Como o Barcelona se transformou no melhor time da Europa na atualidade

Pouco antes do clássico, o Barça estava se sentindo um pouco subestimado. Eles não estavam nem perto de estar tão divertidamente irritados quanto o Real Madrid por sua percebida falta de reconhecimento, mas Lamine Yamal admitiu que ele e seus companheiros de equipe sentiam que mereciam mais crédito pelo excelente começo de temporada.

Ninguém tinha certeza do que esperar do Barca após mais uma pré-temporada turbulenta, em que Xavi foi demitido nas circunstâncias mais desrespeitosas, antes que os problemas financeiros do clube catalão se tornassem novamente o impeditivo de sua atividade no mercado.

O Barça teve um início meteórico no Campeonato Espanhol, vencendo seus primeiros sete jogos e marcando 23 gols nesse caminho. No entanto, uma derrota por 4 a 2 contra o Osasuna, juntamente com uma derrota por 2 a 1 em sua partida de estreia na Champions League, contra o Mônaco, lançaram dúvidas sobre a verdadeira força do time.

Yamal apontou: "Disseram que estávamos vencendo apenas equipes 'normais'." Mas tudo mudou após uma sonora goleada sobre o Real Madrid.

Antes, pela Champions League, o Barcelona destruiu o Bayern de Munique no Estadi Olímpic Lluís Companys, com Raphinha marcando três gols e Robert Lewandowski balançando a rede contra seu ex-clube.

Um atordoado Vincent Kompany admitiu, posteriormente, que seu time simplesmente não conseguiu lidar com o incrível ataque do Barça. "Não quero ficar rodeando o assunto," disse o técnico do Bayern. "Não encontramos uma solução para os contra-ataques e o jogo individual dos três da frente."

A preparação para El Clásico foi dominada por conversas sobre como Ancelotti lidaria com Yamal, Lewandowski e Raphinha, enquanto, ao mesmo tempo, explorava a linha alta de Flick, que o ex-treinador do Bayern usa para pressionar os adversários dentro de seu próprio campo. O italiano se recusou a revelar detalhes à imprensa em sua coletiva pré-jogo, mas revelou, "Tenho algo em mente."

Independentemente do que era, não funcionou, com Ancelotti, Real Madrid e Kylian Mbappé sofrendo uma humilhante derrota por 4 a 0 em casa - com o francês sendo pego em posição de impedimento oito vezes no total, enquanto os anfitriões eram repetidamente pegos no contra-ataque por seus grandes rivais.

A ousada abordagem tática de Hansi Flick foi fundamental para a vitória retumbante do Barça, que lhe abriu vantagem de seis pontos à frente do Real Madrid após 11 rodadas do Campeonato Espanhol.

"É incrível ter a coragem de ter uma linha defensiva tão alta", o meio-campista Marc Casadó apontou. "Mas temos feito isso a temporada inteira e o trabalho defensivo deste time é espetacular. É incrível e, no momento, está funcionando para nós."

Não há como questionar essa afirmação particular, com o Barça tendo acabado de marcar oito gols contra dois dos times mais fortes da Europa enquanto concedeu apenas um.

Há, claro, um risco inerente envolvido em comprimir o campo a tal ponto que lacunas sempre ficam atrás da linha defensiva. O Barça, sem dúvida, vai acabar sendo pego nessa estratégia em alguns momentos. No entanto, Flick vê essa tática como uma aposta estudada, que já lhe trouxe resultados positivos antes no Bayern, com quem ganhou uma Tríplice Coroa graças, em parte, ao jogo intenso de pressão de sua equipe. Ele também sente que este time do Barça só vai melhorar, e por algumas razões.

Primeiramente, há o fato de que ele está trabalhando com este grupo há apenas três meses, período durante o qual também teve que lidar com uma crise de lesões. Imagine como o Barça poderia ser bom quando Flick tiver um elenco totalmente saudável de jogadores que sabem exatamente o que o técnico espera deles.

A margem para crescimento é enorme, particularmente quando se considera que a equipe titular do Barça no Bernabéu continha quatro jogadores de 21 anos (Alejandro Balde, Pedri, Casadó e Fermín López) e uma dupla de 17 anos (Yamal e Pau Cubarsí).

Cinco dos seis são frutos da base, enquanto Pedri foi contratado aos 16 anos, levando o ex-zagueiro do Barça, Gerard Piqué, a comentar após o clássico: "Somos únicos. Eles (Real Madrid) nunca poderão ser como nós. Com todos os jovens de La Masia. Que recital. Que orgulho!"

Claro, também é preciso manter os pés no chão. Como já vimos nesta temporada, o Barça não é invencível. Além disso, se a história recente nos ensinou algo, é que as temporadas estão se tornando cada vez mais longas e desafiadoras e, quando chega a hora decisiva, o Real Madrid de alguma forma sempre encontra um jeito de acabar no topo.

No entanto, os catalães merecem elogios. Eles têm alguns jovens jogadores fantásticos em todas as posições e um trio de ataque que impõe medo até mesmo às equipes mais fortes. De fato, é notório que Vincent Kompany não achou que a derrota de sua equipe por 4 a 1 para o Barça foi um resultado surpreendente.

Yamal também não ficou surpreso: "Nós provamos que podemos vencer qualquer um," ele disse. "Acreditamos que somos a melhor equipe do mundo." E, neste momento, eles provavelmente são.