Os bastidores do desgaste na relação entre Flamengo e Corinthians, abalada de vez após a Copa do Brasil

A diretoria do Flamengo se revoltou ao chegar na Neo Química Arena, no último domingo (30), para o segundo jogo da semifinal da Copa do Brasil, com o vestiário parcialmente apagado e cânticos da torcida do Corinthians entoando num volume bastante elevado, segundo uma fonte ouvida pela reportagem.

A situação incomodou os rubro-negros, que mal conseguiam se comunicar dentro do vestiário. Para a comissão técnica, era impossível se concentrar e passar informações para os jogadores com aquele ambiente. A cúpula do Flamengo procurou o quarto árbitro e ameaçou não entrar em campo caso a situação não fosse resolvida. Os jogadores encararam o fato como uma provocação.

“Eles (Corinthians) tentaram de tudo para desestabilizar a gente, mas a gente estava mentalmente muito forte”, disse o zagueiro Léo Ortiz quando questionado sobre a situação”.

O Corinthians, por sua vez, se defendeu da situação, garantiu que não fez nada propositalmente. Sobre a luz, segundo o clube paulista, houve um problema num dos interruptores do corredor que liga ao vestiário do visitante.

Sobre o som alto, o clube garante que foi pelo horário que o Rubro-Negro chegou no estádio. Naquele momento, uma ação de marketing estava sendo realizada.

A situação envolvendo Hugo Souza foi mais um episódio que desgastou a relação entre as diretorias. No contrato de empréstimo do goleiro, o Corinthians tem duas opções para comprar o jogador: pagando à vista ou parcelando em quatro vezes, desde que o time carioca aprove o “garantidor”, o valor de R$ 800 mil.

Na semana passada, Corinthians acionou o Flamengo avisando que vai exercer a opção de compra do goleiro de forma parcelada e apresentou o contrato da Brax, como o garantidor do negócio. O time carioca, por sua vez, avisou que não iria aceitar.

Isso porque o contrato da Brax também foi colocado como garantia na compra de Matheuzinho e há uma parcela em atraso, que só será quitada em janeiro, quando vence a próxima parcela da empresa junto ao time paulista.

Desta forma, o Corinthians teve que pagar mais R$ 500 mil ao Flamengo para escalar Hugo na partida do último domingo (20). Se a compra tivesse sido acertada, não haveria necessidade. No final da partida, Marcos Braz saiu da Neo Química Arena provocando os paulistas.

“É importante você ter uma posição grande, um jogador, aqui no Corinthians ou seja lá onde for, Hugo vai valorizar aqui ao natural. Agora, a gente precisa que esse primeiro passo, definitivamente, seja concretizado. Enquanto isso, fica como está. Queria colocar até um amistoso para ganhar mais R$ 500 mil”.

Foi a situação de Matheuzinho, inclusive, que intensificou o desgaste entre as duas diretorias. No início de setembro, o Flamengo acionou a garantia que tinha direito após o atraso de 30 dias de uma das parcelas do pagamento pela compra do lateral-direito.

Depois disso, o pedido do Flamengo à CBF para trocar as datas dos jogos da semifinal da Copa do Brasil, causou revolta nos corintianos. O Atlético-MG endossou o coro que a entidade máxima do futebol brasileiro inventou as datas com o Brasileirão, colocando a Copa do Brasil no final de semana, e trazendo o Brasileirão para o meio de semana, logo após a data FIFA de outubro.

A situação causou enorme indignação no Corinthians e no Vasco, as duas equipes foram ao STJD e tentaram reverter a decisão, mas sem sucesso. O Flamengo entendeu que o rival queria encarar a equipe desfalcada, uma vez que o clube carioca tinha cedido seis jogadores para as seleções sul-americanas e não poderia entrar em campo com força máxima.