Analisando os últimos trabalhos de Zubeldía, sobretudo o mais recente, pela LDU, no qual conquistou os únicos dois títulos que constam em seu currículo - Campeonato Equatoriano e Copa Sul-Americana de 2023 -, fica clara a preferência por um estilo de jogo baseado nas transições.
"Pode-se jogar com dois atacantes, com um atacante, com vários meias interiores e vários pontas… evidentemente, com centrais, que se possa adaptar a uma linha de dois ou de três… isso pode fazer com que acabemos ganhando tempo, porque, apesar do calendário comprometido que temos, com uma partida atrás da outra, ter jogadores que se adaptam a situações diferentes também acelera a minha adaptação", explicou.
Dorival Júnior, apesar do título histórico da Copa do Brasil, notoriamente durante o Campeonato Brasileiro se viu diante de certa falta de criatividade no setor de criação. Isso ficava ainda mais cristalino nas partidas longe do MorumBIS, evidenciado pela incrível dificuldade de vencer fora de casa - foi apenas uma vitória, contra o Bahia, de Rogério Ceni, em todo o nacional passado.
Claro, na Copa do Brasil a história foi outra. Uma das grandes apresentações sob o comando do atual técnico da seleção brasileira foi o triunfo por 2 a 1 sobre o Palmeiras, em pleno Allianz Parque, no qual os dois gols, de Caio Paulista e David, contaram com belíssimas construções de jogada. Defensivamente, o time também se superou, limitando o atual campeão brasileiro a uma de suas piores partidas em casa com Abel Ferreira à beira do gramado. Apesar disso, o nível caiu depois do título - de volta ao Allianz Parque, em outubro, desta vez pela Série A, o revés por 5 a 0 serviu como choque de realidade.
Já com Thiago Carpini, o projeto era de um time baseado em um estilo de jogo mais direto, pelas pontas. A chegada de Ferreira e Erick tinham como objetivo oferecer boas opções na posição, mas as lesões foram um problema - e nisso Carpini sempre esteve certo de reclamar. O problema é que contusões são uma tônica do futebol brasileiro e, se um comandante não consegue encontrar opções para contorná-las, é possível argumentar que não esteja pronto para assumir o cargo. Soa, sim, como impiedade. Mas foi o caso.
"Há uma adaptação da minha parte. Dia após dia, partida após partida", seguiu Zubeldía. "Lesões, jogadores da base que estão atualmente no elenco e, como disse antes, os diferentes tipos de jogadores, que me permitem usá-los em diferentes situações e contextos. Considero que nós somos uma comissão técnica prática e não tenho dúvidas de que vamos nos adaptar rapidamente ao que a situação demande".
Talvez soe irônico, então, que o argentino se baseie fundamentalmente em um modelo de jogo similar ao de Carpini - construído em transições. Mas a palavra de ordem, de novo, é a versatilidade. Enquanto seu antecessor se apoiou na 'colinha' para expor números de jogo em contraste ao departamento médico lotado, após a vitória por 2 a 0 sobre o Cobresal. a esperança é que Zubeldía use de outras artimanhas para conseguir seus resultados.
Coisa que Carpini obviamente não vinha conseguindo.