O aspecto psicológico do jogo tem ganhado cada vez mais espaço dentro do noticiário esportivo, embora sempre abordado como parte mais periférica do negócio. Aqui no Brasil, contudo, ganhou ares de protagonismo absoluto (e às vezes exagerado) em meio a tropeços do Botafogo – seja na histórica derrocada no Brasileirão de 2023 ou na sequência de três empates, antes da vitória sobre o Palmeiras, no campeonato de 2024.
A psiqué do botafoguense é algo que sempre encantou fãs de futebol. Com uma reta final de disputa de título brasileiro e decisão inédita de Libertadores, a ansiedade não poderia ser maior entre os torcedores do clube da Estrela Solitária. Afinal de contas, misturava a expectativa habitual de momentos tão decisivos com o fim de uma longa e angustiante caminhada no deserto de quase 30 anos sem um título que não tenha sido estadual.
A resposta foi gigante. Em Buenos Aires, o Botafogo viu Gregore ser expulso com 30 segundos de jogo e mesmo assim foi capaz de abrir vantagem de dois gols antes do intervalo. O Galo descontou, mas o Glorioso manteve a mentalidade intacta, segurou a vantagem e ainda fez o terceiro para cravar o 3 a 1 e a sua primeira Libertadores.
Antes de viver tudo isso, não era apenas a ansiedade de sair da fila de grandes conquistas após 29 anos (desde o título brasileiro de 1995) que mexia com os botafoguenses. Era a falta de experiência de encontrar-se em uma situação assim, de estar prestes a disputar uma grande final como a da Libertadores. O Botafogo é um dos gigantes do futebol brasileiro e mundial, mas neste quase primeiro quarto de século XXI talvez a maior prova de sua grandeza tenha sido, ao invés de títulos nacionais ou internacionais, ter conseguido manter-se vivo, com torcedores ativos no Brasil inteiro, enquanto a instituição sofria um longo derretimento que só terminaria, em 2022, com a sua transformação em SAF.