Derrota nos playoffs da MLS ameaça planos do Inter Miami de Lionel Messi

Por algum tempo, enquanto o debate Messi-Cristiano Ronaldo fervia em fóruns de redes sociais e em bares ao redor do mundo, o argentino era considerado um jogador que não conseguia brilhar em grandes momentos. Seu histórico em eliminações, de certa forma, sustentava esse argumento também. Messi não conquistou um grande troféu pela Argentina até os 34 anos, enquanto tinha que assistir constantemente de Catalunha e Paris o Real Madrid colecionando títulos da Champions quase anualmente. O camisa 10 não necessariamente desaparecia em grandes jogos, mas sua capacidade de carregar um time quando tudo estava em jogo precisava ser questionada.

Essa retórica desapareceu em grande parte - principalmente porque Messi agora ganhou tudo neste esporte, coroado por suas exibições majestosas durante o triunfo da Argentina na Copa do Mundo em 2022. Mas essas dificuldades em grandes jogos começaram a aparecer novamente recentemente. Messi foi péssimo durante o mata-mata da Copa América pela Argentina, marcando uma vez após a fase de grupos antes de assistir do banco depois de se lesionar, enquanto Lautaro Martínez garantiu o troféu para a Albiceleste. Nesta série contra o Atlanta United, sendo seu primeiro gosto de ação nos playoffs da MLS, o impacto de Messi também tem sido mínimo.

Ele pode ter assistido o crucial gol da vitória de Jordi Alba no primeiro jogo, mas seu passe de 10 metros para um jogador que costumava acertar com o dobro de distância dificilmente foi algum tipo de magia de Messi. Fora isso, ele tem lutado para desequilibrar. Claro, seus números de criação de chances e porcentagens de passes completados são tão admiráveis como sempre, mas aquele elemento crucial - fazer uma diferença no ataque - está faltando.

Com tudo isso dito, o Inter Miami pode realmente ser muito culpado por Brad Guzan ter se transformado em algo semelhante a Manuel Neuer em seu auge no primeiro jogo? O goleiro veterano, que foi ligado a uma saída de Atlanta no início do ano, teve a atuação de sua vida na derrota por 2 a 1, fazendo oito defesas e saindo constantemente de sua área para impedir contra-ataques. Os visitantes poderiam ter concedido três ou quatro gols se Guzan não tivesse ido muito bem.

Mas na segunda partida, Guzan não precisou mostrar tais heroísmos. Foi, de fato, sua falha que presenteou o Inter Miami com um gol. Sem sua tentativa de chute, que Redondo interceptou e virou em uma finalização sem goleiro, os Herons teriam terminado o jogo com apenas um chute a gol. Eles podem ter tido mais posse de bola e um total de gols esperados (xG) mais alto, mas os visitantes não ameaçaram realmente na Geórgia. Existe, de fato, uma diferença entre criar chances e ter boas oportunidades de gol. Limitar Messi e Suárez a um total combinado de duas "grandes chances" e apenas 17 toques na área adversária foi um bom esforço.

Fora das estatísticas, simplesmente não havia qualquer tipo de sensação de que o Inter Miami produziria no ataque. Alguns passes foram feitos muito tarde, enquanto outros não foram feitos de forma alguma. A linguagem corporal sugeria insatisfação, e Martino corroborou isso, dizendo: "Queríamos que tudo terminasse (sábado), mas estou satisfeito com a forma como jogaram, mas frustrado com o resultado."

A idade elevada de alguns jogadores deveria ser um problema para o Inter Miami nesta temporada. Afinal, colocar um Suárez de 37 anos com joelhos desgastados por quase duas décadas de carreira em um time que já carecia de ritmo parecia uma receita para o desastre. Mas, por longos períodos da campanha, Miami controlou os jogos. Não precisaram cobrir muito terreno porque, simplesmente, tinham mais a posse de bola do que seus adversários. Eles terminaram em quarto lugar na liga tanto em porcentagem de passes completados quanto em posse de bola, de acordo com FBRef. Em teoria, ter mais a bola do que o adversário - e retê-la melhor - significa que os veteranos deveriam ser capazes de continuar se movendo por mais tempo.

Mas o clube também tem o maior número de erros que levaram a gol na MLS. E em duas ocasiões distintas, uma na temporada regular e outra no sábado, jogaram direto nas mãos de Atlanta. Com seis minutos restantes, Tata Martino tirou o zagueiro Noah Allen, mudou para um 4-3-3 e pediu ao seu time para fechar a série cedo.

O gol da vitória dos donos da casa poderia ter sido previsto naquele momento. Com o Inter Miami espaçado, o Atlanta United aproveitou. A finalização de Xande Silva foi milagrosa, mas a oportunidade sempre ia surgir. Os Herons simplesmente não conseguem jogar em transição e o Atlanta sabia disso.

Não foi apenas no ataque que o Inter Miami ficou aquém, no entanto. A ausência de Sergio Busquets no segundo jogo sempre seria motivo de preocupação, já que o ex-jogador do Barça teve um papel crucial em várias posições para Martino nesta temporada. Ele pode estar envelhecendo, e esta pode ser uma liga diferente, mas Busquets ainda parece ser o perfeito regulador de ritmo.

O time pode ter apresentado duas formas sem Busquets, que perdeu o jogo de sábado por estar doente. Havia uma linha de pensamento de que sua ausência permitiria que os meio-campistas mais jovens e atléticos se movimentassem mais pelo centro do campo. Teoricamente, era um time que poderia pressionar mais alto, mover a bola mais rápido e surpreender o time da casa em contra-ataques. Em vez disso, tudo estava muito frenético. Martino optou por uma defesa com três zagueiros, com um pivô formado por Federico Redondo e Yannick Bright no meio, mas ambos foram superados em número e estratégia, com a configuração energética e controlada de três jogadores do Atlanta se mostrando demais para a jovem dupla.

Dax McCarty desempenhou perfeitamente a função de Busquets contra o Atlanta, oferecendo calma na base do meio-campo, enquanto Bartosz Slisz e Ajani Fortune circulavam à sua frente. O Inter Miami não perdeu muitos duelos, mas também não impôs sua autoridade. Bright fez apenas um passe certo no ataque, enquanto seu substituto Benjamin Cremaschi entrou mais avançado, mas também foi impreciso.

Então, o que exatamente Tata Martino pode fazer aqui? A lista de lesões do Inter Miami é preocupante, Suárez parece exausto, Messi não está rendendo e o status de Busquets para o jogo decisivo é, neste momento, desconhecido. Não há muito espaço para ajustes táticos ou inovações diretas para garantir que isso não termine em uma eliminação precoce nos playoffs.

No entanto, os Herons mostraram repetidamente que podem abraçar a adversidade ao longo da campanha. As coisas deveriam desmoronar quando Messi e Suárez foram para a Copa América e Busquets foi forçado a jogar como zagueiro. Em vez disso, o time venceu sete de oito jogos. E mesmo quando o craque argentino ficou fora com uma lesão no tornozelo, eles continuaram avançando.

Este é um time que ganhou o Supporters' Shield com relativa facilidade, quebrou o recorde de pontos da MLS e rotineiramente venceu as melhores equipes da liga. Sim, há falhas e razões para preocupação, mas estatisticamente falando, pelo menos, este é o melhor time que a MLS já viu, carregado pelo melhor jogador que o futebol já viu.

Isso realmente deveria ser suficiente. Mas, como os que acompanham a MLS sabem muito bem, um deslize e o inesperado podem rapidamente se tornar realidade.