Chegou a hora de se aposentar? Cristiano Ronaldo danifica seu legado com chiliques no Al Nassr

É importante notar que Cristiano Ronaldo marcou 66 gols em 72 jogos pelo Al Nassr, o que é um feito impressionante. No entanto, a Saudi Pro League está longe de estar no mesmo nível das cinco principais ligas da Europa, apesar do enorme investimento em grandes nomes desde sua chegada.

Quando o camisa 7 acertou com o Al Nassr, o time estava no topo da tabela. Os gols do craque português não os tornaram uma equipe melhor. Pelo contrário, agora tudo gira em torno dele.

O Al Ittihad acabou vencendo o título de 2022/23, antes que o Al Hilal dominasse a tabela na última temporada, terminando 14 pontos à frente do Al Nassr, sem perder um único jogo. E Cristiano Ronaldo deixou sua frustração tomar conta dele a cada revés.

Em fevereiro, ele foi suspenso por fazer um gesto obsceno para os torcedores do Al Shabab, após ser provocado com cânticos em favor de Lionel Messi. Dois meses depois, o camisa 7 foi expulso por uma cotovelada em Al-Bulaihi, durante mais uma derrota do Al Nassr para o Al Hilal.

Ninguém ficou surpreso com as ações de Cristiano Ronaldo no domingo. Ele até saiu do campo furioso, sem pegar sua medalha de vice-campeão, como se não tivesse tido nenhuma participação no fracasso do Al Nassr. Que tipo de exemplo é esse para os jogadores mais jovens do time?

O português se tornou um mau exemplo para a próxima geração, algo impensável quando ele estabelecia padrões de excelência sem precedentes nos anos áureos de sua carreira. Ele também se tornou uma figura ridicularizada nas redes sociais, e outra temporada de 50 gols pelo Al Nassr não mudará isso.

Tudo isso nos leva à questão-chave que está na boca da maioria dos amantes do futebol: por que Cristiano Ronaldo ainda não se aposentou? Os títulos pararam de chegar, e ele tem sido amplamente criticado por suas performances nos últimos quatro anos.

Houve sinais claros de declínio em sua última temporada na Juventus, antes da gloriosa volta ao Manchester United rapidamente se tornar amarga. Apesar de toda sua vaidade sobre ter conquistado tudo no futebol europeu, o craque português não teve escolha a não ser se mudar para outro continente. Nenhum outro grande clube quis arriscar contratá-lo após sua saída turbulenta de Old Trafford.

O sucesso tangível ainda tem sido difícil de alcançar para Cristiano Ronaldo no Oriente Médio e, provavelmente, continuará assim nesta temporada, porque a diferença de qualidade entre o Al Nassr e o Al Hilal é enorme. Mais um ano de fracasso e manchetes negativas provavelmente não levarão a repercussões positivas.

"Não posso revelar muito, mas estive fazendo algumas coisas com Cristiano nos bastidores, e ele jogará enquanto quiser," disse Rio Ferdinand, ex-companheiro de Manchester United, no programa Rio Reacts na semana passada. "Ele não vai a lugar nenhum. E eu fiquei pasmo. E, olha, vocês verão com o tempo, mas acho que ele joga por mais, no mínimo, três anos."

O contrato de Cristiano Ronaldo acaba no próximo ano, mas foi relatado que o Al Nassr exercerá a opção de renová-lo até 2026. E se a afirmação de Ferdinand estiver correta, ele também está mirando uma vaga na seleção de Portugal para a Copa do Mundo.

Seria uma tragédia caso ele consiga o que deseja, pois o empolgante grupo de jovens talentos da equipe seria mais uma vez forçado a ficar em segundo plano, mas isso é totalmente possível se Roberto Martínez ainda estiver no comando. Portugal estava entre os favoritos antes do início da Euro 2024, mas teve um desempenho muito abaixo do esperado, resultando em uma eliminação nas quartas de final para a França, com Cristiano Ronaldo iniciando todos os jogos.

O camisa 7 não marcou nenhum gol, sua participação na criação de jogadas foi quase inexistente e a execução de suas cobranças de falta foi terrível. No entanto, ele teve bastante destaque nas câmeras por sua linguagem corporal negativa, reclamando com seus colegas quando não passavam a bola para ele e levantando as mãos com raiva toda vez que um ataque fracassava.

