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GFX Pelé, Cristiano Ronaldo MessiGOAL

Para Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, alcançar mil gols é tudo o que restou; para Pelé, foi o meio do caminho

Existem duas grandes expectativas envolvendo atualmente Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Conseguirão eles, os dois maiores craques do futebol no Século XXI, jogar a Copa do Mundo de 2026? Quando eles atingirão a marca dos mil gols marcados? A primeira pergunta é incerta, enquanto o segundo questionamento traz consigo uma quase-certeza: Messi e CR7 chegarão à milésima bola na rede – só falta mesmo acertar a data da festa.

É certeza, também, que o milésimo gol será o último grande ato deles enquanto jogadores. É praticamente o único feito que restou para as duas maiores máquinas de quebrar recordes do futebol moderno. Aos 37 anos, Messi dá claros sinais de queda pela seleção argentina e tudo indica que o título da Copa América conquistado agora em 2024, nos Estados Unidos, foi sua última grande taça com a Albiceleste – previsão que as próprias lágrimas do camisa 10, lesionado no banco de reservas após ser substituído na final contra a Colômbia, demonstraram.

Já Cristiano Ronaldo, 39 anos, insiste em lutar contra o invencível – a passagem do tempo. Há tempos já não consegue contribuir em alto nível para sua seleção, e às vezes até passa a impressão de que atrapalha o início de uma nova era do selecionado luso. Desde meados de 2022 até aqui, parece estar preso a um estado de negação sobre suas capacidades presentes. Os tempos em que as aspirações eram títulos nacionais de alto nível na Europa, levantar taça da Champions League ou até mesmo chegar em uma Copa do Mundo carregando a expectativa de ser protagonista de um título histórico ficaram para trás – para ambos.

  • Pelé gol 1000, Vasco x Santos, 19 11 1969Pictorial Parade/Archive Photos/Getty Images

    O maior da história entra na discussão

    Fazer mil gols não é para qualquer um. É raro até para quem possui listas pra lá de questionáveis, com jogos quase amadores e de mínima relevância encorpando a contagem total, como os casos de Romário e Túlio Maravilha. O único nome respeitado quando a discussão envolve o milésimo gol é o do maior jogador de futebol de todos os tempos: Pelé. Enquanto Messi e CR7 seguirem nesta contagem regressiva, o nome do Rei voltará à pauta para efeito de comparação.

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  • CR7 muda de postura

    Inclusive, já aconteceu em conversa de Cristiano Ronaldo com Rio Ferdinand em seu canal de YouTube. Na ocasião, o atacante português abandonou a humildade e reverência com a qual sempre tratou o Rei para afirmar, usando deboche em busca de autopromoção: "Quero chegar aos mil gols. É a maior marca que posso atingir no futebol, meu desafio é chegar lá (..) Com uma diferença: todos os gols que marquei têm vídeos. Então posso provar".

    A ironia de CR7 é pelo fato de Pelé ter feito seus mais de 1280 gols em uma época em que a televisão acabava de ser lançada, onde a maior parte dos registros e das narrativas eram feitos e feitas através do rádio e do papel. Em um contexto diferente do atual, com regras diferentes das atuais e em torneios diferentes dos atuais.

    Dezenas dos gols marcados por Pelé foram em excursões mundo afora, prática que atualmente não entra na prateleira dos “gols oficiais pela FIFA™”, mas cujo peso naquele momento da história era gigantesco – e que ajudou, dentre outras coisas, a expandir o nome de Pelé e Santos a um status lendário. Além disso, aquele que é considerado o seu gol mais impressionante, contra o Juventus da Mooca na Rua Javari, em 1959, não teve registro em vídeo. Cada tempo tem sua realidade, e é preciso levar isso em consideração na hora de falar sobre todos os tempos.

  • Lionel Messi Cristiano Ronaldo Inter Miami Al-Nassr showdownGOAL

    O fim e o meio do caminho

    Os feitos de Pelé ainda são inatingíveis. Vamos pelo básico: três títulos de Copa do Mundo (e ainda que fossem dois, diminuindo sua participação em 1962 por causa da lesão que o tirou do torneio), inúmeros outros títulos, status inigualável de estrela global quando internet não passava de um sonho e, claro, mais de mil gols.

    Pelé era tão absurdo, tão diferente dos demais, que marcou seu milésimo gol em novembro de 1969, quando ainda disputava os principais campeonatos pelo Santos e quando ainda era o grande nome da seleção brasileira – apesar de, ali, a aposentadoria da Canarinho já lhe perpassar o pensamento. O Brasil sequer havia conquistado o tricampeonato mundial, título que acabou marcando o apogeu do maior jogador da história.

    Foi só depois de tudo isso que o Rei resolveu se aposentar da seleção brasileira, mesmo em meio a súplicas para disputar a Copa do Mundo de 1974. Foi apenas depois, em 1975, seis anos após ter marcado o seu milésimo gol (contra o Vasco, em um Maracanã lotado pelo Brasileirão daquela época) que Pelé foi jogar nos Estados Unidos, já naquele ritmo de pré-aposentadoria.

    Desde 2023, Messi joga no Inter Miami, dos Estados Unidos, e Cristiano Ronaldo veste a camisa do Al Nassr, da Arábia Saudita. Já naquele ritmo de pré-aposentadoria. E é neste cenário que os dois maiores craques deste século buscam o milésimo gol: no final de suas carreiras. Para Pelé, a marca estava ali no meio do caminho de seu ápice. O Rei é quem se senta na cabeceira da mesa – os outros gigantes, como não poderia ser diferente, é quem tentam arranjar um lugar próximo de Sua Majestade.

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