da Copa América.

Treinar sempre pareceu um destino natural para Mascherano, especialmente considerando os brilhantes técnicos sob os quais jogou ao longo de sua carreira. Ele foi comandado por nomes de peso, como Rafa Benítez, Pep Guardiola e Luis Enrique, mestres táticos que moldaram sua visão de jogo.

No entanto, seu desempenho como treinador tem sido até agora modesto. Desde que assumiu a equipe sub-20 da Argentina em janeiro de 2022, Mascherano enfrentou dificuldades em grandes competições. Sob sua liderança, a albiceleste não passou da fase de grupos no Campeonato Sul-Americano Sub-20 de 2023 e foi eliminada nas oitavas de final da Copa do Mundo Sub-20 do mesmo ano. Para agravar, sua equipe foi derrotada nas quartas de final das Olimpíadas de 2024.

Esses resultados levantam dúvidas sobre sua capacidade de transpor o sucesso como jogador para o comando técnico, especialmente em cenários de alta pressão.

A missão de qualquer treinador em Miami – ou de qualquer pessoa que trabalhe com Messi – é clara: vencer. Não importa a perspectiva, a expectativa é que Mascherano encerre a temporada erguendo a MLS Cup. Outros troféus, como a Leagues Cup ou a CONCACAF Champions League, seriam bônus bem-vindos. No entanto, equilibrar essas altas expectativas, navegar pela longa temporada e lidar com o espetáculo em torno da marca que Messi carrega será um desafio monumental.

Além disso, há o aspecto técnico – o futebol que acontece dentro das quatro linhas. Mascherano nunca jogou nem treinou na MLS, uma liga que, como Martino descobriu nos playoffs, tem suas peculiaridades. O Inter Miami, como organização, não pode depender apenas de "Messi e mais 10", e Mascherano também não pode.

Ele precisará construir um sistema coeso, reconhecer que suas estrelas veteranas talvez precisem de descanso ocasional e montar uma equipe capaz de vencer tanto na temporada regular quanto nos playoffs. O Inter Miami conseguiu facilitar o primeiro aspecto ao longo do ano, mas desmoronou nos momentos decisivos, justamente quando mais importava. Esse será o teste definitivo para Mascherano: transformar potencial em conquistas.

Como em quase tudo no Inter Miami, tudo começa e termina com Messi. Mascherano e Messi são amigos de longa data e ex-companheiros de equipe. Juntos, disputaram 298 partidas pelo Barcelona, 111 pela Argentina, e mantêm uma relação próxima. Desde o início, era evidente que o novo técnico precisaria ter uma conexão forte com o oito vezes vencedor da Bola de Ouro, e Mascherano preenche esse requisito com sobra.

Os cínicos podem argumentar que o ideal seria alguém com experiência na MLS, mas a realidade é que o Inter Miami é mais do que um clube: é uma grande marca centralizada em sua estrela maior. Ninguém no elenco – ou mesmo na organização – tem mais peso que Messi. Por isso, contratar alguém em quem ele confie e com quem tenha afinidade faz sentido. A missão aqui não é apenas vencer, mas também garantir que Messi esteja satisfeito enquanto encerra sua carreira em alto nível.

Além disso, Mascherano traz outros pontos positivos ao cargo. Sua vasta experiência treinando categorias de base pode ser um recurso valioso para jovens talentos do Miami, como Ian Fray e Benja Cremaschi. Ele também teria o respeito automático de veteranos como Sergio Busquets, Jordi Alba e Luis Suárez, que compartilham histórias semelhantes no futebol europeu.

Se o objetivo do Inter Miami é criar um ambiente harmonioso, onde sua maior estrela esteja confortável e os jovens talentos possam florescer, Mascherano parece uma escolha lógica. Agora, resta torcer para que todo o resto se encaixe naturalmente.

Táticas, táticas e mais táticas. O Inter Miami ofereceu um exemplo claro de como não montar um elenco competitivo na MLS durante sua eliminação para o Atlanta United na primeira rodada dos playoffs. Foi uma performance confusa, resultado de falhas que começaram na administração e chegaram até o campo. A diretoria investiu pesado em grandes nomes, mas negligenciou os jogadores de suporte – peças-chave para vencer em uma liga tão específica quanto a MLS. Martino, reconhecido por sua astúcia tática, errou na montagem do time. Em todos os três jogos contra o Atlanta, ficou evidente um enorme vazio no meio-campo de Miami.

É verdade que as lesões desempenharam um papel importante, mas parte do trabalho de um técnico é ajustar, adaptar e encontrar soluções. Essa será uma das principais provas para Mascherano. A dura realidade é que contar apenas com Messi não será suficiente para vencer jogos. Ele precisará se adaptar rapidamente à MLS, uma liga que privilegia poder físico, ritmo intenso e atletismo, em detrimento da finesse e da "pausa" típicas do futebol espanhol ou sul-americano. Messi, então, deve ser o diferencial de uma equipe equilibrada – não a única solução.

Até agora, Mascherano não mostrou que possui o conhecimento tático necessário para isso. Seu histórico na Argentina em grandes partidas é inconsistente, e sua preferência por um sistema mais tradicional de ataque no 4-3-3 – usado em mais da metade dos jogos pela albiceleste sub-20 – pode não funcionar com o elenco de Miami. Ele terá que se reinventar, e rápido. A adaptação não será opcional, mas essencial para transformar um grupo de estrelas em um time vencedor.

Isso ainda está oficialmente no ar. Embora o relatório tenha sido amplamente confirmado, o Inter Miami ainda não fez um anúncio oficial, e a ESPN informou que as duas partes continuam em negociações contratuais. Mascherano próprio admitiu que muitas coisas mudarão nos próximos meses. Diego Gomez, uma peça-chave do time, provavelmente partirá, e outros jogadores também podem sair. O elenco precisará ser reforçado, enquanto o rumor sempre presente – tentador e bom demais para ser verdade – sobre Neymar deixando a Liga Saudita para se juntar à MLS segue circulando.

A questão é que Mascherano provavelmente assumirá um time que será bastante diferente daquele que perdeu para o Atlanta – tanto em termos de elenco quanto de sistema tático. E talvez isso seja exatamente o que a MLS precisa.

Mascherano não é um técnico perfeito, assim como o Inter Miami não é um clube perfeito. No entanto, ele é um nome que combina bem com a marca, e se o objetivo principal é construir um produto atraente, o argentino pode ser a pessoa certa para o trabalho. Sucesso? Ainda é incerto. Conteúdo envolvente? Sem dúvida. E, por esse motivo, essa pode ser exatamente a escolha certa para o futuro do clube.