Assim como vem fazendo no Al Nassr nos últimos 18 meses, Cristiano Ronaldo se humilhou. "Acho que o comportamento dele durante toda a competição - jogando o último jogo contra a Geórgia quando já haviam vencido o grupo e sendo o jogador de linha que mais minutos jogou, mesmo sem estar à altura - foi um dos atos de egoísmo mais ultrajantes que já vi em um jogo de equipe", disse o ex-volante alemão Dietmar Hamann, ao RTE após o torneio. "Se você se comporta assim na sociedade, no trabalho ou em um jogo de equipe, terá problemas. Isso mostra que ele fez um jogo individual em um esporte coletivo nos últimos 20 anos. Isso mostra o quão bom ele é, mas ele só conseguiu fazer isso porque era o melhor."

"A coisa mais importante sobre a jornada que percorri é o entusiasmo que ainda tenho por estar aqui," disse Cristiano à emissora portuguesa RTP quando foi pressionado sobre quando se aposentará da seleção portuguesa. "São 20 anos representando e jogando pela seleção nacional, trazendo alegria às pessoas, à família, aos meus filhos. Isso é o que mais me motiva."

Seria difícil encontrar um fã de futebol que tenha apreciado ver o camisa 7 vagando pelo campo sem rumo no torneio. De fato, há muito pouco para admirar nas atuações dele desde seus primeiros meses de volta ao Old Trafford, quando estava marcando gols que temporariamente encobriam o fato de que ele havia enfraquecido o time de Ole Gunnar Solskjaer como um todo.

O verdadeiro combustível de Cristiano Ronaldo sempre foi a validação externa. Ele estava mais feliz quando estava no palco com a Bola de Ouro nos braços, com os títulos (especialmente os de Champions League) que ajudaram a trazer esse reconhecimento individual parecendo menores em comparação à premiação individual.

Mas ele já teve seu tempo. Os dias de Cristiano Ronaldo e Messi disputando o posto de melhor do mundo acabaram, com este último agora jogando na MLS pelo Inter Miami. O argentino também está no último capítulo de sua carreira, mas, ao contrário do português, está encerrando sua trajetória de forma graciosa e aceita que o tempo está o alcançando.

Quanto mais o craque português se recusar a fazer o mesmo, mais dano ele causará ao seu legado. Simplesmente, ele não é bom o suficiente para se safar dos constantes chiliques.

Gary Neville sugeriu que Cristiano Ronaldo pode não ser capaz desse nível de introspecção. "Essa dinâmica de desejo inacreditável, autoconfiança, determinação – todas essas coisas que você ama nele – quão opressiva é para os outros jogadores, o treinador e o país?" disse o ex-jogador no programa The Overlap após a derrota de Portugal para a França, na Eurocopa.

"Há duas coisas – uma, o jogador às vezes sabe quando é hora de deixar pra lá, mas há alguns jogadores que não sabem e precisam ser avisados, mas há um elemento de quem o avisa. Não acho que ele tenha isso dentro de si."

Há muitos 'sim-senhores' ao redor de Cristiano Ronaldo hoje em dia, como Roberto Martínez e Luís Castro, que têm sido culpados por permitir seu comportamento. Como resultado, o ego do camisa 7 está agora completamente fora de controle.

A GOAL pode confirmar que uma grande parte da mídia saudita também está cansada do garoto-propaganda do país, enquanto ele se prepara para iniciar uma nova temporada na liga. O craque português ainda é uma potência comercial, mas isso não significa que ele tenha o direito de jogar todos os minutos de todos os jogos pelo Al Nassr, que também deve começar a se preparar para a vida pós-Cristiano Ronaldo. Até lá, eles não querem ser apenas coadjuvantes na disputa pelo título saudita.

Ironicamente, a única maneira de Cristiano Ronaldo obter a adulação que deseja é anunciar sua aposentadoria do futebol. Já chegamos a um ponto em que as pessoas apreciam suas dificuldades, e os últimos capítulos de sua história servirão como prova de que é melhor se retirar no auge.

O camisa 7 se segurou por tempo demais, mas ainda pode se redimir. Se ele finalmente admitisse que sua carreira acabou, o mundo poderia celebrar suas conquistas notáveis e refletir sobre um período dourado que provavelmente nunca será repetido.

No seu melhor, o português foi o centroavante mais brilhante que já passou pelo campo, o que os números confirmam. Ele não conseguiu superar Messi em termos de habilidade, mas o desafiou de perto por mais de uma década, e nos deu uma lista interminável de momentos inesquecíveis que resistirão ao tempo.

Os torcedores que valorizam o impacto que grandes jogadores como Cristiano Ronaldo tiveram no futebol não querem vê-lo continuar tentando reverter o tempo. Ele já não é mais o melhor, e está tudo bem. Infelizmente, é provável que precisaremos suportar mais alguns anos de exibições constrangedoras do português antes que ele chegue a essa conclusão.