Granit Xhaka é tudo o que falta na Inglaterra: como o capitão da Suíça mantém temporada espetacular após sucesso com Bayer Leverkusen

Um torcedor da Suíça exibiu um cartaz durante a derrota da Itália que dizia: "Confiamos em Granit". E por que não confiariam? Xhaka não está apenas provando ser um grande líder na Euro 2024, ele também está se mostrando um grande jogador. De fato, o suíço tem sido um dos melhores meio-campistas em exibição na Alemanha, ao lado de Toni Kroos e Rodri.

Ele já ganhou dois prêmios de melhor em campo, um na vitória da Suíça por 3 a 1 sobre a Hungria e outro no empate por 1 a 1 com a Alemanha. Isso elevou seu número de prêmios do tipo em Eurocopas para cinco - apenas Andrés Iniesta e Cristiano Ronaldo conquistaram mais (seis cada).

Mas sua performance mais notável até agora foi contra a Itália.

Por muito tempo, Xhaka foi conhecido mais por suas qualidades destrutivas: fazendo interceptações, desarmes decisivos e recuperando bolas. No entanto, após a vitória na primeira rodada contra a Hungria, foi revelador ouvir Xhaka dizer que seu foco está em ajudar sua equipe a jogar para frente - e ele está cumprindo essa promessa.

Trabalhando de maneira excepcional ao lado de Remo Freuler, dentro de uma equipe dinâmica, disciplinada e bem treinada, Xhaka está ditando o ritmo dos jogos e constantemente colocando sua equipe na ofensiva sendo ágil e preciso com a bola.

Contra a Itália, nenhum outro jogador em campo teve mais toques (101), completou mais passes (94 de 98) ou criou mais chances (três). Mais significativamente ainda, ele realizou 25 passes que quebraram linhas - um número em uma única partida que apenas Kroos superou até agora no torneio.

Qualquer pessoa que assistiu ao Bayer Leverkusen na última temporada não ficará surpresa com a excelência de Xhaka na Eurocopa. A equipe alemã fez várias contratações muito interessantes, mas a chegada de Xhaka do Arsenal foi fundamental para a sua histórica dobradinha doméstica.

Sob o comando de Mikel Arteta, Xhaka foi utilizado em uma função mais avançada, como um meio-campista que pisava bastante na área, mas o compatriota Xabi Alonso viu o suíço como um volante mais recuado e o fez se tornar o ponto central de sua equipe.

Xhaka pode não ter dominado as manchetes na última temporada da mesma forma que Florian Wirtz, por exemplo. Ele sequer registrou uma única assistência durante a campanha invicta na Bundesliga, mas absolutamente tudo o que o Leverkusen fez passou pelo suíço.

Alonso não queria Xhaka apenas por suas habilidades como jogador. Seu caráter também era fundamental. Alonso tinha à sua disposição uma abundância de jogadores promissores no Leverkusen. O que ele precisava era de alguém com experiência e uma vontade insaciável de vencer. Consequentemente, ele viu Xhaka como uma adição essencial ao seu elenco relativamente jovem.

"Também acho que Granit tinha uma necessidade vital (de mudar) após seu tempo em Londres, onde passou sete anos", explicou Alonso. "Eu o motivei a voltar (à Alemanha) para assumir um papel diferente, e ele o fez com um nível diferente de maturidade, dizendo: 'Não vim mais para seguir; vim para liderar.'"

Ele fez exatamente isso no Leverkusen - e agora está fazendo o mesmo com a Suíça.

Provavelmente já foi esquecido pela maioria, mas a Suíça não chegou à Alemanha vivendo um bom momento. Pior ainda, havia rumores de que Xhaka e o técnico Murat Yakin não estavam se entendendo após uma campanha pouco animadora nas Eliminatórias que contou com cinco empates em 10 jogos.

No entanto, o técnico e o capitão esclareceram as coisas em uma sucessão de reuniões antes da Euro 2024.

"Ambos éramos maduros o suficiente para esclarecer tudo," Xhaka disse aos repórteres na véspera do jogo contra a Hungria. "Somos ambiciosos e queremos ser bem-sucedidos para nós mesmos e para a equipe. Então, tive um ótimo relacionamento com o técnico nos últimos seis a oito meses. Tem sido melhor do que antes. Ele veio me ver muitas vezes. Jantamos juntos. Bebemos muito vinho juntos! Então, tudo está indo bem."

Está indo ainda melhor agora. Com exceção do jogo contra a Escócia, quando os suíços correram o risco de perder, Yakin acertou nas táticas, tirando o melhor de jogadores como Ruben Vargas, Dan Ndoye e Michel Aebischer, que está se destacando na ala-esquerda (posição que nunca havia jogado antes).

Então não é surpresa que Xhaka esteja falando abertamente e com otimismo sobre a Suíça chegar às semifinais da Eurocopa pela primeira vez na história. "Eu tenho a sensação," ele revelou após o jogo contra a Itália, "que ainda não terminamos."

Ele certamente não terminou, isso é certo. Houve um mal-entendido no meio do último ano de que Xhaka havia retornado à Bundesliga para encerrar sua carreira na terra natal de sua esposa. Nada poderia estar mais longe da verdade. Ele estava buscando um novo desafio, e Alonso lhe ofereceu um que o empolgou tanto que ele chorou de alegria quando a transferência para o Leverkusen finalmente foi concluída.

Portanto Xhaka continua sendo um personagem incrivelmente emocional, mas agora há uma nova compostura sobre ele. Ele também diz que fazer um curso de treinador lhe permitiu "olhar para o jogo de forma diferente e estar um passo à frente" de seus adversários.

A Itália certamente não conseguiu se aproximar dele em Berlim, e a Inglaterra pode encontrar a mesma dificuldade em Düsseldorf neste fim de semana. Este é um jogador que está no auge de suas capacidades. Nesse sentido, ele é tudo o que tem faltado no meio-campo da Inglaterra. Então, se Gareth Southgate já não estava assustado com a perspectiva de enfrentar os suíços, ele deveria estar.