Durante o programa “Fala Muito”, apresentado por Lucas Guitierrez no canal SporTV, o convidado da entrevista exclusiva desta terça-feira (26) foi Tinga, ex-jogador de grandes clubes brasileiros como Grêmio, Internacional e Cruzeiro, onde atua como dirigente desde 2016. O gaúcho foi convidado a falar sobre o tema racismo, e relembrou os ataques que sofreu durante sua carreira de jogador.
“Iguais nós não somos. Ninguém é igual a ninguém. Temos que aceitar que somos diferentes fisicamente, com oportunidades diferentes. Eu sempre briguei pelo que acho que são os meus direitos tanto como pessoa quanto como cidadão, e de tentar influenciar as pessoas através do trabalho, das oportunidades que não são iguais. E assim vamos vencendo”, começou dizendo o ex-jogador.

O apresentador fez um comentário sobre a fala de de Tinga relembrando o slogan criado pela CBF com a frase "somos iguais", criado justamente após um episódio racista sofrido pelo dirigente da Raposa.
“Eu penso assim: quem é que está falando que somos todos iguais? Se é o branco falando que somos iguais, me parece que estamos camuflando as diferenças, que é só um discurso superficial e que só vamos começar a falar de racismo quando surgir um caso específico. A gente não fala da falta de técnicos, falta de dirigentes negros, da falta de negros no jornalismo esportivo, por exemplo”, disse Guitierrez.
Tinga foi vítima de um ato racista em 2014 na partida do Cruzeiro contra o Real Garcilaso-PER, em Huancayo, pela Copa Libertadores. Na época, o ex-jogador deu a seguinte declaração em entrevista pós-jogo: “Eu trocaria todos os meus títulos por uma igualdade em todos os lugares, todas as áreas, todas as classes”.
Naquela partida, Tinga entrou em campo no segundo tempo para substituir Ricardo Goulart, e torcedores peruanos começaram a imitar macacos toda vez que o jogador tocava a bola.
“Dizer que somos iguais não tem como. Que é notório, é. Lógico que hoje nós temos uma representatividade bem maior do que há dez anos atrás. Eu quis trabalhar como dirigente até para não ficar só falando disso e fazer nada a respeito”, acrescentou Tinga.
“O primeiro clube que me chamou para conversar, e eu não trabalhei neste clube, o presidente na época conversou comigo e disse que tinha gostado da nossa entrevista mas disse: ‘seria melhor se você cortasse esse cabelo’. E eu responde: ‘mas você quer cuidar do meu cabelo ou quer saber do meu trabalho? ‘. Por isso tenho como referência o Pelé, que fez muito pelos brasileiros, o que poucas pessoas fizeram, abrindo portas para muita gente”, concluiu.


