Bastidores: Tite atravessa primeira instabilidade no Flamengo

A vida de um treinador de futebol é tomar decisões, o que não tem sido diferente com Tite no Flamengo. Diante das últimas decisões, no entanto, alguns incômodos foram gerados. A decisão de deixar atletas fora da viagem para La Paz, para o duelo contra o Bolívar, pela Copa Libertadores, por exemplo, gerou algumas insatisfações.

 Segundo soube a GOAL, há atletas que ficaram no Rio, mas gostariam de terem viajado para La Paz. Além disso, alguns jogadores que viajaram, não entenderam os motivos do treinador ter optado por deixar outros companheiros no Brasil.

 Após a derrota para o Botafogo, Bruno Henrique foi questionado sobre a escolha de Tite em ter poupado atletas contra o Bolívar. Ele fez questão de destacar que o grupo apenas acata as ordens, mas disse que o elenco está com o treinador.
“A gente tem comando, a gente só acata o que eles estabelecem. Ele quis e procurou fazer isso no jogo na Bolívia. Existe a fisiologia justamente por causa disso, para poder trazer junto com a comissão técnica quem tiver melhor para poder jogar e a gente tem que respeitar. A gente sabe que o futebol está mais moderno. Tenho certeza que ele pensou no melhor, a gente está junto com ele, a gente só faz o que ele manda”.

 Outra decisão que os atletas não entenderam foi a do elenco concentrar num hotel no Leme, no Rio de Janeiro, ao invés de dormir no Ninho do Urubu, como de costume, antes do jogo contra o Botafogo. Segundo soube a GOAL, muitos jogadores classificaram como “desnecessário”.

A declaração de Tite após o título contra o Nova Iguaçu, onde o treinador destacou que precisava conversar com a diretoria sobre o planejamento e as prioridades, uma vez que não se é possível vencer tudo, trouxe preocupação por parte dos seus superiores. Dias depois, o presidente Rodolfo Landim, por exemplo, tentou “explicar” a fala de Tite em um encontro com Embaixadas e Consulados do clube na Gávea.

 “Vamos ter que subir para 4 mil metros de altitude para jogar na Bolívia três dias depois. Então, cara, você tem que fazer escolhas e tem que ir usando o teu plantel, ir administrando o plantel. No fundo, o que eu acho que o Tite quis dizer ali, e que para mim é óbvio, é que nós vamos ter que administrar, vamos dizer assim, a escalação dos jogadores de acordo com os campeonatos. E tentando priorizar alguma coisa”.

Segundo sabe a GOAL, a diretoria tem horror a palavra “priorizar” e prefere administrar a situação internamente. Por outro lado, se for preciso escolher, a considerada mais importante pelo clube é a Copa Libertadores.

Na entrevista coletiva após a derrota para o Botafogo, Tite reconheceu o momento ruim e destacou a importância de aprender com os problemas para a evolução do trabalho.

 “Quando a gente faz o trabalho, a gente olha de forma linear e ele sobe. Em alguns momento, vai descer e perder confiança. Mas também tenho experiência que no momento que aprender com a adversidade, o trabalho é retomado mais forte. É a gente trabalhando e transformando desempenho em resultado. Ficando quieto e trabalhando mais, com maior qualificação e eficiência”.